Capítulo 5

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"Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores."

Willian Shakespeare

A mãe de Sabrina vem buscá-la cedo para um jantar e acabo de voltar ao quarto quando chega uma notificação em meu celular. Assim que me deito na cama, vejo que a notificação é do Instagram, a escola inteira já sabe que eu vou ao baile com o Rodrigo. Há comentários nada bons e outros (como o das garotas nada populares) que estão muito felizes, por uma garota como eu ser convidada pelo "cara mais lindo de todos os tempos". Palavras delas, não minhas.

Desligo o celular e resolvo ler o roteiro da peça. A professora disse-me que já que eu não gostaria de apresentar, pelo menos ficasse com um papel menos chamativo. Nas palavras dela "Eu tenho muito talento e deveria investir na carreira de atriz".

Minhas falas não são muitas e nem compridas. Afinal, sou a Rosalina, prima de Julieta. Porém quero dar o meu melhor.

O fim de semana ocorreu bem, de certa forma evitei ao máximo olhar o celular. Já que depois da grande notícia do ano em minha escola, o Rodrigo não iria ao baile com Elisabeth, mas sim, comigo.

Achei bem estranho, afinal eles sempre iam juntos. Mas ele deve ter percebido o quanto se tornou babaca ou lembrou-se de quando éramos pequenos. Parecíamos irmãos, andávamos sempre juntos e sempre passávamos a tarde na casa um do outro.

Ele morava bem perto de mim, há duas quadras. Nosso bairro não era o melhor, mas era muito bom. Porém, quando seu pai ganhou o tal prêmio numa aposta, insistiu que o filho não andasse com os antigos amigos e achou melhor que se mudassem para o Dépaysement, condomínio no bairro mais rico da cidade, que nas palavras do pai dele amizades importantes o ajudariam a construir um futuro incrível.

Checo a caixa de mensagens no celular mais uma vez, depois que o pessoal da escola descobriu meu par para o baile, não me deixam quieta. Estou farta de perguntas "Como? Quando? Onde? E até por quê?", mas uma dúvida que me atordoa a todo instante é resolvo seguir o conselho de Sabrina ou não?

Por fim, não me contenho e envio uma mensagem para o Rodrigo: Você quer ir à cafeteria comigo hoje à tarde? =)

Depois que a envio, noto que ficou muito clichê e essa carinha no final? Eu devia estar louca para mandar isso! E cafeteria? Quem chama alguém para ir à uma cafeteria.

Em menos de um minuto chega uma notificação, pego o celular instantaneamente. Droga, não é dele. Tudo bem, calma Jade. As coisas não estão tão ruins, o máximo que você pode levar é um não. Se bem que um não para ir tomar um café de quem já vai comigo ao baile, não me parece muito ruim...

O celular toca de novo e eu pulo para pegá-lo. É uma mensagem do Rodrigo: Claro que eu quero, mas eu pago viu. Pego você às 17 horas, pode ser?

Checo o relógio, são 16:11, tenho menos de uma hora para me arrumar... Digito rapidamente as palavras: Ok, mas só dessa vez você paga...

Acho cavalheirismo muito romântico, mas não quero parecer interesseira, afinal, eu não sou! Acho super justo casais que dividem a conta ou intercalam a vez de pagar.

Em menos de 30 minutos estou pronta, opto por um moletom e tênis. Hoje está frio e pode garoar a qualquer momento. Aviso mamãe que irei sair, ela não faz muitas perguntas, já que sabe que irei ao baile com Rodrigo. E quem não sabe? Mas diz para eu não demorar, assinto e vou para a varanda esperar.

Às 17 horas um carro preto para em frente à minha casa e o vidro traseiro abre:

-Vi que você não se atrasa mais, qual o milagre da vez?

Com amor, Romeu.Onde histórias criam vida. Descubra agora