Passo os dedos em meus lábios e sorrio bobamente, já havia levado Luk para o trabalho e agora estava em casa, Estou desde ontem tentando fazer alguma coisa que não fosse lembrar do beijo que trocamos e em todas as vezes, falhei miseravelmente.
Foi engraçado como tudo aconteceu naturalmente, não houve clima estranho depois daquilo, rimos, conversamos e fomos cada um para o seu aposento dormir. Hoje pela manhã, trocávamos alguns olhares e sorrisos cumplices, mesmo tendo apenas nós dois aqui.
Percebi que ele fez questão de me dar espaço, não repetindo o ato, mesmo eu não tendo demonstrado ter ficado chateada, e estou grata por isso, pois mesmo tendo gostado do nosso momento, eu fiquei confusa, tive a nítida percepção que aquilo era um desejo dele de muito tempo, e não posso negar que fico lisonjeada com tal coisa, mas eu o enxergo como amigo...
Não é?
Eu não fazia ideia de que eu poderia gostar tanto de beijá-lo, mas ainda sinto o formigamento nos meus lábios quando relembro da cena. Será que era isso que eu queria também? Está certo que eu o acho lindo e nunca neguei como ele consegue ser atraente, no entanto, eu não sei se sinto algum sentimento que fuja da amizade...
Então, por que estou tão feliz com esse beijo?
Decido não ficar me questionando muito, não quero estragar a felicidade e paz que inundam o meu peito. Me levanto, pego um dos livros que consegui trazer da biblioteca e vou para o bosque, indo em direção ao meu refúgio. Desde que o Luk chegou, devo ter ido apenas umas três vezes lá, e percebo que estou com saudades de ouvir o canto dos pássaros.
Me sento no amontoado de folhas e aprecio tudo o que o ambiente ali me promove, os sons de farfalhar das folhas balançando ao vento, o cantar de alguns pássaros, o cheiro de terra úmida... Me delicio com a sensação de tranquilidade que tudo isso me traz, este certamente consegue ser facilmente o meu lugar favorito no mundo! Abro o livro e começo a minha leitura.
— Vô, o que são estes desenhos? — pergunto mostrando os pequenos cubos com símbolos estranhos.
— Onde pegou isso, Ayla? — meu avô os tira da minha mão. — Você não deve mexer nessas coisas, entendeu bem? Isso é coisa de adulto.
Fico sentida e meus olhos começam a se encher de lágrimas.
— Desculpa, eu só achei bonitinho, estavam lá na sala dos livros...
Dirigindo seu olhar para mim, sua postura muda, ele me pega no colo e limpa as lágrimas do meu rosto.
— Não precisa chorar, minha luz! Eu só briguei com você porque isso é uma coisa que não deve passar pelas suas mãos agora, pode ser perigoso.
— Quando eu for adulta vou poder brincar com elas? — digo me referindo as pedras.
— Não são brinquedos. — ri. — Mas sim, se for de seu desejo, eu posso te ensinar a usá-las, mas só quando for crescida!
— Mas eu já sou crescida! Tenho sete anos! — faço um bico que ele aperta, me fazendo rir.
— Tem que ser mais crescida ainda! — diz enquanto faz carinho em meu cabelo. — Mas quer saber de uma coisa? —assinto, curiosa. — Não tenha pressa para crescer, aproveite bastante enquanto está deste tamanho! — não entendo bem suas palavras, ele me abraça apertado, colocando-me de volta no chão. — Agora vá brincar lá fora, vou guardar isso e irei te acompanhar!
Animada, saio correndo em direção ao quintal.
Acordo sobressaltada, que horas eram? Não lembro em que momento eu caí no sono; o livro está em meu colo, aberto e eu sinto as dores musculares resultantes da má posição do meu cochilo. Me levanto tentando me esticar ao máximo e volto para casa. Aquilo não foi um sonho... Sorrio ao lembrar das brincadeiras que eu tinha com o meu avô, mas o que eram aquelas pedras desenhadas? Os símbolos não me são estranhos...
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Fique Ao Meu Lado
Teen FictionAyla mora em um pacato vilarejo do interior, com sua mãe, extremamente abusiva, o que a faz ser presa em sua zona de conforto, até o dia em que ela encontra um jovem desmaiado na floresta, e decide ajudá-lo. Este homem é Lucian, que após acordar, s...