Capítulo 19

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Já são quase duas da manhã, me reviro de um lado para o outro na cama, ainda pensando na revelação de Luk.

Será que essa pessoa não vai parar de me surpreender?

Primeiro descubro que ele é um anjo, depois que se apaixonou por mim e por isso decidiu "cair"... O que vai ser na próxima?

Ouvir de sua boca os seus sentimentos por mim, me incomodou muito. Não só por entender que ele estava omitindo mais coisas, mas por perceber que eu gosto dele, e com essa informação, o medo de revelar isso, para no final me machucar ou ficar sem a sua presença, me assombra.

Suspirando e me levanto, decidindo tentar clarear as ideias, quem sabe até consigo conversar com o moreno, já que depois de o ouvir confessar aquilo, vim para o meu quarto, o deixando sozinho. Mas agora mais calma, vejo que minha atitude pode tê-lo machucado, e não é isso que eu quero.

Devagar, saio de casa e vou até o estabulo, notando no caminho que o carro da minha mãe está ali, indicando que ela chegou do plantão.

A grama úmida faz cócegas nas laterais dos meus pés, enquanto o sereno deixa a paisagem embaçada, tirando as corujas e os insetos noturnos, tudo está completamente silencioso.

Dou uma leve batida da porta do estábulo, sabendo que geralmente Luk ainda está acordado a essa hora, sem ter nenhuma resposta, empurro o portão colocando meu rosto para dentro e forçando a minha visão para enxergar algo no breu.

— Luk? — sussurro, mas não tenho nenhuma resposta.

Entro e pego a lanterna que havia deixado ali para ele, a acendo e rodeio o ambiente com o foco de luz, percebendo que o mesmo não se encontra.

Saio dali e encaro o bosque, a noite a trilha sempre parece desafiadora... Mas sei que quem eu procuro só pode estar ali.

Caminho em passos largos para dentro do bosque, focando a luz da lanterna no chão da trilha para não acabar caindo, o canto das corujas junto com o farfalhar de asas dos pássaros noturnos dão um ar um pouco sinistro para a situação, ouço um barulho e assustada, levanto a lanterna, encontrando Luk tampando os olhos com a mão.

— O que faz aqui? — pergunta. — Está de noite, é perigoso!

— Digo o mesmo para você! Não deveria sair desse jeito! — chego mais perto.

— Eu só queria ficar um pouco sozinho. — o tom duro dele me faz perceber que realmente o machuquei... Pudera, também o deixei falando sozinho depois do coitado dizer que é apaixonado por mim!

— Luk, eu... — de repente as palavras voltam a fugir, o que eu poderia falar?

— Não precisa dizer nada, Ayla. Está tudo bem. — ele diz enquanto bagunça o meu cabelo, mas sinto a mentira em sua voz.

— Então por que você me parece tão frustrado?

— Porque eu não queria te dizer aquilo assim! 

— Então quando iria me dizer? —aquilo me fez sentir um pouco de ressentimento. Quantos segredos ainda  vou ter que descobrir?

— Quando eu tivesse a certeza de que isso seria recíproco. E já adianto, por favor, não se sinta obrigada a sentir algo por mim apenas pelo o que você ouviu. Se for para ficarmos juntos do jeito que eu pretendia, quero que seja natural, que se apaixone por mim, e não por achar que "deve" ficar comigo ou coisa assim.

Meu coração se aperta ao ouvir isso, então ele realmente acha que eu não sinto algo? Por mais difícil que seja admitir, eu gosto dele, não só como amigo.

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