Por SamuelAcordei com o barulho que vinha de dentro do quarto, e olhei em redor, tentando perceber onde eu estava e como é que eu fui parar aí. Pessoas deitadas numa cama, outras do lado das pessoas que estão deitadas numa cama e aí eu percebi que estava num hospital. Não sabia como e nem porquê que fui parar aí, a única coisa que me lembro é que eu estava na final, essa parte do hospital não estava nos planos.
Por sorte ou infelicidade, os hospitais públicos de cá têm sempre 3 à 4 pacientes, e às vezes mais até. Porquê da sorte? Assim você não se sente sozinho fechado num quarto que poderá ser a tua última morada em vida. A infelicidade? O barulho dos outros pacientes e dos seus familiares.
Enquanto eu observava os meus colegas de quarto, um médico entrou e atrás vinha meus pais.
- Pai, mamã. O quê que eu faço aqui? Eu devia estar na final agora. - disse pra os dois que sentaram ao meu lado.
- Boa tarde Samuel. Sou o doutor André e estou a cuidar de ti.
- Cuidar de mim? O quê que eu tenho? - perguntei totalmente confuso.
- Tu estás com apendicite aguda - e assim que ele disse esse nome o meu coração bateu muito rápido e a minha mãe ao meu lado não conseguiu disfarçar o pequeno choro.
Eu sei que qualquer palavra que vem acompanhada de " aguda " não significa boa coisa. Então eu fiquei preocupado.
- O quê isso? Nunca ouvi falar disso. E como é que eu apanhei?
E aí ele me explicou que doença era aquela, e enquanto ele falava eu pensava em como ninguém sabe como é que vais acordar no dia seguinte, que de repente podes acordar com uma doença que entra a palavra aguda, ninguém sabe como será o dia seguinte. Eu acordei com uma simples dor pensando que era só uma dor de barriga e agora...
- Tu contraiste isso através de uma infeção com a gastrointestinal causada por um vírus.
E na verdade eu estava mais interessado em saber outra coisa.
- Doutor só me diz se isso tem cura.
- Bem, como eu estava a conversar com os seus pais lá fora, ela tem cura. Basta fazer uma operação para retirar o apêndice inflamado, e como nós não temos essa capacidade então... eu sugeri que fosses pra Inglaterra, há um amigo meu lá que pode fazer essa operação.
- Inglaterra?
- Filho não se preocupa, nós vamos começar a fazer de tudo pra conseguir pra ires.
- Pra eu ir? Eu vou sozinho? Nem sai de Luanda se eu já sai pai.
- Nós não vamos conseguir dinheiro pra mais uma pessoa, então terás de ir sozinho.
- Doutor eu sei que não vamos conseguir agora o dinheiro, o que será de mim enquanto espero?
- Nós te daremos algumas medicações que farão a dor retardar. Mas os teus pais precisam ser rápidos pra não se tornar crônica.
Ta aí outra palavra que não soa boa coisa. Estou com tanto medo.
O doutor saiu do quarto e me deixou sozinho com meus pais.
- Não se preocupa filho, já liguei pra algumas pessoas que me farão alguns empréstimos.
- Mas pai é muito dinheiro...
- Samuel o importante é a tua saúde, nós podemos pagar depois esses empréstimos - disse o meu pai.
- Eu vou falar com alguns irmãos na igreja, não podemos deixar que isso se torne crônica - disse a minha mãe.
E depois entrou Alberto e as minhas irmãs no quarto, todos com uma cara de tristeza... ou pena. Isso é algo que eu nunca gostei que sintam por mim.
- Você vai ficar bem mano - disse Alberto - vamos fazer de tudo pra tu fazeres a operação e ficar logo bem.
- Obrigado Alberto. Nem sei como é que eu apanhei isso.
- Andas atoa - disse uma de minhas irmãs que me fez sorrir um pouco, apesar da minha aflição naquele momento.
E poucos minutos depois entravam e saíam pessoas que iam ver como é que eu estou, até mesmo Isabel, minha paixoneta do bairro.
- Como é que estás? Fiquei muito preocupada.
- Estou bem, só com algumas dores ainda. Mas é de leve.
- As tuas irmãs já me disseram sobre a operação.
- Eu vou ficar bem, não se preocupa - tentei me fazer de forte - essas doenças não é pra nós do gueto. - e ela sorriu. E que sorriso.
- Não morre ainda ya? Ainda quero casar contigo- ela disse e eu fiquei do tipo " xe, ficar doente tem as suas vantagens. A baby tá falar até em casamento?"
- Ahaha. Isso quer dizer que és mesmo minha panca?
- Horário de visitas terminou - gritou uma senhora da porta do quarto.
Logo agora que eu estava a lhe entrar na mente. Essa tia também.- Tchau Samuel, fica bem - ela disse levantando e indo pra fora do quarto.
E lá estava eu, deitado numa cama de hospital que já estava rodeada de muito Compal e yogurte Mimosa.
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Oi pessoal. Desculpem a minha demora em postar capítulos novos, vou fazer os possíveis de ser mais frequente em postar.
Garanto-vos que vocês vão gostar muito dessa história, então fiquem aí que ainda vem muita coisa boa ☺️😘Não esqueçam dos votos 👇🏽 e até o próximo capítulo.
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Em Busca do Sonho
Short StoryEu tenho um sonho: Ser jogador de futebol. Mas isso é interrompido após eu cair desanimado num jogo e ser detetada uma doença que só pode ser tratada na Inglaterra. Meus pais são pobres e humildes, por isso fizeram muitas dívidas e empréstimos para...