Eu e Ele

18

Isabela

Depois do trabalho, vou ver meu pai em um café que ele marcou.

Quando chego, ele já está sentado, esperando.

- Eu pedi cheesecake e café gelado para você - ele diz.

Olho para a comida, mas não a toco. 

- Está ótimo - digo - Obrigada.

Ele suspira e cruza os braços. E me encara com a testa franzida, sinal de que ele está preocupado. 

- Pode falar - eu digo - Eu sei que você quer falar.

- Isso é loucura - ele diz - No minuto que você sai de casa isso acontece...

- Não foi intencional - me defendo - Aconteceu.

Dou de ombros, não há muito o que falar.

- Você está envolvida em um grande caso, nem eu sei todas as informações. 

- Mas o que você sabe? - pergunto curiosa - Ele é realmente um agente?

- Sim - ele confirma - Ele se infiltrou há 2 anos, o que bate com a história que ele contou a você, mas o que me deixa curioso é, como ele fez isso? Ninguém da família Barone conhecia o verdadeiro Fred?

Me lembro de todos os detalhes das conversas que eu tive com Fred e Milena, e as peças se encaixam aos poucos.

- A irmã - digo ao meu pai.

Ele me olha confuso.

- A irmã de Fred, Milena Barone é a única da família que viu o verdadeiro irmão recentemente, ela confirmou a história dele.

- Mas por quê? 

Enrico - penso. Ela faria qualquer coisa pelo irmão mais novo.

- Para proteger o irmão - opino - Pelo pouco que conheci dela, ela não quer que o irmão tenha essa vida, ela faria qualquer coisa por ele, até mesmo trair o pai.

Meu pai parece frustrado.

- Você deve sair do país, eu falei com um colega de trabalho...

- O quê? - interrompo ele - Não.

- Por que não?

- Eu tenho ficar - insisto.

- Sua vida corre perigo.

- É minha escolha - rebato.

- Isabela - meu pai me olha angustiado, eu posso ver medo e preocupação estampados em sua expressão - Eu não posso perder você também.

Suspiro, eu odeio quando ele se refere a mamãe.

- Pai... - começo.

Ele levanta a mão me parando.

- Perder sua mãe foi o dia mais difícil da minha vida, saber que eu falhei com ela...

Balanço a cabeça negando.

- Eu prometi a mim e a ela, que nada iria te prejudicar.

- Pai - sussurro - Eu te amo, eu amo a mamãe, mas... é a minha escolha, eu quero continuar fingindo esse noivado, eu quero ajudar Fred.

- Por quê? Por que arriscar sua vida por um desconhecido?

- Porque ele fez o mesmo por mim - digo.

E porque eu gosto dele - penso.

Eu seguro a mão dele e aperto.

- Me ligue se qualquer coisa acontecer... eu irei correndo até você imediatamente.