Capítulo 3

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Os dias passaram tão rápido. Elisa me ligava todos os dias, até Fabrício que é mais calado e ausente, me mandou algumas mensagens. Ver a empolgação dos meus filhos em recepcionar o pai depois de tantos meses distante, estava me contagiando. Preparar o jantar para a chegada do Leo estava ocupando meu tempo e isso até que foi bem vindo. A escolha do cardápio, ir ao mercado com a Jô, os telefonemas e mensagens dos meus filhos, compras no shopping e todo o resto que envolvia essa recepção.

Faria como minha filha sugeriu, iria ao salão cuidar da pele, dos cabelos e das unhas, aproveitar e colocar a depilação em dia, se tudo desse certo nossa noite seria maravilhosa, e eu queria estar maravilhosa para meu marido.

Raquel, minha cabeleireira, já estava finalizando meus cachos dourados quando meu telefone tocou e o rosto de Lisa brilhou na tela.

— Oi meu amor, como está? – Disse atendendo o telefone. Raquel resmungou algo como "até parece que tem três anos", mas não me importei. Nem com a frase, nem com a risada abafada.

— Bem, mãe. Onde a senhora está? Eu e Binho já chegamos.

— Ah, que bom que já chegaram. – Fiquei aliviada, sempre que meus filhos pegavam a estrada eu ficava com medo de que algo acontecesse. – Raquel já está terminando, daqui a pouco estou em casa.

— Tá bom, não demora. Beijo!

— Deixa eu falar com o Fabrício. Não ouço a vós do meu filho há tanto tempo. – Ouvi a risada dela e logo a voz do meu mais velho encheu meus ouvidos. Que sensação maravilhosa.

— Mãe!

— Filho! Tanta saudade de você. Por que não liga pra mamãe? – Raquel riu outra vez.

— Ah mãe, desculpa, vai. É que tem coisa pra caralho da faculdade...

— Fabrício! – O repreendi.

— Foi mal, mãe. São muitos trabalhos e também os caras, sabe como é.

— Sei quem são "os caras", aí esquece da sua mãe. Filho, tem que lembrar mais da sua mãe. Cinco minutinhos uma vez por semana não vai te atrasar na faculdade e nem com "os caras". – E Raquel continuava sua diversão de rir da minha cara.

— Tá bom, mãe. Eu vou melhorar.

— Tudo pronto, Rebeca! – Raquel se lembrou de como completar palavras, porque há segundos só existia o "ri-ri-ri".

— Espero que sim, Binho. Agora vou desligar que a Raquel já terminou meu cabelo.

— Tá bom, mãe. – Quando eu ia mandar um beijinho o outro já tinha desligado. Raquel ficou rindo da minha cara, acho que esse tinha se tornado o hobby favorito da minha antiga cabeleireira.

— Sabe, Rebeca, seus filhos cresceram, você precisa entender isso.

— É claro que entendo isso, Raquel, deixa de bobagem. – Abri minha carteira tirando o cartão.

— Acho que não. Você fala com eles como se tivessem cinco e três anos, e não como um rapaz de vinte e quatro e uma moça de vinte e dois. – Ela pegou o cartão e o colocou na máquina.

— São meus bebês, acho que você entende isso.

— É claro que entendo. – Ela me entregou a máquina para colocar a senha. – Mas você precisa trata-los como adultos, principalmente o garoto, ele vai continuar fugindo de você. – Torci o nariz diante das palavras dela, Raquel não era uma amiga, mas a conhecia há muitos anos, desde que meus filhos eram pequenos. Ela poderia estar certa.

— Odeio dizer, mas acho que está certa. – Peguei o cartão que ela me entregava e guardei em minha carteira.

— É claro que tenho. – Ela sorriu amigável. – Agora vá logo e arrase com o maridão.

Nem tudo são joias (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora