Waiting room

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Essa reunião de família
Eu me senti tão desconfortável que eu saí
Todo mundo resolveu ficar
Então sou só eu e meus erros
Rex Orange County

Quando Cole chegou no lugar que nem ele considerava sua casa, pois vive mais tempo no internato do que ali, afinal. Ele se joga em sua cama, amassando e desarrumando a coberta que estava perfeitamente posta na mesma. Sem cumprimentos, sem contatos visuais. Ele só queria estar no seu próprio mundo, mas mesmo estando em seu quarto ele se sentia deslocado. Aquele lugar não pertencia a ele.

O loiro colocou seus fones de ouvido e clicou em alguma playlist de música qualquer, afim de afastar qualquer pensamento. Porém sua paz durou pouco quando ele ouve a porta se abrir —, mesmo que estivesse com os fones.

— So soube que você estava aqui pelo motorista que te trouxe, nem cumprimentar a sua mãe você está mais?.
O homem com alguns cabelos grisalhos fala com um tom de desaprovação.

Cole estava ouvindo o mais velho, pois a música de seus fones estava baixa. Mas ele preferiu simplesmente o ignorar e fingir que não estava escutando. O que fez Matthew —,seu pai—, ficar enraivecido e rapidamente andar em direção ao garoto e retirar os seus fones com nenhuma delicadeza.

— Está me ouvindo?!.
O Sprouse mais velho pergunta em um tom alto.

— Eu não vi ela quando cheguei.
Cole murmura, se segurando para não revirar os olhos diante a cena de seu pai. Francamente, ele é tão dramático que faz Sprouse querer vomitar.

Que seja, se troque e desça logo. O jantar está quase pronto!.
Matthew diz, e apesar de não estar alterado ele fecha a porta com força quando sai do quarto, causando assim um estrondo.

— Tsc. É bom te ver também, pai.
O menino solta assim que está sozinho novamente.

Ele volta seus fones as suas orelhas, e dessa vez certifica-se que a música esteja alta o suficiente para não conseguir ouvir nada ao seu redor.

{...}

Cole se senta sobre a mesa com uma cara nada agradável, ele vestia uma camisa de botões branca e uma calça caramelo com alças pretas, ele não estava feliz com seu visual mas era a coisa mais confortável que tinha em seu armário, o resto era preenchido por smokings e coletes, o que definitivamente não combinavam nem um pouco com a personalidade do garoto. Seu cabelo loiro ainda estava úmido e havia sido penteado, dando-lhe um toque sofisticado apesar dessa não ser a intenção de Sprouse.

A mesa posta com uma toalha branca com detalhes em beje e dourado, estava turbinada com bandejas e bandejas das mais variadas comidas, algumas Cole nunca havia nem experimentado. Outra coisa que irritava o loiro era o exagero de seus pais na hora de qualquer refeição. Ele não achava necessário fazer os cozinheiros trabalharem tanto para no final a família nem comer metade do que lhe foi posto.

Na mesa só estavam Matthew, Melanie e Cole. O garoto serve em seu prato risoto de camarão e como de costume joga uma boa quantia de queijo ralado por cima, ele escolhe entre a água ou o suco de laranja para encher seu copo, no final ele acaba optando pelo suco.

O menino enche seu garfo e o leva até a boca, rezando para que a mesa continuasse em silêncio como estava naquele momento, somente com os ruídos de talheres batendo no prato.
Mas como já era previsto pelo garoto, o silêncio não durou por muito tempo.

— Como está na escola, filho?
Melanie pergunta.

Cole termina de mastigar e estava pronto para responder sua mãe, mas se interrompe quando ouve a risada de seu pai, o som digno de filme de terror preenche a sala de jantar.

— Aquilo não é uma escola, Melanie. É uma creche!.
O mais velho fala achando graça.

— Oh, não diga assim. Nosso filho estuda lá...
Melanie diz com seu tom calmo e gracioso de sempre.

— Exatamente por isso, querida. Nosso filho só está lá porque é uma criança mimada que nós não conseguimos controlar.
Matthew fala com um sorriso sínico estampado em seus lábios.

Cole estava com a cabeça baixa e se controlava apertando os talheres em suas mãos.

Apesar de estar com raiva, na cabeça de Cole seu pai não estava errado, ele realmente era uma criança mimada, o loiro já passou por inúmeros colégios, sendo expulso de todos eles por conta de sua rebeldia. O internato era a última opção, se ele fosse expulso desta vez seu pai jurou que o colocaria em uma escola militar na Rússia.

Mas nem sempre foi assim, ele e seu pai tinham um relacionamento saudável antes, antes que Cole o decepcionasse.

  — Por que você não pode ser que nem Dylan?.
Seu pai fala agora com olhar direcionado exclusivamente para ele, não para sua mãe como antes.

Isso foi a gota d'água.
Cole odiava ser tão comparado com o irmão, ele já sabia que era uma completa decepção mais o que mais doía é que tudo o que ele não consegue ser é o que seu irmão é. Dylan sempre foi mais esforçado e melhor que Cole, e isso era um fato. As vezes Cole achava que até seus pais gostavam mais dele, mas ele não os culpava, eles estão certo afinal.

— Matthew! Não fale assim na hora do jantar!.
Melanie se manifesta.

Sua mãe não gostava da forma que o pai o tratará, mas o que Cole percebeu era que ela nunca discordava de nenhuma palavra dita por ele. Talvez ela pensasse o mesmo.

Sprouse ainda está quieto e de cabeça baixa ele empurra comida para seu estômago, já havia perdido o apetite e estava imerso em seus pensamentos. Agradeceu aos céus por Dylan estar estudando em algum quartel mais renomado da Alemanha naquele exato momento, e não estar lá presente para ver sua humilhação.

  O garoto percebeu quando seus olhos se encheram de lágrimas e fez o máximo esforço para segura-las, ele não poderia chorar, não ali. Fungou e bebeu um gole generoso de seu suco antes de dizer.

— Tenho que ligar para um amigo.
Ele falou engolindo em seco, ainda se controlando.

Na última vez que chorou na frente de seu pai ele tinha 12 anos, e tomou um tapa em seu rosto junto à uma advertência, "homens não choram". Dês de então passou a se ridicularizar todas as vezes que sentia as lágrimas molharem seu rosto.

O loiro se levantou e deixou a mesa apressadamente, enquanto andava pegou seu celular de seu bolso e repassa a lista de contatos com os dedos. Ele só queria sair logo daquela casa.

Se sentou na calça em frente à "sua casa" e constatou que a maioria de seus amigos ou estavam em festas ou com sua família. Não se lembrará de nenhum que tenha ficado na escola a não ser...

Ele apertou apressadamente o contato salvo, a chamada tocou e logo foi atendida.

Olá?.
A voz feminina falou.

Lili, venha me buscar.

...

Se prestarem atenção, as letras das músicas completam o capítulo (pelo menos na minha cabeça ksksks)

Até o próximo

𝖀𝖓𝖙𝖎𝖙𝖑𝖊𝖉 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora