18- BÔNUS AMÉLIA PART III

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Depois daquela noite, Lucien me deixou em casa, e, como sempre, Nicholas veio me visitar naquele mesmo dia. Estávamos no jardim, enquanto Sam pintava com as tintas, usando uma tela em branco que Lucien havia dado a ela de presente de aniversário.

— Eu nem acredito que vou ficar tanto tempo longe de você. — Nicholas falou, batendo dois dedos na mesa, um tique nervoso que ele sempre tinha quando estava ansioso.

— Ainda teremos as férias de verão, e o feriado de Ação de Graças para nos vermos. — Falei, alisando o cabelo dele, tentando amenizar a tensão.

— Mas não é a mesma coisa, Amélia. Você é minha melhor amiga. — Ele disse, a tristeza evidente em sua voz.

— E cunhada também. — Falei, sorrindo de leve.

— Como assim? — Ele me olhou, confuso.

— Lucien me pediu em namoro. — Falei, sorrindo, mas logo percebi que a expressão de Nicholas se fechou.

— Ah, fico feliz por vocês dois. — Ele disse, forçando um sorriso sem graça, que não me enganou.

— Por que sinto que essa felicidade não é genuína? — Perguntei, fixando meu olhar nos seus olhos.

Ele suspirou, como se estivesse se preparando para algo que precisava ser dito.

— Amélia, eu não sei se você finge não saber ou se realmente não percebe os meus sentimentos por você... Mas eu me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi. E é difícil saber que a mulher por quem tenho sentimentos está namorando o meu irmão. — Ele disse, com a voz baixa e um olhar distante, como se as palavras custassem a sair.

Eu não negaria: sempre soube dos sentimentos de Nicholas por mim. Mas nunca poderia corresponder, porque o meu coração sempre foi de Lucien.

No começo, tudo parecia uma brincadeira, uma tentativa minha de provocar Lucien e vê-lo com ciúmes. Mas quanto mais eu me envolvia nessa dinâmica, mais eu via o quanto estava alimentando algo que não era justo para nenhum de nós. Eu gostava de ser cortejada pelos dois, talvez por ego, talvez por insegurança, mas sabia que não era certo brincar com os sentimentos de ninguém.

Agora, finalmente, estava com Lucien, e não havia mais espaço para jogos ou provocações. Eu precisava esclarecer isso de uma vez por todas.

Então, segurei a mão de Nicholas com suavidade e olhei nos seus olhos azuis, que estavam escondidos atrás daquelas armações de óculos que ele tanto usava.

— Me desculpe por ter confundido sua cabeça, Nicholas, mas eu te vejo como um irmão. Em breve, serei sua cunhada. Acho que você deveria tentar esquecer esse sentimento que tem por mim, é o melhor a fazer. Um dia, você vai encontrar alguém que sinta o mesmo por você. — Falei com sinceridade, mas logo senti a pressão da sua mão, que retirou a minha com uma brutalidade que me fez estremecer.

— Amélia, eu sempre fiz tudo para te agradar. Fiz todas as suas vontades, enquanto o Lucien só reclamava de tudo em você. — Ele disse, sua voz carregada de frustração e raiva.

— Eu não tenho obrigação de te compensar por nada, Nicholas. — Falei, tentando manter a calma. — E ele sempre tem razão nas reclamações. Eu sei que sou uma garota mimada, com pensamentos egoístas. O Lucien me ajuda a enxergar isso e a melhorar.

Não era mentira. Eu sempre fui esnobe, com um ego inflado. Mas estar com Lucien me fazia ser alguém melhor, e isso era uma das coisas que mais admirava nele.

— Você vive enaltecendo as qualidades do Lucien, mas ele é um falso moralista! Ele diz que gosta de você, mas fica lá, recebendo presentes de Miniel, e ainda fica todo bobo lendo o livro que ela deu a ele! — Ele disparou, e as palavras dele me pegaram de surpresa.

REALIDADE PARALELAOnde histórias criam vida. Descubra agora