Amor por todos, ódio por nenhum.Khalifatul Masih III
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Quando cheguei ao lobby da Campbell Emprise, as lembranças vieram como uma enxurrada, passando pela minha mente como um filme antigo que eu preferia não assistir. A sensação de angústia apertou meu peito, mas respirei fundo. Eu não iria perder a pose.
Mantenha a cabeça erguida, Priscila. Você não é mais a mesma.
Meus olhos percorreram o saguão espaçoso, tão familiar e ao mesmo tempo tão distante. Algumas pessoas passavam apressadas, concentradas em seus próprios afazeres, sem perceber a tempestade interna que eu tentava controlar.
Caminhei até a recepção e cumprimentei alguns seguranças que ainda me reconheciam. Um deles, Carlos, me deu um leve aceno de cabeça, mas seu olhar demonstrava surpresa por me ver ali novamente.
— Bom dia — falei com firmeza. — Estou aqui para entregar documentos da Galeria de Arte.
Tirei meu crachá da bolsa e mostrei a eles. Carlos pegou o rádio e confirmou minha entrada.— Já fomos informados de que um funcionário de Lucien viria — ele disse após alguns segundos. — Pode subir.
Assenti, mantendo uma expressão impassível. Mas por dentro, cada passo que eu dava em direção ao elevador parecia me puxar de volta para o passado.
Entrei no elevador e logo percebi os olhares curiosos ao meu redor. Alguns funcionários me reconheceram, mas ninguém se atreveu a me dirigir a palavra. Apenas trocaram olhares discretos entre si, como se minha presença fosse inesperada—ou até mesmo indesejada.Respirei fundo e mantive a melhor pose possível. Caminhei pelo corredor de cabeça erguida, ignorando qualquer murmúrio ou olhar atravessado. Parecia que, de alguma forma, eu já sabia que acabaria voltando a esta empresa um dia.
Assim que me aproximei da recepção do andar, avistei Sophia, a secretária de Nicholas. Ela estava ocupada digitando algo no computador, mas ao levantar os olhos e me reconhecer, seu queixo caiu.— O que você está fazendo aqui? — Sua voz saiu carregada de surpresa e desconfiança.
Eu apenas sorri, um sorriso debochado, daqueles que dizem não era isso que você esperava, né?— Sentiu minha falta? — retruquei, inclinando levemente a cabeça.
Ela piscou algumas vezes, como se tentasse processar minha presença ali. E eu? Eu estava me divertindo mais do que deveria.
Sophia ainda parecia em choque, os olhos arregalados me analisando como se eu fosse um fantasma que tivesse acabado de atravessar as portas da Campbell Emprise.— Como você ousa entrar aqui? Os seguranças liberaram sua entrada? Soube que você estava restrita, a própria Sra. Campbell garantiu isso pessoalmente! — sua voz saiu carregada de incredulidade e indignação.
Cruzei os braços, fingindo um ar inocente, mas meu sorriso carregava pura provocação.
— Creio que você já sabe que Lucien Campbell solicitou que uma de suas funcionárias viesse entregar um documento para seu digníssimo chefe — respondi, saboreando cada palavra.
Peguei meu crachá e o exibi com um orgulho nada sutil, quase desejando enfiá-lo na cara dela, mas me contive.
— Prazer, Priscila. Assistente de curadoria da Galeria de Arte Campbell.
Sophia fechou a cara, claramente irritada, mas sem argumentos para contestar.
— Onde está Nicholas? Preciso entregar isso diretamente a ele — continuei, mantendo a calma enquanto ela fervia de raiva.
Se eu tinha que estar ali, então faria questão de aproveitar cada segundo para mostrar que não era mais a mesma mulher que um dia foi humilhada naquele lugar.
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REALIDADE PARALELA
Любовные романыPriscila Silva Santos é uma mulher marcada por uma profunda depressão e baixa autoestima, mas encontra no amor de sua vida, Nicholas, sua única razão para viver. Totalmente dependente dele, ela constrói sua felicidade em torno da relação. No entanto...