" Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo."
Kurt Cobain.
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Quando recebi a oportunidade de viver em um mundo tão similar ao que eu conhecia, jamais imaginei que enfrentaria situações como ser amante do meu marido, trabalhar na empresa da família dele, fazer novas amizades e, ainda por cima, reencontrar Marcela.
Durante toda a minha jornada nesse lugar, minha única preocupação foi Nicholas — estar perto dele, saber como ele estava, acompanhar sua vida de perto. Acabei esquecendo do mais importante.
Esqueci da mulher que esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis, aquela que me deu abrigo, carinho, amor e cuidado. A mulher que, sem sequer pedir nada em troca, se tornou minha família.
Após terminar a refeição, peguei minha mala e subi os degraus em direção ao meu quarto. Aproveitaria o fato de Nicholas ter me dado o dia seguinte de folga, para descansar da viagem. Meu plano era levar Marcela à clínica para que ela fizesse uma bateria de exames. Precisava me certificar de que ela estava bem.
Ela, assim como eu, odiava hospitais. Na verdade, sempre fui negligente com minha saúde; nunca dei muita atenção a isso. Porém, agora, percebia que talvez fosse tarde demais para me preocupar comigo mesma. Afinal, eu já estava morta, e minha jornada neste lugar parecia ser apenas uma passagem breve.
Ao entrar no meu quarto, larguei a mala e suspirei, aliviada pela sensação de estar de volta ao que parecia ser meu lar. Mas esse alívio durou pouco. Quando olhei para a ampulheta, vi que a areia já estava quase pela metade.
Apertei a mão contra a cabeça, aflita. Como aquilo estava se escoando tão rápido? Eu estava tão desconectada de tudo ao meu redor que nem sequer me atentei à necessidade de resolver o enigma. E, agora, parecia que o tempo estava escapando pelas minhas mãos.
Por hoje, decidi deixar o enigma de lado. Precisava descansar da viagem, porque no dia seguinte teria algo tão importante quanto ele para lidar: a saúde de minha mãe emprestada.
Mesmo que eu não conseguisse resolver o enigma, ficaria satisfeita se a vida de Marcela fosse prolongada. Isso já seria uma vitória para mim.
Tomei um banho rápido e vesti uma calça de moletom e uma camiseta de manga longa. Coloquei o celular para despertar, me enrolei no edredom e, em seguida, adormeci.
Às sete horas da manhã do dia seguinte, acordei pronta para irmos à clínica. A pensão estava silenciosa e vazia, já que todos haviam saído para trabalhar, e eu não precisei esperar Jonhy terminar o que fosse fazer todos os dias no banheiro. Aquilo, confesso, era sempre muito nojento e desagradável.
Vesti uma calça jeans surrada, uma T-shirt preta e uma jaqueta jeans. Completei o look com uma sandália rasteira marrom. Fiz um coque simples no topo da cabeça e optei por não usar maquiagem, já que minha pele estava novamente cheia de espinhas e cravos, especialmente nas bochechas. Isso sempre afetou minha autoestima.
Peguei meu celular e minha carteira, desci até a sala e encontrei Marcela, sentada à mesa, tomando o café da manhã.
— Já está pronta? — perguntei, observando o prato de Marcela, que estava cheio de ovos mexidos, pão integral e um copo de suco de frutas.
— Uhum. — ela respondeu, distraída, enquanto mastigava.
— Não sei como você aguenta comer tudo isso. — comentei, fazendo uma careta.
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REALIDADE PARALELA
RomancePriscila Silva Santos é uma mulher marcada por uma profunda depressão e baixa autoestima, mas encontra no amor de sua vida, Nicholas, sua única razão para viver. Totalmente dependente dele, ela constrói sua felicidade em torno da relação. No entanto...