Sai rapidamente de casa, pois tinha visto no relógio que já era sete e dez e pelo GPS estava dando trinta minutos de caminhada, peguei minhas chaves e sai andando. Quando dobrei a esquina eu percebi que não tinha nenhum material escolar e naquele momento pensei, um atraso não faz mal, então fui andando lentamente pela vizinhança, olhando para aquelas pessoas percebi que era o tipo de pessoas que não era de minha convivência pois parecia todos metidos e de repente eu avistei uma lanchonete e fui naquela direção e ao entrar lá notei que era um lugar bem organizado com seus acentos todos acolchoados uma coloração típica de vermelho e amarelo, mas com enormes janelas em quase todo seu lugar e muitos quadros espalhados e seu balcão bem no fundo.
E quando uns três passos para dentro vi uma garota, e que garota, tinha seus cabelos negro como a noite, os olhos mais castanhos que já tinha visto, parecia ser baixa, mas não sabia ao certo pois estava lá sentada e sozinha lendo um livro, parecia ter mãos delicadas, mas notei manchas de grafite como se fosse uma desenhista. Ao chegar no balcão sem saber disfarçar fiquei encarando ela por um longo tempo. Ela se levantou e veio na minha direção e...
– Tá, e aí?– disse ela com um tom de voz não muito agradável.
– E aí, o que?
– Desde que você entrou aqui não parou de me olhar, o que você quer? Meu número, se for isso pode esquecer, eu não passo meu número para tipo de pessoas como você.
– Quê? Você está ficando maluca é? Acha que eu sou esse tipo de cara que simplesmente fica te olhando e acha que vai te pegar por isso? Ou você que tem sérios problemas achando que todo mundo está te olhando? Porque se você olhar para sua mesa atrás dela tem um quadro de um dos melhores artistas da cidade de Sales, e ela tava te ofuscando, então não, eu não estava te olhando– Mesmo sabendo que estava olhando ela de cima a baixo pensei que seria a melhor saída.
– Ah, então você quer me dizer que não estava me olhando?
– Não.
– Vai se fuder!
E ela junta as coisas dela e sai rapidamente da lanchonete sem se quer me dizer um tchau, mas eu simplesmente ignorei que aquilo tinha acontecido e fui pedir meu lanche preferido, um pedaço de pizza com um café com leite.
Olhei para o relógio, já era sete e vinte e três, então pensei comigo mesmo, que só iria lá para fazer minha inscrição e depois me virava, afinal não tinha meu histórico. me sentei onde aquela garota estava e fiquei olhando pela vitrine esperando o tempo passar. E quando deu oito horas eu me levantei, paguei meu lanche e sai novamente para a escola, segui os mesmos passos lentos, sem pressa nenhuma, desvalorizando um pouco aquele lugar cheio de carros caros e casas incríveis, era um lugar bonito, não posso negar, mas eu não me encaixava naquele meio social.
Assim que cheguei em uma praça a uns cinco minutos da lanchonete, me sentei e fiquei olhando o lugar, admirando sua beleza, onde tinha uma grama tão verde que fazia as outras gramas parecerem um mato seco, árvores que faziam sombras tão frescas que parecia início de inverno em pleno verão e notar que não tinha ninguém naquele lugar, e novamente comecei a refletir nas coisas que estavam acontecendo, o por que disso? Eram perguntas que não parava mais, uma delas era sobre a Fernanda, por que ela não me levou para a diretora e mesmo se eu parecesse com o Raffael, isso não significa nada. Mas me levantei e vi que estava na hora que parar de procrastinar e sai em direção à escola. Novamente andando sem nenhuma pressa para chegar, mas não podia ficar parado.
No caminho achei uma pedra qualquer e fui chutando ela até chegar perto da escola e quase chegando lá avistei aquela garota que vi na lanchonete, sentada em frente a escola lendo aquele livro, não vi qual livro que era, mas parecia ser muito bom. Não dei tanta atenção e quis evitar o reencontro então eu voltei para casa.
– Foi uma viagem perdida né meu amigo?
Falei para mim mesmo como se tivesse conversando com alguém, e eu mesmo me respondi.
– É claro que foi, primeiro você sai atrasado de casa, não tem um material, está sem os documentos e ainda encontra com uma garota que tem no mínimo um grande problema, e quando chega em seu objetivo final, a mesma garota na porta da escola que vai estudar, agora só me falta ela estudar na mesma escola que nós.
E quando eu terminei essa frase eu repeti o final dela em meu pensamentos, "...mesma escola que nós.", no mesmo instante ergui minha cabeça para o céu e fechei meus olhos e comecei a me senti angustiado com aquilo, me perguntando se eu tinha passado uma péssima primeira impressão, mas não, eu não queria que aquele sentimento me dominasse, eu não queria que aquilo fizesse parte de mim, então abaixei minha cabeça, respirei fundo e continuei minha caminhada calmamente até minha "casa", que não era minha.
Quando cheguei em casa depois de quase uma hora caminhando, fui logo tirando minha roupa, jogando minha camiseta em cima do sofá, deixando meu tênis no corredor minha calça ao lado da porta, minha cueca no chão do banheiro e fui tomar um banho, bem gelado, para relaxar.
Assim que terminei, me enrolei na toalha e comecei a juntar toda minha bagunça que deixei espalhada pelo banheiro, corredor e sala, quando terminei de juntar tudo, fui em rumo da lavanderia que ficava do lado de fora da casa e joguei no cesto de roupa suja e fui para meu quarto me deitar um pouco.
Assim que me deitei recebo um telefonema e comecei a resmungar.
– Puta merda, não posso deitar um minuto que tem alguém me ligando.
Quando olhei para tela do meu celular vi que era a Fernanda, não sabia se devia atender naquele momento, então deixei cair na caixa de mensagem, mas novamente ela me ligou e eu atendi desta vez.
– Oi Fernanda, não acredito que me ligou essa hora, estava preste a dormir um pouco porque eu tive um dia muito longo.
– Me desculpa por te incomodar você não queria te atrapalhar nesse momento que parece ser tão sagrado assim, mas não é a Fernanda– Disse uma voz bem familiar
Naquele instante fiquei calado sem dizer nenhum pio e me forçava a tentar lembrar daquela voz, e de repente me veio uma imagem de uma mulher alta, dos cabelos grisalhos, de personalidade forte e com uma voz suavemente autoritária.
– Pelo visto você já conhece ela.
Naquele instante me passou pela mente uns vultos de uma porta trancando, uma cadeira de couro, grades e um longo corredor, então eu desliguei rapidamente o telefone, não consegui acreditar que poderia ser a diretora do campo militar, e me senti meramente traído, mas já imagina que isso um dia iria acontecer.
Levantei rapidamente da minha cama, olhei embaixo da cama, em cima do guarda– roupa e sai revirando aquele espaço que estava no momento para ver se achava uma mala, e na parte superior do guarda– roupa achei uma mala vermelha não muito grande, toda empoeirada, parecia que foi usada poucas vezes e estava lá a muito tempo, mas não pensei duas vezes em juntar minhas roupas e colocar naquela mala para poder sair de lá o mais rápido possível.
Terminei de juntar minhas roupas na mala, com alguns shorts, camisetas e calças, fui vestindo logo minha roupa, peguei uma camiseta vermelha sem estampa, uma cueca qualquer e um short preto, calcei meu tênis preto com detalhes em branco, coloquei a mala nas costas meu celular no bolso e quando ia saindo meu telefone toca novamente, olho para ver quem é, e desta vez é um número desconhecido, resolvi não atender para evitar novas surpresas e desligo meu telefone.
Quando sai de casa, tranquei tudo e pensei em jogar a chave por cima do muro, mas por algum sentimento que me prendeu naquele instante resolvi guardar ela em meu bolso, então começo a andar, sem rumo e sem nenhum destino, naquele momento penso só em sair dali, e quando me viro sem perceber avisto uma mulher vindo em minha direção, o brilho do Sol batia contra meu rosto e eu não conseguia ver nitidamente quem era, mas quando ela se aproximou não pude acreditar que era ela em minha frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Lobo Solitário
Fiksi UmumMax é um garoto que se aventura em um mundo que ele não conhecia, pelo fato de ser sempre frio e de certa forma durão acaba sendo difícil ele se adequar com tudo o que acontece em sua volta. Ele cresceu em um orfanato e foi para um campo militar, de...