Prólogo

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 Meu nome é Maximo, isso mesmo, apenas Maximo sem nome composto ou sobrenome e essa aqui é um pouco da minha história.

Eu nasci em uma cidade pequena em algum lugar desse mundo inteiro. Era uma tarde chuvosa de novembro, eu já tinha por volta de uns 6 meses de vida quando fui abandonado em uma caixa grande de papelão coberto com uns trapos velhos, que não tinha um cheiro agradável. Em frente a uma casa bonita com seu muro cinza claro havia um portão branco de grade onde se via um Ford Mustang preto e ao seu lado um Honda Civic cinza, tinha dois grandes ipês roxos em sua porta, parecia ser uma família rica que morava lá. Minha mãe me deixou naquela porta, bateu a campainha e saiu correndo. As pessoas naquela casa estavam sentadas em sua sala assistindo um programa da tarde que passava a TV, elas ouviram a campainha tocar, mas por ser uma tarde chuvosa pensaram que era alguém procurando um abrigo para passar naquele dia e nem se deram o trabalho de levantar do sofá.

A chuva caia e meu choro era cada vez mais abafado pelos trovões que me assustavam cada vez mais. Não queria estar ali, só queria que alguém me tirasse daquele lugar. Depois de alguns minutos um homem todo molhado, com seus cabelos rastafari, descalço, parecia que usava umas roupas que saíram do mesmo lugar que meus trapos e era bastante conhecido pelo seu sorriso, ele me ouve chorando e logo me pega em seus braços, me olha com uma cara de espanto, como se não soubesse o que fazer. Então ele me leva o mais rápido possível para um bar que tinha lá perto.

Quando ele chegou lá a dona do bar, Cerafina, era uma senhora muito adorável, usando seu vestido de cetim preto com estampa de rosas vermelhas, com um óculos redondo e seus cabelos grisalhos com um corte bem curto, parecia um corte social masculino, e seus brincos de argola dourado se balançavam a cada passo que ela dava para ver o que fazia tanto escândalo naquela caixa.

– O que é isso Banguelo? – Disse a dona do bar com as mãos do ouvido.

– O tia Cerafina, eu achei essa criança alí na porta da casa cinza, você me paga quanto nele?

– Que absurdo Banguelo, o que você vai fazer com esse dinheiro?

– Uai tia, o de sempre né. Ir ali – E esse ir ali era sempre "ir ali comprar drogas".

– Banguela não pode vender uma criança.

– Oh tia, se você não vai comprar não estraga minhas vendas.

Então o senhor Cláudio, um senhor de idade, com suas mãos cheias de calos por trabalho pesado em fazenda com suas calças jeans bem surradas e uma blusa xadrez azul, aparece de repente atrás do balcão, olha para o Banguela e diz:

– Banguela, deixa essa criança ai e vai embora – disse ele enquanto se erguia com uma carabina 98k em suas mãos.

– Então banguela, vai deixar essa criança e ir embora não é? – disse Cerafina fazendo um sinal de pare com as duas mãos.

Naquele momento Banguela saí do bar sem nenhum tostão. Cláudio e Cerafian eram muito velhos para cuidar de mim, ficaram comigo nem um dia e me deixaram no Orfanato Crianças Unidas. Era um lugar confortável e bem divertido pelo que me lembro, fiquei lá durante quatro anos. Quando estava preste a fazer cinco anos tive que sair de lá e ir para um orfanato em uma cidade não muito longe, cerca de uma hora de distância, fui para o Abrigo Beira Mar. Ele não ficava perto do mar, nem sequer era um lugar que trazia essa impressão, pois tinha um cheiro de mofo, suas paredes todas descascadas e umas crianças que pareciam ter saído de qualquer lugar, menos de um lugar comum. Foi lá onde eu aprendi como ser rápido sem ninguém perceber, aprendi a brigar e que lágrimas não são necessárias.

Aos meus treze anos de idade resolvi fugir de lá, onde que aprendi algumas coisas sobre drogas e roubar. Me envolvi em uma gangue de pirralhos, que tinham minha idade, era comandada por um homem bem mais velho que nós. Era cheio de cicatrizes pelo rosto e todo corpo, usava umas correntes de ouro que combinava com seu relógio. Ninguém sabia seu nome, mas todos os chamavam de Chef.

Certo dia fomos todos fazer mais um assalto, já estava sendo planejado a muito tempo, mas naquele dia algo estava por acontecer. Quando estávamos preste a sair encostou uma viatura em silêncio, estava com sua sirene desligada, então dois policiais desceram rapidamente do carro e manda todo mundo deitar no chão. Naquele momento o Chef sacou uma pistola pt 938 calibre 380 inteiramente cromada e carregada, no mesmo instante os policiais sacaram suas armas , eram uma pistola 24/7 calibre 400, e começaram a atirar. Naquele momento o Chef cai no chão todo ensanguentado, com três tiros no peito e dois na cabeça, não aguentei ver aquela cena. Me levantei e saí correndo, em menos de três segundos ouço um barulho. POW POW. Sinto minha perna queimando e sem conseguir apoiá-la, caí ao chão. Os policiais me levaram ao hospital e assim que eu melhorei me transferiram ao CrisLife. Um orfanato que era normal, como o primeiro que fiquei, lugar calmo, paredes pintadas de azul e branco, e no ar um cheiro de limpeza, parecia lavanda ou algo parecido.

O Lobo SolitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora