A Carta

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Assim que terminei meu banho, vesti minha roupa e chamei-a para irmos ao centro antes que as lojas fechassem e eu ficasse somente com aquela roupa durante um longo tempo, então ela me olhou de cima a baixo e disse:

– Você esta parecendo até gente com essa roupa, até que ela caiu muito bem em você!

– Sabia que mentir é feio, não vem com esses papinhos de "ah, você ta bonito", "que lindo você ficou", que isso não serve para mim e eu não gosto muito de elogios – disse a ela com um tom de voz sarcástico.

– Que coisinha fofa gente, esta ficando até nervosinho – disse ela caindo na gargalhada.

Eu não tinha muito que fazer e andei até a mesa da copa, peguei a chave do carro e fui em direção à garagem, destranquei o carro e me sentei, enquanto isso ela foi procurar a chave da casa, eu fiquei no carro e abri novamente o porta-luvas peguei a carta que ela havia recebido do Raphael e fiquei pensando em abrir e ler, porem não era para mim a carta então deixei a carta onde ela estava. Ela saiu correndo pela porta da sala em direção à garagem gritando que havia achado a chave, ela entrou no carro, ela estava fadigada e olhou para mim, e eu perguntei:

– Você achou a chave, mas quando passou pela porta você trancou-a?

– Não, me espera aqui!

Ela saiu correndo novamente para trancar a porta, enquanto isso eu peguei a carta e coloquei na bolsa dela, para disfarçar eu comecei a procurar CDs no carro. Ela voltou para o carro e me viu mexendo no porta-luvas e me perguntou:

– O que você esta fazendo aí?

– Eu estou procurando um CD.

– Meus CDs estão todos em minha casa.

– Aqui dentro? Por que não vai buscar?

– Não disse que ele estava aqui, eu disse que eles estão em minha casa, essa aqui não é minha casa – disse ela sorrindo.

– Não é sua casa? De quem é essa casa?

– Agora ela é sua. Você vai morar aqui sozinho enquanto eu vou morar no meu apartamento.

– Não precisa esfregar na minha cara que você é rica não sabia.

– Seu bobo, eu não estou esfregando na sua cara não, eu só estou falando que essa casa agora é sua.

– Mas você me conheceu tem pouco tempo e já esta me dando uma casa, por acaso você sofre de demência?

– Não, para falar a verdade eu não sei o porquê, mas sinto que você não é igual aos outros, estou confiando em você e quero te ajudar.

Eu simplesmente não sabia o que dizer ninguém tinha sido tão legal assim comigo e nesse instante eu vi que poderia confiar nela.

– Acho melhor irmos agora, por que se não as lojas fecham – disse ela com um sorriso enorme no rosto.

Ela ligou o carro, abriu o portão e nós fomos ao centro. Chegando lá, nós fomos a muitas lojas, eu cheguei a perder as contas de quantas lojas visitamos, a cada loja que nós íamos era duas peças de roupas no mínimo, a pior parte de ter saído com ela não foi nem tanto ter ido a muitas lojas ou andado muito, mas sim as roupas que ela me fazia experimentar, eu vestia dez peças de roupas para ela escolher duas. Depois das comprar, com aquele tanto de sacolas nós voltamos para a casa onde eu estava.

– Sabe que não precisava disso tudo né? – eu afirmei com toda timidez que existia dentro de mim.

– Para de choraminga, você não tem nenhuma roupa aqui então não adianta ficar falando!

– Não sei como te agradecer Fernanda, de verdade, eu acho que devo fazer um lanche para nós o que acha?

– Se não for pedir muito eu agradeço.

Eu fui até a cozinha e comecei a fazer o lanche para nós enquanto ela ficou sentada na sala. Eu com meus pensamentos paranóicos, eu não parava de pensar naquela carta que o Raphael havia escrito a ela, estava pensando em perguntar, mas achei muito inconveniente para aquele momento. Naquele exato instante ela me chamou, eu com o pressentimento de que seria sobre a carta fui correndo ao rumo dela e a perguntei:

– O que foi?

– Por que colocou essa carta aqui?

– Que carta?

– Você sabe muito bem de qual carta estou falando, não adianta se fingir de bobo, fala logo, por que você colocou essa carta aqui?

Eu olhei para sem saber o que dizer e me senti culpado por isso, mas era a única maneira de talvez eu fizer uma coisa boa a ela.

– Por que você não leu essa carta? Ela estava em seu porta luva como se não fosse importante.

– Olha Maximo não adianta tentar ligar meu passado de volta, ele já se foi e eu só quero esquecer, já estou até compromissada agora, irei me casar daqui dois meses.

– Como pode? Você me ajudou, teve algum motivo nisso, e esse Raphael é alguém muito importante, pois se não, você não teria guardado essa carta. Pode me falar quem é esse Raphael?

– Lembra que minha mãe e você conversaram e ela lhe disse que você lembrava alguém que ela havia conhecido há muito tempo? Então, foi por esse mesmo motivo que te ajudei. Você me lembra muito meu pai e o Raphael realmente é uma pessoa importante, mas não como você pensa, mas se não fosse ele eu não teria nascido, porque ele é meu pai e essa foi a ultima carta dele antes dele morrer.

Eu não sabia o que dizer por aquele momento eu fiquei sem reação, sem rumo e sem palavras, abaixei minha cabeça e fui ao rumo dela para abraçar ela, porem ela me disse:

–Olha Max, não tenta me consolar, e além do mais, esta tarde e eu tenho que ir embora, depois nós se esbarra por ai.

Eu a acompanhei até o carro e vi-a partindo e eu mal sabia que eu não ia ver ela por um longo tempo.

No entanto estava com um lanche pronto então eu fui comer e logo depois me deitei para descansar um pouco. Quando amanheceu eu recebi um telefonema, levantei meio tonto da minha cama e fui em direção ao telefone para atendê-lo.

– Alô!

– Bom dia Sr.Maximo nos da escola Scalibu estamos fazendo essa ligação para falar que sua matricula aqui foi aceita.

– Como assim? Eu não me inscrevi em escola nenhuma

–Sr. Maximo a Sra. Fernanda veio aqui trazer seus documentos e fazer suas inscrições, suas aulas começam amanhã das sete da manhã até as onze e meia da manhã, traga sua identidade e seus materiais que estaremos muito agradecidos em tê-lo aqui conosco.

–Tudo bem, mas como assim? Qual ano eu estou?

– Você vai começar o Segundo ano, sua sala será a sala "cinco c"

–Tudo bem, me passa o endereço que estarei ai amanhã.

Ao pegar o endereço, fui ao mapa ver o caminho e o adicionei no GPS do meu celular, com essa noticia durante a manhã tava meio abalado e me perguntando o porquê de tudo isso? Por que eu deveria passar por isso tudo? Logo eu? Mas me recuperei rapidamente, fui tomar meu banho, vesti minha roupa, preparei meu pão com ovo e café e sai para conhecer a cidade um pouco mais


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