A Cela Impecável

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Os dois subiram as escadas daquela construção e chegaram até a cela que tinha a porta aberta. Perguntaram ao frade da cela ao lado, que acabara de despertar, quem costumava ficar ali.

— Esta é a cela do Frade António, por quê?

Francisco olhou para Armindo de relance, este, impassível, respondeu o frade recém-desperto:

— António está lá embaixo, estatelado no chão, morto. Parece ter caído de sua cela, pois a janela está aberta.

Como esperado, ele entrou em estado de choque.

— Qual é o seu nome? - Perguntou-lhe Francisco

— Lino, senhor - Respondeu-lhe com aparente nervosismo

— Você está bem?

— Sim, sim.

— Peço que retorne à sua cela. Estamos tentando evitar transtornos.

Lino obedeceu, trancando-se novamente.

Armindo, enquanto isso, já analisava o lugar com os olhos. Tudo parecia impecável, muito organizado. Para Francisco, uma dádiva de se ver. Para Armindo, organizado até demais.

Dentre os livros, nada especial. Em sua cama, nada que fugisse dos padrões. Sua mesa, totalmente limpa.

Francisco estava pensativo.

— Ora, não há nada de errado por aqui. Tudo nos conformes, nenhum sinal de beligerância, nenhuma marca de sangue…

— É exatamente isso o que está errado.

Armindo olhou para as estantes. Em cada prateleira, um tipo de livro. Exceto por uma. Uma prateleira totalmente preenchida, onde havia dois livros históricos no meio de vários livros de exegeses bíblicas.

Com uma certeza absoluta do que estava fazendo, jogou todos os livros daquela prateleira no chão.

— O que é isso? Por que destruir essa organização? Você ficou maluco! - Exclamou Francisco, indignado

Armindo porém, não deu atenção. Por trás dos livros, encontrou inscrições talhadas na madeira e um pedaço rasgado de papel.

As inscrições eram símbolos desconhecidos. Nada de bom deveria estar representado ali.

Ao pegar o pedaço de papel bem pequeno, Armindo o leu:

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Ao pegar o pedaço de papel bem pequeno, Armindo o leu:

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Com afeto, Frade António

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O frade mostrou ao seu companheiro o que havia encontrado.

— Há algo de familiar nesses símbolos, mas não consigo me lembrar o que é - notou Francisco.

— Onde estará o resto daquele papel? Se ele os escondeu entre os livros, levará muito tempo para ser encontrado.

— Eu só queria me lembrar dessa simbologia.

Estranho. Tudo aquilo era muito estranho. Alguém escondeu tudo aquilo por trás dos livros, mas não se sabia onde estava a arma que ferira sua barriga, ou o que estaria acontecendo ali.

— Irmão, vá esperar o Frade Superior. Há pouco o que podemos fazer agora - disse Armindo a Francisco.

Francisco concordou. Estava impaciente consigo mesmo por não lembrar o significado daquela simbologia gravada na madeira. Em verdade, os dois estavam impacientes. Porém, no momento, nada podiam fazer.

E pensativos, sem terem para onde ir com seus raciocínios, se puseram a esperar.

Com afeto, Frade AntónioOnde histórias criam vida. Descubra agora