Capítulo 3

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Bright

Almoçar com pessoas novas sempre te dá uma perspectiva diferente do mundo. São personalidades diferentes ali. Lee era uma garota intrigante, eu nem sabia como agir perto dela.
   Quando ela sorriu pra mim pela primeira vez, eu fiquei sem fala. O sorriso dela pareceu dar um brilho diferente ao meu dia.
  Seu sorriso desapareceu quando o principezinho a afastou da mesa. Olhei para meu primo, confuso. Todos prestamos atenção.
A discussão pareceu bem feia, principalmente depois que Kaownah chamou a própria namorada de vadia. Com a cafeteria toda em silêncio, ouvimos um estralo quando Lee puxou o braço da mão de Kaownah.
Ela surpreendeu a todos, dando um soco no rosto dele. Meu sangue ferveu nas veias quando ele levantou a mão e acertou um murro em seu rosto.
O corpo dela caiu com grande barulho no chão:
- Moranguinho!!!
Enquanto todos corriam para acudi-la, eu fui até Kaownah e o virei para mim. Dei um murro em seu rosto, o derrubando no chão.
  Subi em cima dele e descontei. Um, dois, três... Fui acertando seu rosto, incontáveis vezes. Alguém me tirou de cima dele:
- Já chega.
A cafeteria agora estava quase vazia. Duas ambulâncias levaram Lee e Kaownah, enquanto o diretor e dois homens se aproximavam de mim.
Nossos amigos se aproximaram também:
- Eu ouvi vários depoimentos do que houve aqui. Estou orgulhoso de que ainda existam homens como você, Bright. - o diretor falou, tocando meu ombro.
  Um dos homens ficou me encarando:
- Eu sou Damon. Pai da Lee. Esse é meu filho, Jackson.
Fiz uma reverência e eles também:
- O que você fez pela minha filha não será esquecido. Estou com um carro grande aqui. Vocês querem ir conosco ao hospital?
Todos concordamos e os seguimos para fora.

estávamos à uma hora na sala de espera. Eu me segurei muito pra não ficar andando de um lado ao outro, nervoso. Quando um médico apareceu da UTI, fui o primeiro a levantar:
- Como ela está?
- A senhorita Lee está bem. O pulso foi deslocado, mas está de volta. O rosto está inchado e roxo, mas vai ficar ótimo colocando gelo.
- Podemos ver ela?
O médico pegou um papel no bolso do jaleco e o leu, depois olhou para nós, um por um:
- A paciente pediu pra que alguém chamado Bright entrasse primeiro. Quem é Bright?
Todos me encaravam, confusos. Pra evitar perguntas, entrei dentro do quarto.
Meu coração acelerou quando vi Nong Lee deitada, com o lado esquerdo do rosto inchado e roxo, o pulso enfaixado:
- Não faça isso.
Meus olhos encontraram os dela, eu me aproximei:
- Não fazer o que? - o que eu fiz?
- Esse olhar de pena. Não faça.
Assenti:
- Por que pediu que eu entrasse primeiro?
-  A sua voz foi a última coisa que ouvi, antes de perder a consciência.
Senti meu rosto arder e sabia que estava vermelho, até pensei que ela pudesse ouvir as batidas desenfreadas do meu coração.
  Quando eu ia responder, todos entraram. Fiquei tenso quando o pai dela se aproximou:
- Filha. Como se sente?
- Estou bem, papai. um pouquinho de dor.
Damon fez cara de culpado:
- Filha, eu...
- Não, pai. Não foi culpa sua. Eu e Kaownah perdemos nosso controle. Não é culpa sua.
- Certo. Ham... Lee, sua mãe...
Lee engoliu em seco e seus amigos ficaram tensos. O que estava acontecendo? Damon passou um celular para ela:
- Mãe?
Alguns minutos depois, Lee estava falando um idioma completamente diferente, desconhecido para mim. Olhei em volta, em busca de explicação:
- A mãe da Lee é brasileira. Ela fala português. Lee nasceu no Brasil, apesar do pai ser tailandês. - Mew explicou, rindo da minha cara.
  Me virei para Lee, olhando bem para seu rosto. Os cabelos mais ondulados do que lisos, a pele mais bronzeada... Ainda assim, ela parecia tailandesa para mim.
Quando meus olhos encontraram os dela, soube que algo não estava bem. Ela apertou minha mão, enquanto uma voz grossa parecia gritar do outro lado da tela e suas lágrimas desciam pelo seu delicado rosto:
- Ok, filha. chega.
Damon pegou o celular e saiu para fora, muito irritado. Enquanto eu estava surpreso pela reação de Damon, um corpo delicado e perfumado se pegou ao meu.
  Sentia suas lágrimas molharem minha  camiseta, e a abracei de volta.

Levou alguns minutos para Lee se acalmar:
- Lee, o que sua mãe disse? - Gulf perguntou, lhe passando um lenço de papel.
- Ela disse que eu era uma inútil, por que não conseguia nem arrumar um namorado que preste. Disse que eu não prestava atenção às aulas e arrumava confusão; que era minha culpa se Kaownah estava tão irritado.
  Ela me abraçou mais forte. Eu acariciei seus cabelos, tentando lhe passar um pouco de calma. Seu toque me arrepiava e eu sentia o coração na boca.
Encontrei o olhar de todos em mim. Saint e Zee estavam de mãos dadas, enquanto Saint chorava de preocupação pela amiga.

Lee dormia tranquilamente em meu peito. Ela foi insistente e me fez sentar ao seu lado, para me usar de travesseiro. Eu estava bem com isso:
- É apenas o primeiro dia de aula. Olha quantas coisas aconteceram. - Gulf reclamou, suspirando.
Mew acariciou seus cabelos, rindo:
- Tranquilo, Gulfie. Vai ficar tudo bem.
Meu melhor amigo ficou vermelho e escondeu o rosto no pescoço do maior:
- Esperem . Todos vocês estão rendidos aos caras perfeitos da Medicina?
Gulf, Kao, Ohm, Boun e Zee deram risada, assentindo:
- Algo assim.
Olhei os pares em volta do quarto e ri:
- Vocês estão perdidos, meus amigos.
Todos rimos:
- Eu e Drake estávamos juntos antes.  Então a gente não conta. - Win exclamou.
Mew me encarou sério:
- Ela não merece mais sofrimento, Bright. Seja o que está acontecendo, pense bem. Zee nos contou suas manias de não se prender a ninguém. Lee não precisa disso.
- Mew...
- Espere. Podemos estar em casais aqui ou algo assim. Mas eu e meus amigos não vamos hesitar em quebrar tua cara se algo acontece com nossa Nong.
Assenti. Afinal de contas, esses eram caras muito fiéis à Lee e fariam tudo pra proteger essa garota intrigante. E aparentemente, ela ganhou o coração dos meus amigos também.
Isso não me impressionou. Essa garota definitivamente tem algo incomum.

My love life in a triangleDonde viven las historias. Descúbrelo ahora