Qual é a cor da sua calcinha?

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Meu pai está exatamente ali, na minha cama. Sentado e com duas caixas envoltas por papel de presente do lado de si. Apresentei Dorothy à ele e depois a mesma pegou sua bolsa e voou para ir ajudar a organizar o culto especial de amanhã. Mesmo que eu abrisse e fechasse os olhos, não poderia acreditar que o senhor Otto Melnik, estava marcando presença. Meu coração palpitava de alegria, eu estou com saudades do meu pai e isso fica evidente pela minha inquietação.

Sento-me ao seu lado e o abraço com toda a força do mundo. O alvo, de cabelos grisalhos e sempre vestindo sua roupa social impecável, me retribui. Até o cheiro dele era o mesmo e tudo isso faz com que o reencontro me emocione mais ainda.

— Eu trouxe várias coisas do exterior, não vai abrir?  — afastou-se por mais que eu não desgrudasse com facilidade.

— Claro. — voltei com os olhos para os seus, que apresentam uma pressão que ajuda a evidenciar as rugas ao sorrir para mim. 

Abro o primeiro pacote e é um belo vestido longo rosa e com brilhos… Eu não suportava rosa desde os meus doze anos, mas tudo bem. O modelo é bonito mesmo que nem ao menos eu saíba onde usar.

A segunda caixa era bem menor, quase do tamanho de uma de sapatos, não... meias nem mesmo um mendigo merece ganhar. Sem ânimo, puxei o laço azul e destampei a caixa demoradamente. E… 

— Espero que seu neerlandês, não esteja enferrujado. — meu coração acelerou ao olhar a passagem de avião em meu nome. 

— Holanda? — peguei as áreas nas mãos para conferir se eram reais. — Eu pensei que estávamos pobres… — neste momento já não estava entendendo mais nada. Nossos bens foram bloqueados, nossa casa na Flórida leiloada e não tínhamos nem onde cair mortos pelo que soube pelo meu próprio pai.

— E estamos, mas ainda tenho uma reserva pequena de dinheiro no exterior que eu havia guardado pra você bem antes de eu fundar a Melnik's. — confessou, me fazendo abrir um sorriso. Ele havia pensado em mim. — Você sempre é o mais importante Abigail e tudo o que fiz, foi por você. Por isso, quero que venha morar comigo no exterior para construir a nossa relação. Eu não fui um pai todos esses anos, mas acho que agora podemos recomeçar em outro lugar. — fez a proposta enquanto o sim já vinha carregado na minha garganta. Suas mãos foram de encontro com o meu rosto, que se encaixou em ambas, e ele acariciou as bochechas.

Eu fiz de tudo para ter esse mínima atenção de sua parte e quando consegui, nunca me senti tão completa como nesse instante. Saber que eu tenho alguém que está ali por mim e que vai me apoiar, me dar amor e trazer certo conforto emocional… Foi o que eu sempre sonhei.

— E quanto tempo vou ficar lá?! — me animei e sai da cama pronta para uma viagem. 

— O meu plano seria que fosse morar comigo, mas pode ser o tempo que achar que deve. — sorriu com os olhos, completamente emocionado pela minha empolgação. — As passagens são para daqui duas semanas, eu não gostaria de ficar muito tempo no país... — avisou, erguendo-se e preenchendo o bolso das calças com as mãos.

— Entendo… E obrigada por cumprir a sua promessa. — me aproximei e me acomodei torso. Otto beija o topo da minha cabeça com ternura, por mais distante que ele fosse muitas vezes, eu sei que ainda sou a sua princesinha.

— Então, pense se vai querer ir pra lá comigo. Eu ainda tenho que me encontrar com o dono do apartamento que temos no Brooklin, eu decidi vender pra ele. — salientou a sua intenção de se desprender totalmente desse país.

— Você sabe que eu vou. — me distanciei um pouco para olhá-lo de perto. 

— Não quero que viva mais em um lugar como esse. Aqui é tenebroso. — visualiza todo o local, apesar de concordar, eu já estou mais que adaptada ao pequeno quarto. — Então, eu já vou indo… Daqui duas semanas eu volto pra te ver. Estou hospedado no Queen's. — ele puxa um bilhete do bolso e me entrega com o endereço.

Sem medo de enfrentar - Jeon Jungkook  (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora