Uma garotinha mimada

2.3K 295 89
                                    


A rúbrica de Noah Arsenault ocupa perfeitamente o espaço da linha do formulário fixado na parede desde o começo dessa semana. Aperto a caneta entre os dedos esperando a sua demorada assinatura para participar da seleção do professor Powell, para iniciar um estágio em seu laboratório.

É, ao ver os estudantes atrás de mim tão animados e quase me sufocando para assinar de uma vez o papel, me fez eu reconsiderar se isso era realmente o que eu queria. Nunca foi o meu sonho e continua não sendo. O mundo das fórmulas e cálculos, é somente o que eu aprendi a gostar nesses anos, para que eu pudesse conduzir a Melnik, que... Nem sequer mais existe.

- Prontinho. - Noah sorri desafiador enquanto me observa. - Se quiser usar a minha caneta, é toda sua. - ele estende a prateada.

- Pensei que tinha dito que acabou. Pode me dar licença? - sem pensar mais em besteiras, dou um leve empurrão no rapaz e assino muito rapidamente a folha de inscrição. - Olha, como isso pode ser rápido. - deixo de fazer parte da fila e guardo a minha caneta nada ilustre.

- Eu queria te dizer, que apesar de me tratar tão bem... Sinto muito pelo seu pai. - pela primeira vez, Noah abaixou seu nariz empinado e me disse palavras nada ofensivas.

Nessas duas semanas, minha vida está sendo um verdadeiro pesadelo. Todos sabem que Abigail Melnik é filha de um presidiário. Dos professores até os donos de cantinas, lanchonetes e afins. Eu estaria mentindo para mim mesma se não admitisse que agora sinto vergonha do meu sobrenome, antes esse que eu me orgulhava de usar como um passe livre para ser reverenciada onde fosse.

Hoje no máximo, sou expulsa de uma festa.

- Obrigada por isso... Logo, agora que as pessoas estão me vendo tão mal. - mesmo que eu tentasse, meu queixo se inclina para o chão, como se a gravidade o sugasse todas as vezes que alguém olha com jurisdição para mim.

- O que quer no meio acadêmico? São pessoas que pagam pra estudar aqui. Péssimas em todas as matérias e acima de tudo, na cinzenta. - sinaliza ao tocar na sua cabeça se referindo ao cérebro.

Noah me arranca um sorriso.

- Se quiser, nós podemos fazer o trabalho de apresentação juntos pra ganhar pontos com o senhor Powell. - convidou-me um tanto indeciso eu iria aceitar ou não aceitar. O meu silêncio prolongado, apenas o deixa mais ansioso. - Lembre-se que ele disse que quem trouxesse o melhor projeto, ganharia uma grande vantagem.

Mordo os lábios, olho para os lados, suspiro e preparo uma resposta em minha mente. E em vista da minha nova imagem negativa, seria ótimo o apoio do meu nem tão amado colega.

- Ok, a gente pode pensar em algo melhor juntos. Tenho alguns projetos, mas nada concreto. - assim que afirmei positivamente, Noah sorri e comemora eufórico.

- Então, as sete horas seria bom? Aliás, deixa eu te passar o endereço do meu apartamento. - ele puxa o meu braço e aponta a sua esferográfica milionária para o meu punho.

- Eu não sou a Bella. - o desiludi rapidamente. - Melhor a gente se ver no mesmo horário, só que na biblioteca. - me distancio do castanho em uma fração de segundos.

- Acha mesmo que todos os homens são tão... sexuais? - ele ri.

- Todos não, porém eu tenho certeza que com você eu preciso ter cuidado e ser boa na matéria cinzenta. - retribuo o seu sorriso.

- Tudo bem, tudo bem. Então nos vemos hoje, as sete? - reiterou o horário que o próprio estipulou para nos encontrarmos.

- Eu estarei lá. - confirmo.

Sem medo de enfrentar - Jeon Jungkook  (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora