A vida é feita de altos e baixos

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Inesperadamente, o Jungkook me levou para um lugar que estava totalmente deslocado das possibilidades que elaborei enquanto vinha para cá. Estamos nas portas do fundo do luxuoso restaurante, há duas pessoas colocando algumas coisas dentro de caixas - provavelmente alimentos ensacados e conservados. São garçons e funcionários que estão "limpando a dipensa". O Jeon me trouxe para comer os restos? Ele só poderia estar de brincadeira.

- Bom, eu já posso levar essas aqui? - o Jungkook se aproximou de uma caixa onde havia quase que transbordando alimentos.

- Claro. E é muito bonito nesse lugar tão chique, pessoas como vocês ajudarem a levar essa comida toda pra alimentar as pessoas do vilarejo. - aparentemente um dos chefes do restaurante o elogiou, me fazendo ficar com muita vergonha de mim mesma. Eu estava pensando o pior da atitude do Jungkook e dei de cara com a porta mais uma vez. Mas, não é culpa minha. Ele tem vários segredos, faces e qualidades que desconheço - não tão desconheço, porquê vagamente posso me recordar dele participando de muitas arrecadações para a caridade, pessoas que perderam suas coisas em furacões e outros desastres.

É, eu estava tão ocupada tentando ser popular e chamar a atenção do meu pai que nem percebia corretamente o que acontecia ao meu redor. Jungkook um, Abigail zero.

Porém, para ser coadjuvante das bondades do nosso amado Jungkook, peguei uma caixa menor - que percebo ter coisas muito boas. Porque estão jogando tantas frutas, verduras e outras hortaliças fora? Me choco. Cenas que eram comuns na minha própria casa, mas que agora ficaram inacreditáveis aos meus olhos. Céus! Isso daria para alimentar o povoado que visitamos hoje inteiro.

- Obrigada. - agradeci ao chefe, enquanto saía atrás do tatuado. - Onde vamos deixar tudo isso? - pergunto, caminhando sem ainda saber o rumo que devo seguir.

- As oito sai um barco do porto, ele vai pro sul da Índia, não muito longe daqui. É só avisar o capitão que são donativos pras pessoas dessas cidades menores e ele passa à diante pra uma ong. É muito comum por aqui a galera do hostel fazer essas coisas quando vão visitar esses lugares. - explicava ao caminhar sem nenhum esforço com aquela enorme caixa.

Fico me questionando do porquê o Jungkook, que nasceu na pobreza, tem um coração tão mais sensível a necessidade dos outros? Há muitas coisas que eu ainda não compreendida e preciso aprender.

Levamos a primeira caixa, depois mais outra e outra... Foram dez caixas grandes para serem levadas para o pequeno caís. A embarcação apareceu no horário exato e o capitão nos agradeceu pela colaboração. Me senti melhor, mesmo com os braços doloridos e com as costas cansadas, por dentro estou feliz mesmo não sabendo da reação das pessoas ou sequer receber agradecimentos. Bondade sem elogios, é bem diferente... É mais prazerosa.

Nos afastamos da beira do mar, andando pela areia, não sei agora se é o caminho certo para voltar pro hotel resort, mas também não questiono, apenas sigo o mais velho na sua caminhada.

- Obrigada pela ajuda, não daria conta sem você. - agradeceu, levando seu olhar pro meu.

- Não foi nada. - sorri largo para este. Enquanto estamos próximos durante o trajeto, o Jungkook esbarra sua mão pela minha e a pega, me arracando um sorriso muito grande e uma palpitada do coração. Segundo a proxêmica, cortar o espaço entre dois corpos significa profundo interesse. - Eu juro que não esperava que me levaria pra lá... - apertei sua mão, desabando por senti a alheia tão quente e grande envolvendo a minha menor.

- Sinto muito por ter abusado da sua boa vontade e usado sua força de trabalho, ao invés de te levar pra uma fuga romântica e emocionante. - caminha um pouco à minha frente e para pegando as minhas duas mãos e me olhando de centímetros, esses que aos poucos vão se cortando naturalmente.

Sem medo de enfrentar - Jeon Jungkook  (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora