3°- CAPÍTULO ✝

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{O vento de fim de tarde, sopra sobre o corpo desacordado de Cherry, fazendo seus cabelos balançarem sutilmente, enquanto se esparramam em frente ao rosto, a incomodando de um jeito que pinicava. Ela mexe o nariz e o enruga para, em seguida, começar a abrir os olhos, e a primeira coisa que ela vê é o grande terreno vazio com o chão arenoso salpicado por muitas pedrinhas e coberto por uma camada fina de terra seca. Ela permanece deitado sobre os trilhos de ferro, quais, faziam suas pernas, o braço esquerdo e parte de seu tronco, doerem. Seus pensamentos estavam embolados e as ideias eram tortas, por isso, ela não foi capaz de raciocinar com clareza, parecendo, por um momento, um zumbi.}

{Minutos depois, após sua lucidez voltar, Cherry espalma as mãos sobre os trilhos e empurra o tronco para cima, ficando sentada com as mãos apoiadas. Ela olha para o terreno vazio e depois para baixo, encarando as linhas de ferro pregadas no chão. Seus olhos se arregalam quando ela finalmente percebe estar sobre a linha de um trem. Ela tenta se levantar com pressa, mas ao ver o enorme trem parado a metros dela, Cherry se desequilibra e cai sentada para trás. Seu coração dispara e ela não pode desviar o olhar da parte da frente do trem, cujo, Cherry logo percebe estar parado no lugar.}

{Ela se apressa ao sair dos trilhos, temendo que o trem fosse ligado a qualquer momento. O vento sopra mais uma vez, balançando de novo os fios vermelho-cereja de seus longos cabelos. As meias brancas em seus pés, logo ganham uma coloração marrom e o tecido fino não é capaz de suavizar a sensação incomoda de pisar sobre as pedrinhas do chão arenoso.}

{Assustada e se sentindo completamente perdida, Cherry tenta reconhecer onde estava, mas tudo que ela podia ver era o terreno vazio, a linha do trem e... um muro? Sim, um muro verde-limão-escuro. Não era possível ver o final da linha do trem, mas quando se espiava ao lado esquerdo onde o trem estava parado, era possível ver esse muro não muito alto que tentava esconder uma suposta casa. Talvez Cherry pudesse pedir ajudar lá, talvez alguém pudesse lhe dizer que lugar era esse e o que ela estava fazendo aqui.}

{Escutando apenas o barulho do vento de fim de tarde, Cherry volta para os trilhos e começa a caminhar por cima deles, sempre atenta ao grande trem para ter certeza que ele não funcionária subitamente e a atropelaria.}

{O céu estava laranja-escuro com alguns vestígios de preto-azulado, indicando que a noite se aproximava. Cherry precisa sair dos trilhos e caminhar do lado de fora dele, pois, o trem estava ocupando sua passagem. Quando chega no final do muro de cor chamativa, ela encontra uma estreita fresta entre os bloquinhos verdes e a elevação onde os trilhos estavam, então, ficando de lado e com muito cuidado, Cherry se enfia na fresta estreita. Ela consegue passar sem problemas, mas suas meias acabam escorregando na elevação onde os trilhos estavam, a fazendo quase cair se não tivesse se segurado no muro.}

{Agora, dentro da propriedade da casa, Cherry tenta limpar o seu pijama rosa para não parecer tão louca, ela não queria assustar os moradores do lugar quando fosse pedir ajuda. E assim que suas mãos deslizam sobre a parte da frente do seu tronco em uma tentativa de espantar a poeira, Cherry acaba notando um tom escuro manchado no seu pijama de flanela. Ela não percebeu antes, mas agora com certeza sabia que aquele vermelho vibrante em um formato arredondado sobre o lado esquerdo do seu peito, definitivamente, era sangue seco.}

{Seus olhos se arregalam e ela puxa a gola do pijama para baixo, fazendo alguns botões desabotoarem. Ela procura em sua pele por algum vestígio do que poderia ter causado essa mancha horrível de sangue, mas tudo que ela encontra é uma pequena e estranha cicatriz desenhada em formato de lona de circo. Cherry se perguntava o que era aquilo e mesmo que não pudesse formular uma resposta decente agora, isso apenas a motivou mais a ir atrás de ajuda.}

{Com seus cabelos vermelho-cereja balançando, ela se afasta do muro depois de ajeitar o pijama. Então, desta forma, sua atenção é captada pelo restante do enorme trem vermelho e preto que atravessava no quintal dos fundos da casa. Alguns vagões estavam abertos e, em particular, o do meio, de frente para o centro do quintal, tinha uma luz fraca emanando de dentro, atraindo a curiosidade de Cherry que, com passos silenciosos, vai se aproximando.}

HELLISH CIRCUS || KTH [SHORTFIC]Onde histórias criam vida. Descubra agora