Capítulo XIV: As metades da criação perfeita.

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Havia chegado o grande dia!

A batalha de gárgulas. Era uma tradição para as criaturas, treinavam dia e noite para esse evento. Era uma honra ser convocado, e só os melhores dos melhores chegariam a grande final. Um de cada Dinastia.

Quem de bons olhos via de longe notava que tudo não passava de consolo para os grandes chefes, se eles não podiam agir, que seus subordinados agissem por eles de forma não tão esportiva.

E la estava Luke, em Roma, andando em direção a estátua das metades. Ficou a olhando por um tempo. Era tão linda, era tão parecida com ele. A sensação de olhar a pedra o deixava confuso. Como poderia ser dois extremos ao mesmo tempo? Luke era mesmo real?

— Somos magníficos, não é mesmo? — Michael se pôs ao lado do anjo. — Tão magníficos a ponto de não parecermos reais. Transcendemos a lógica.

— É um espelho.

O demônio o olhou compreensivo. Luke disse com convicção enquanto encarava de frente o lado demoníaco. Eles estavam em lados opostos, juntos e pela primeira vez, completos.

— Nunca pensei que era uma sensação real. Eu sempre ignorei. — Luke o olhou com uma expressão confusa. — O vazio, Luke. Eu sempre vinha até aqui para me sentir completo, nunca era o suficiente, mas era o mais perto que eu tinha do que estou sentindo agora. Pensei que fosse um mito sermos um.

— E é por isso que tudo está errado. Fomos separados e seja lá o que ou quem está acontecendo, nos quer juntos novamente. Isso, — disse apontando para a estátua — somos nós, Michael.

— Na nossa real forma.

— É doloroso. — Olhou profundamente para a estátua. — Não poder ter. Te odiar mas sentir incontrolavelmente sua falta.

Te odiar. Michael repetiu essas palavras inúmeras vezes em sua cabeça. Doeu saber que a única pessoa que o entendia também o odiava. Desde quando as coisas ficaram tão difíceis? Desde quando ser frio e extremamente racional se tornou comum? Desde quando o amor se tornou um veneno mortal?

Ele não julgava o anjo, ele também se odiava. Tanto por não ter forças para dizer não quanto por ser ele. Como foi que sua forma de proteção foi se tornar uma criatura horrível?

— Eu sinto muito que tenha que passar por isso, Luke.

— E sobre você?

— Eu mereço.

— Não, você não merece.

— É o preço a pagar por ser quem sou.

— Você não escolheu viver esse inferno, Michael. Você é obrigado a viver pelos outros, não foi você a decidir.

— Sinto que estou ficando louco. Isso se tornou um fardo mais além da compreensão.

— Fomos obrigados a assumir a culpa, os erros e os pecados dos estúpidos mortais. A culpa não é sua se um dia enlouquecer.

Michael olhou o anjo controlando a agoniante vontade de abraça-lo. Luke deixou uma lágrima escapar.

— Eu nunca quis que fosse assim, Luke. Eu sinto muito.

Michael sumiu, como se nunca tivesse estado alí. Luke queria chorar, gritar, queria demonstrar o pouco da humanidade que tinha. Talvez ser expurgado não seja uma opção tão ruim, viver em prisão perpétua carregando a culpa do mundo nas costas é desgastante.

O Demônios andava pelos corredores da Hell exalando superioridade mesmo estando em pedaços. Michael é feito de ruínas disfarçado da mais bela contrução. Quebrado por dentro, sem rumo, sem perspectiva. Sem nada. Nada era real. Não tinha nada alí. Onde foi parar a doce alma do demônio?

Ele não sentia absolutamente nada.

Ele recebia olhares intensos, sentia perfumes que deixavam qualquer um sem rumo. Mas não ele. Sabia que o que faltava nele era o anjo. O demônio não assumiria isso apesar de querer, era mais fácil suportar assim.

Ah se eles soubessem de todo o poder que tem. Basta querer, Michael. O mundo é seu. Literalmente, seu.

Por um momento pensou em Luke e como telepatia pensou: "e se simplesmente jogarmos tudo para o ar e explodirmos essa merda toda?"

Na Heaven Luke soltou um riso fraco. Mentalizou Michael e respondeu: "eu adoraria."

E pela primeira vez, um sorriso sincero pôde ser visto nos rostos das criaturas divino-profanas

E em poucos minutos lá estavam eles, expendidos estudantes em suas reais formas voando em suas gárgulas enquanto empunhavam enormes e brilhantes espadas de prata pura. Era um espetáculo!

Imaginem as pinturas e esculturas dos anjos e demônios, era tão lindo quanto! Movimentos teatrais, como se fossem criados para isso. Magníficas guerras criadas para a recepção do grande fim. Luke e Michael competiriam entre si!

Deus se levantou abruptamente e notou que Lúcifer estava igualmente afetado pela catastrófica coincidência. Tudo, não importa o quão cruel seja o afastamento, ódio, rancor, angústia e punições, tudo os aproximava.

Todas as mentiras contadas, as histórias inventadas um sobre o outro para que tudo de ruim fosse evitado não era o suficiente. Existia algo mais forte que os próprios reis. Algo que se quer podia ser compreendido, era forte, constante e por mais perigoso que fosse, também trazia paz.

Era uma falha num sistema dito perfeito. Não se sabe como surgiu, ou o porquê. Apenas surgiu. E parecia não se fechar como uma cicatriz. Era um corte que todos, no fundo, sabiam que deixaria marcas terríveis depois de causar dores imensas e insuportáveis. Ninguém é de aço, não da para lutar contra seus sentimentos para sempre. Por mais que tente, uma hora tudo transborda em milhões de sensações.

As sequelas de um coração partido podem ser fatais. Piores do que a própria mágoa.

As criaturas pensavam que era o erro sendo concertado, mal sabiam eles que tudo, literalmente tudo era fruto das suas vontades.

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HEEY

Como vocês estão?

Gostaram do capítulo?

Estão gostando da história???

Sabe a mídia, então, são os Muke em sua real forma :).

Era isso que eu tinha a dizer.

Kisses and Hugs,

~Liv.

Entre Anjos e Demônios • MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora