Capítulo V: A crença dos anjos profanos.

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Me pirou o cabeção - Raimundos Ft. Charlie Brown Jr.

***

Assim que soou o sinal para o intervalo, os alunos se retiraram da sala tendo Michael e Luke como os últimos deles. Vamos aos fatos, são informações que precisavam trocar. Necessitavam de uma conversa. E no refeitório do colégio, Michael se jogou ao lado de Luke, reparando toda sua delicadeza claramente angelical, ele se sentiu apaixonado e incomodado com isso. Michael não era delicado, bom, não o tempo inteiro. Ele agia com certa brutalidade, seu instinto natural. Mas o fato de ser assim não impedia de deixar livre a atração que sentia por Luke, para correr por suas veias, ignorando toda e qualquer regra direcionada a ele. Afinal, quem se importa? Luke era a perdição do Demônio.

Luke começou a rir, depois de alguns minutos encarando Michael também, seu jeito desajeitado ao sentar ao lado dele o assustou, mas não conseguiu dizer absolutamente nada ao se perder na imensidão verde dos olhos do demônio ao seu lado. Era lindo. Ele era lindo. O jeito bruto era apenas uma casca, sabia disso, assim como sua doçura também era. Os dois tinham dois lados. E Michael dava a Luke um terceiro, o seu. O sugava como um buraco negro. Michael era a perdição do anjo.

"Do que está rindo, anjinho?"

"De você, doce Demônio."

"Doce?"

"Claro, Michael, ou acha que eu vou acreditar que você é um ogro bruto? Você é igual a mim, eu de certo modo conheço você, gatinho."

"'Gatinho', isso soou a flerte."

"E anjinho não, por acaso?"

"Justo."

"Justo."

"Não pensava que uma criatura tão delicada quanto você fosse assim."

"Só estou correspondendo seu flerte." Michael corou fortemente, abaixando a cabeça. "Eu também não imaginava que uma criatura 'bruta' como você fosse corar com uma simples frase."

"Oh, okay, então eu fui correspondido por um anjo, quanta honra!"

"E eu fui cantado por um demônio, a honra é toda minha."

"Como você chamaria isso?"

"Reciprocidade, meu mal."

"Meu mal." Riu.

"Quer que eu te chame de bem? Até a ironia tem limites."

"Luke, nem você deve ser chamado de bem depois dessa."

"Eu tenho meus momentos."

"E eu adorei esses momentos."

"Adorou?"

"Gostaria de ver mais desses."

"Está me chamando para sair?"

"Não sei, estou?"

"Touché."

E com isso soa o sino para retornar as salas, era aula de história, história bíblica, para receber bem os que sabem mais do que quem está ensinando.

"Bom dia alunos, começaremos o ano com história bíblica." O revirar de olhos das criaturas poderia ser visto a qualquer canto do planeta. Afinal, era o que estava na bíblia, não a história cem por cento real. "Tudo começou quando o anjo, sim, anjo, rebelde Lúcifer se recusou amar nós humanos, desobedecendo Deus. Então foi expulso do céu e foi ao inferno, se tornando o diabo." Luke riu debochado fazendo Michael rir. "Por que os senhores estão rindo."

"Essa história está errada."

"Concordo com o Michael."

"Ah, cada um tem sua crença!"

Entre Anjos e Demônios • MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora