Capítulo 03

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Quando abrimos a porta do quarto segurávamos firmemente as nossas "armas" para usá-las para o que quer que fosse, porém não estávamos preparadas para o que encontramos. O quarto era todo fechado, não tinha nenhuma janela, ou saída de ar o que deixava o local completamente escuro e sombrio, o único jeito de entrar era pela porta e o único modo de sair também, ele era todo feito de madeira mas de certo modo era diferente dos outros cômodos da casa, o quarto apesar de perceber-se que ninguém o limpava a um bom tempo, isso se comprovava com as espessos ramos de ervas daninhas que se estendiam pelas paredes, ainda estava muito bem conservado.

Olho para Carrie e vejo que ela está com a mesma confusão, esse lugar era realmente estranho, não só este quarto mas a casa toda em si, estranhamos quando o dono da casa à alugou por um preço tão abaixo do normal e quando o questionamos o motivo, ele simplesmente falou que as pessoas não se interessavam por uma casa no campo e blá, blá, blá. Carrie e eu notamos certa tensão em sua voz, mas não demos muita importância até porque esse preço era excelente para nós e a casa não era tão ruim assim, até arrumarmos um emprego aquilo serviria. Carrie se aproxima de mim ainda segurando sua vassoura e me olha com a testa enrugada claramente com medo.

— Agora eu sei por que o dono nos alugou por um preço tão barato, e porque ninguém queria morar aqui.

Eu balanço minha cabeça concordando com ela quando noto no centro do quarto um círculo com algum tipo de areia fina negra.

— Tudo bem, eu posso estar ficando louca, mas essa merda não estava ali quando entramos, estava?

Carrie olha para o que estava olhando e arregala os olhos abaixando a vassoura e inclinando a cabeça como para entender toda aquela merda.

— Fodidamente que não.

Nos entreolhamos e engolindo em seco começo instintivamente a me mover em direção aquele círculo quase como se estivesse sendo atraída por ele com Carrie ao meu lado, de repente ela me para e agarra meu braço olhando para mim assombrada.

— Acho melhor não nos aproximarmos mais, isso é claramente bruxaria e estou estranhamente tentada a entrar nesse círculo o que não é normal dada as circunstâncias que nos encontramos agora.

Como se acordasse de um transe eu pisco meus olhos várias vezes e balanço minha cabeça Carrie tem razão é melhor sairmos daqui, me viro para ela e estendo a mão.

— Tem razão, depois de você.

Sem pensar duas vezes começamos a nos distanciar no círculo e nos próxima da porta, quando a mesma sem mais nem menos se fecha de repente com um baque ensurdecedor, nós paramos abruptamente e começamos a gritar desesperadas, tudo bem talvez a Carrie tivesse razão não estávamos lidando com alguém mas sim algo. Corremos para o canto da parede na outra extremidade da porta e ali nos agachamos nos abraçando. Carrie olha para mim com os olhos cheios de lágrimas e desespero.

— O que vamos fazer agora? não deveríamos ter nos aproximado da macumba.

Eu teria rido da cara de desespero da Carrie se eu não estivesse tão apavorada quando ela, me inclinado para garantir um pouco de segurança, ou tento.

— Esperamos a morte.

Carrie olha para mim com ainda mais desespero.

— Que ótima forma de morrer, presa em um quarto com um circulo sinistro resultado de uma bruxaria do mal.

Eu olho para ela e tenho que concordar arrumamos uma ótima forma de morrer. Suspirando-me abaixo a cabeça e começo pensar nas opções que temos.

— tudo bem, o que podemos fazer, aqui estão as opções: letra A, esperamos o que quer que seja que esteja fazendo isso vir nos matar ou letra B, entramos naquele circulo de merda e fazemos exatamente o que a nossa consciência diz que é errado.

Carrie olha pra mim e parece estar cogitando as opções ela então desfaz o seu coque e o refaz novamente, olhando pra mim eu já sei que opção ela escolheu pelo jeito que está me olhando.

— Bom vamos nessa, já que vamos morrer, vamos pelo menos ver onde isso tudo vai dar.

Nos levantando lentamente e começamos a mover aproximando do círculo, quanto mais aproximávamos mais atraída por ele ficava, era como se tivesse uma corda me puxando uma da qual não podia me soltar, por mais que eu quisesse me afastar não conseguia, só que ao mesmo tempo que era sufocante não conseguir se distanciar era um tanto prazeroso, eu me sentia finalmente viva como se eu pudesse fazer qualquer coisa, eu me sentia... poderosa.

Chegando ao centro do círculo ainda mergulhada neste sentimento, olho para o lado e vejo Carrie que parecia partilhar a mesma sensação, agarrando a sua mão respiro fundo esperando o que fosse acontecer a seguir, mas nada estava acontecendo, nos entreolhamos e Carrie enrugou a testa tão confusa quanto eu, esperamos mais um pouco e nada.

Carrie olha para mim com a testa franzida e eu dou de ombros, ela olha ao redor e parece estar procurando algo, quando olha para mim novamente eu levanto uma sobrancelha e olho fixamente para ela.

— O que? talvez devêssemos fazer alguma coisa.

— Talvez devêssemos aproveitar essa oportunidade generosa, — juntei as mãos em uma prece e olhei pra cima agradecendo — muito obrigada quem quer que fez isso, vendo que nada aconteceu nesta tentativa idiota de suicídio e nos mandar daqui que tal?

Olho para ela com um sorrisinho sarcástico, e espero ela retrucar com o mesmo sarcasmo.

— Não podemos ir agora, tem alguma coisa... — Ela olha continua olhando ao redor esperando alguma coisa — Eu não sei, eu sei que é loucura, mas... ela olha para mim novamente e morde os lábios— É só uma sensação, que devemos fazer isso.

Olho para ela bastante surpresa, ela só pode estar louca, é sério que ela está falando mesmo pra gente permanecer naquele negócio estranho? Agarro os dois braços dela e arregalo os olhos tentando fazê-la entender

— Carrie, essa é a sensação da morte nos chamando.

Ela dá um sorrisinho e quando iria abrir a boca para discutir, a fecha novamente e inclina a cabeça como se ouvisse algo. Eu solto os seus braços e inclino minha cabeça também tentando

— Shhh!! Você ouviu isso?

Eu figo em alerta e olho pra ela confusa procurando algum resíduo de som.

— O que? Eu não ouvi nada...

De repente tudo começou a girar e pequenas chamas voavam pelo ar como se pequenos pedaços de papeis estivessem sendo queimados, era tudo tão brilhante e vivo, ainda sentindo a mão de Carrie na minha, um clarão cegamente surge a nossa frente, protegendo os meus olhos desajeitadamente com as mãos, e lutando contra a vontade de deixa-los abertos para ver o que estava acontecendo, permaneço assim até uma rajada forte de vento que ruidosamente alto passava pelo meu corpo, tento abrir os olhos mas a luz ainda está muito forte e não consigo os manter abertos. Sinto a mão da Carrie de soltar da minha e tento desesperadamente me agarrar a ela de novo, tento gritar o seu nome mas não tenho voz, tento me mover mas não consigo sair do lugar e com aquele vento simplesmente não conseguia ouvir nada, desesperada a procura da Carrie sinto meu corpo cada vez mais leve, cada vez mais fraco até não conseguir mais me sustentar em pé caiu delicadamente no chão como uma saco de batatas, até tudo se cair em uma completa escuridão e o meu desespero foi sento substituído por... nada.

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