Prólogo

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-Você é nojento! – Ashley olhou com reprovação para seu colega de farda, que estava no banco passageiro. O homem devorava um hamburguer como se fosse sua última refeição, parecendo um porco esfomeado.

-O que? Eu tô com fome.

-Não fala de boca cheia! E fecha a boca pra mastigar!

-Está bem, mamãe! – Ela revirou os olhos, acendendo apenas as luzes da sirene da viatura em que estavam, quando entraram na estrada de terra. Estavam indo responder a um chamado domiciliar do velho Rick. O homem vivia ligando para a polícia se queixando de invasões em sua pequena propriedade. Em 90% das vezes eram alarmes falsos, e outras vezes era apenas um guaxinim ou um coiote buscando comida em seu lixo desorganizado – Ash, me diz por que somos sempre nós a atender o velho.

-Não somos sempre nós. E me chame de Subtenente Coller. Estamos em operação.

-Falsa operação. Aquele velho é só um neurótico.

-O respeite! Ele é um veterano da Guerra do Vietnã.

-Um velho fuzileiro neurótico.

-Com motivo para ter medo. Vamos só ajuda-lo, está bem?!

-Sim senhora, subtenente Coller.

-Sua boca ficou suja aí no canto, sargento – Lambeu os lábios limpando os restos de molho que haviam ficado ali. Franklin era um lindo homem em seus 1,82 de altura, olhos acinzentados e cabelo loiro escuro. Já tinha pensado na possibilidade de corteja-lo, mas parecia se apegar fácil demais. Não queria um relacionamento tão cedo... Só queria se divertir.

Parou a viatura e desceu, antes checando se seu revolver estava carregado, o que era quase uma mania que tinha. Viu o velho Rick parado em sua varanda, sentado em uma cadeira de balanço, com sua fiel escopeta apoiada em seu colo. Seu cão pastor estava ao seu lado, com as orelhas baixas e o rabo entre as pernas.

-Boa noite senhor Rick.

-A noite está péssima! Algum bicho grande entrou no meu celeiro. Rosnava como algum urso raivoso... Meu cachorro enfrenta touros enormes, mas ficou com medo daquele animal. Eu acho que lhe acertei um tiro, mas ele se escondeu em alguma baia, eu não quero acertar meus cavalos. Você está mais jovem e enxerga melhor. Pode ir lá mata-lo pra mim?

-Um animal grande senhor Rick? Viu o que era? – Franklin lhe perguntou.

-Foda-se o que é, garoto! Só acabem com ele.

-Senhor Rick, não podemos matar um animal que...

-Faremos nosso melhor, senhor Rick. Não se preocupe.

-Obrigado, menina. Posso oferecer uma cerveja quando acabarem.

-Obrigado senhor Rick, mas ainda estaremos em serviço.

-Deixe disso. Apenas um copo não faz mal a ninguém – O velho voltou pra dentro, e Ashley riu enquanto seu parceiro revirou os olhos.

-Chame o controle de animais. Deve ser só um coiote. Deixa que eu cuido disso.

-A vontade, subtenente – Voltou para a viatura para falar no rádio.

Ashley andou até o celeiro, vendo a marca de um tiro na cerca, e mais adiante, rastros na terra, como se algo realmente grande tivesse caído, e viu sangue. Não era muito, mas o bastante para que conseguisse fazer um rastro até dentro do celeiro. Viu 2 garanhões bastante agitados lá dentro, que saíram correndo quando abriu uma das portas. Ligou sua lanterna e continuou a seguir os rastros de sangue. Acabaram sumindo em meio ao feno que estava no chão, mas agora ouviu algo se mexer lá dentro. Acompanhou o som com a luz, e algo bem maior que um coiote passou correndo, o que a fez empunhar sua arma. Seja lá o que fosse, apontou seu revólver, disparando. Ouviu um grito agudo, que lhe lembrou um gato, mas bem mais grave, e a criatura despencou de volta no feno. Viu-o se arrastar para um canto, agora conseguindo ver o que era... Um homem. Um homem grande e forte, que se encolheu, apertando a perna onde ela tinha lhe acertado. Foi um tiro de raspão, mas o bastante para que não conseguisse se levantar. Seus olhos eram supreendentemente verdes, e brilhavam no escuro.

Fear - Novas Espécies (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora