Capítulo 7

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Ainda estava com frio, e sentiu seus pés doerem. Ela bem que avisou sobre o chão quente... Saiu da cobertura das árvores depois que andou mais alguns metros, mas não viu mais aqueles machos grandes ali naquela rua. Correu até as casas, se escondendo entre duas delas, e depois fez isso mais 2 vezes, atravessando as ruas. Até que encontrou uma casa com a porta aberta, e foi até lá.

Sentiu 3 diferentes cheiros, embora 2 deles fossem muito parecidos. Virou a cabeça atentamente, tentando ouvir algum som de passos ou algo assim. Não ouviu. Mas sentiu cheiro de leite, e o seguiu. Foi até um quarto de paredes azuis com decorações de animais e muitas pelúcias. Pegou uma delas. Era bem grande e muito macia. Já tinha visto aquele animal em algum lugar, se esforçando para lembrar.

-Elefante? Era esse o nome? O bicho de nariz cumprido que tinha em uma das prateleiras do quarto do velho... – Ouviu um som desconhecido vindo de algo com grades ali no quarto –  E eles diziam que não tinham gaiolas... E isso aqui é o... – Olhou para a pequena criatura que estava ali dentro. Na verdade duas pequenas criaturas. Estavam dormindo. Era aquilo que estava cheirando a leite! Eram pessoas? Pessoa muito pequenininhas? Por que tão pequenos? E por que cheira a leite?

Enfiou a cara por dentro daqueles tecidos finos que cobriam as grades, o cheirando mais de perto. O mais escurinho era dono de um dos cheiros da casa. E ele tinha bebido leite a pouco tempo. Por isso o cheiro... Sentiu em sua respiração, já que dormia com a barriga pra cima e a boca aberta. O outro estava deitado de lado, abraçado a alguma coisa macia e branca, como seus cabelos. Ele também tinha coisinhas redondas sob a cabeça, e eram macias, logo soube quando tocou. Mas aquilo se mexeu, o que o fez dar um pulo para trás. Se aproximou de novo, vendo que ainda dormiam. Tocou de novo naquelas coisinhas redondas, que novamente se mexeram. A pessoinha se esticou quando se alongou, abrindo seus olhinhos de cor azulada para olhar para ele, ao mesmo tempo que se sentou e bocejou, o observando. Aproximou seu rosto para cheira-lo, o que o fez encostar em seu rosto. Recuaria se ele representasse algum perigo, mas era uma coisinha tão pequena que pensou que talvez o machucaria se ele se mexesse rápido demais. A pessoinha lhe olhou bem nos olhos, e viu que tinha as mesmas pupilas ovais que ele, e as mesas presas quando abriu a boca para resmungar um tipo de rugido, mas não parecia estar o desafiando; em vez disso esfregou o rosto ao dele. Gostou disso. Era um contato sem nenhuma malícia...

Sentiu outro cheiro, e levantou a cabeça para olhar. Era outra fêmea pequena. Essa tinha cabelo loiro e olhos da cor do céu. Ela não se aproximou nem parecia brava. Só o olhava.

-Gostou deles? – Falava baixo.

-Por que são tão pequenos? E por que estão numa gaiola?

-Não é uma gaiola. Essa grade é para que não caiam da cama enquanto estiverem dormindo. Eles são bebês, então ainda não sabem muita coisa, e são muito frágeis também. Tem que ter cuidado com eles. Inclusive com as horas de sono – Olhou novamente para os dois pequenos, vendo que o branquinho tinha deitado novamente, em uma posição de bolinha. Cheirou o outro, sentindo o cheiro daquela fêmea nele – Podemos conversar ali na sala, para que não acordem?

-A porta da casa ainda está aberta?

-Não, mas eu deixo aberta, se quiser.

-Eu quero.

-Tudo bem – Ela saiu dali, lhe dando espaço. Saiu do quarto também, entrando na sala onde sentiu mais do 3° cheiro. Ela deixou a porta aberta, depois indo até a cozinha. Viu quando ela estava tremendo quando foi pegar um copo d'água.

-Está com medo de mim?

-Não, é que... É. Você me assustou. Quer um copo d'água também?

-Sim.

Fear - Novas Espécies (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora