Sussurro

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O homem estava na frente do hospital observando a porta, olhou o relógio que marcava 19 horas da noite. Suspirou, não havia ninguém lá fora, apenas ele. Parecia que estava reunindo forças para entrar, o buquê de flores que segurava era lindo e fazia ele sorrir sempre ao olhá-lo.

Até que decidiu entrar. Estava movimentado, típico de um hospital bem requisitado, onde vários médicos e enfermeiros andavam para lá e para cá em suas batalhas rotineiras, enquanto pessoas esperavam atendimento, umas estáveis e outras que gemiam de dores e clamavam por uma ajuda rápida.

- Olá, eu vim visitar a Rafaela Nordaz. – Falou após chegar à recepção.

- Ah! Então é você quem vai ficar ao lado dela até amanhã?

- Isso... – Olhou para o crachá dela -... Vitória, aliás, boa noite. – Não estava com muita paciência, mas tentou ser o mais educado que conseguia.

- Seu nome, por favor. – Não tirava os olhos do computador enquanto digitava algumas coisas, sua expressão era cansada e vazia, como se já não importasse mais nada e apenas seguia o protocolo.

- Erick...

- Siga em frente e vire no último corredor à esquerda, o quarto dela é a terceira porta à direita. Assine seu nome aqui antes de ir. – Falou sem deixar o rapaz dizer o sobrenome, apenas continuou a teclar sem fim.

Ele não se importou muito, queria estar logo ao lado de Rafaela. Então escreveu ligeiro o nome na lista e virou-se para o corredor. Mas antes de seu olhar ir completamente na direção do caminho, uma pequena bola atingiu levemente seu pé e uma garota se aproximou para pegá-la.

- Oi, moço, desculpa ter acertado o senhor, essa bolinha é muito rápida!

A menina estava com uma roupa costumeiramente usada por pacientes internados, mas não parecia estar doente, muito pelo contrário. Os olhos eram bem vívidos e a expressão animada.

- Está tudo bem, essas bolinhas são rápidas mesmo. – Se abaixou para pegar a bolinha e entregou para a garota.

- Você vai visitar alguém? – Apesar de ter pressa para chegar ao quarto de Rafaela, não podia recusar a pergunta inocente de uma criança.

- Sim! Ela está bem doente, mas eu vou estar ao lado e sei que vai melhorar.

- Mais um... – A voz dela ficou fria, era como se uma geada invadisse aquele lugar. Ela saiu correndo logo em seguida. Erick ficou parado por alguns instantes até começar a andar, ainda confuso.

- Senhor, nada de flores aqui neste hospital, isso pode piorar a situação de pacientes com problemas respiratórios. – Vitória tirou o rapaz daquele transe momentâneo, e ainda com uma expressão vazia, colocou as flores em um vaso ali perto, junto com várias outras.

Erick agora um pouco mais calmo, começou a andar, mas ainda pensava no que aquela garota havia falado. Mesmo assim continuou andando pelo corredor, alguns enfermeiros passavam com pressa por ele, outros conversavam entre si enquanto pegavam um copo de água, o espaço era largo onde 3 pessoas poderiam andar uma do lado da outra. Lâmpadas fluorescentes iluminavam as portas dos quartos, que em sua maioria mantinham-se fechados, com exceção de um ou outro médico que saia e entrava neles para ver os pacientes, Erick conseguiu ver um deles enquanto andava, era um idoso e dormia tranquilamente na cama, o quarto era bem limpo e espaçoso de cor verde com algumas partes brancas. Desviando o olhar novamente para o seu caminho notou que já estava chegando ao fim do corredor.

Seguiu as instruções da recepcionista e virou à esquerda, continuava bem iluminado, mas não havia ninguém andando por lá. Olhou para o relógio e havia se passado uma hora.

Contos de um escritor em treinamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora