Capítulo quatro.

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Juniper ia na frente, terminando de comer a casquinha que sobrara de seu sorvete. Ela estava feliz, mas não satisfeita, e Camila sabia, apesar de insatisfação ser algo raro para sua pequena. A menina resolvera que a mãe precisava dar a ela aquele prendedor de cabelo que ficava ao redor de seu pulso corado. O final do caminho até o Wallmart e todos os quarenta minutos que estavam passando ali entre elas e Dinah estava sendo novo na vida de Camila. Ela nunca tinha visto sua filha teimar tanto com algo. Nem mesmo quando resolvia ir embora mais cedo da praia, em um dia de passeio.

- Eu preciso dele porque a moça dos desenhos tem um! - a garotinha de cabelos negros e cacheados tentava convencer a mãe com suas mãos gesticulando abertamente.

Então Camila suspirava e negava levemente com a cabeça, ela não daria aquele prendedor para Juniper.

- Você pode pegar um pacote com um monte de prendedores novos na sessão de beleza. Dinah e eu esperamos você aqui.

E mesmo assim, diante da oferta, a pequena ainda não se dava por vencida, e oferecia muitas coisas em troca. Fazer as tarefas assim que chegasse em casa, tomar banho sem precisar mandar, não assistir Full House até tarde, comer todos os aspargos em seu prato... mas nada convencia Camila, nada adiantava. Por fim, Dinah era quem mais estava confusa ali, não entendia porque Juniper não aceitava comprar prendedores novos, e não fazia ideia de qual era o motivo que impedia tanto Camila de dar para a filha o acessório em seu pulso.

Ela realmente poderia comprar um pacote com novos por menos de um dólar. Foi quando Dinah oferecera para menina um pacote de salgadinhos e uma raspadinha de tutifrutti que soube que poderia sanar sua dúvida com a amiga.

- Você vai me contar o motivo de estar brigando com sua filha por um elástico de cabelo? - a polinésia questionou enquanto elas paravam na parte dos cereais.

- Não tem motivo nenhum, Dinah. - a outra respondeu com um tom de voz meio abafado e mau humorado, enquanto apoiava uma mão na prateleira e se esticava na ponta dos pés para alcançar o cereal que Juniper gostava. Levaria também um daqueles que vinham com brindes dentro da caixa, já que estavam em promoção. - Eu só não quero dar, é um direito meu. - agora a voz saíra com um suspiro de quem dizia estar cansada do assunto, mas Dinah continuou:

- Olha, Camila, eu te conheço há anos e você não costuma ser assim por nada. - Dinah ergueu levemente as sobrancelhas e apertou os lábios fazendo aquela expressão de quem sabia que estava com a razão, e nem adiantaria tentar negar. - Você tem vinte e seis anos e a dez minutos atrás sua filha e você estavam tendo o tipo de discussão que garotinhas de cinco anos têm!

Camila se remexeu e cruzou os braços, demonstrando que estava se sentindo exposta. Dinah era uma boa observadora e sabia que estava chegando em algum lugar com aquela conversa. Ela não passaria muito tempo curiosa sobre o comportamento anormal de sua melhor amiga.

- Mila... somos melhores amigas, eu não vou te julgar ou caçoar de você seja lá o motivo que for! - a mais alta agora adotara um tom mais calmo, tentando evitar com que Camila se sentisse atacada e se fechasse. - Pode me contar.

A brasileira, então, finalmente resolvera dar alguma resposta. Ela não achava justo esconder coisas importantes sobre sua vida, de Dinah. A mulher tinha sido uma das melhoras amigas que ela já tivera em toda a sua vida. Superava até mesmo uma boa quantidade das que tinha no Brasil. E também, não havia motivo algum para que o motivo de Camila para ser tão protetora com uma "xuxinha" (como era chamada no Brasil) fosse suficiente para que Dinah encarnasse nela. Ainda meio sem graça, e tentando fingir que não se sentia tímida enquanto encarava a caixa de cereal, resolveu falar.

- Você se lembra de quando paramos para conversar sobre como eu vim parar em Miami?

- Claro, Mila. - Dinah assentiu com a cabeça poucas vezes, confirmando. Ela se lembrava porque nunca tinha visto Camila chorar tanto como chorou no dia que se abrira para ela. O choro sentido ainda ressoava em sua mente. - Foi porque você engravidou... e porque estava, hm... quer dizer, tinha aquele problema com seus pais e-

Gotta Be You. - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora