Capítulo dois.

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Notas da autora: Coloquei uma foto da Juniper aqui em cima, porque provavelmente está impossível de ver como ela é na capa da fanfic.

Divirtam-se. ;)

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Camila poderia chamar aquilo de milagre. Tinha conseguido pegar um ônibus vazio na hora de voltar para casa. O dia tinha sido cheio, seus pés doíam – talvez ela também precisasse de sapatos novos – e ela estava tensa. Algumas horas mais cedo, Dinah a ligara com uma voz meio preocupada. A brasileira estranhara que não tinha sido sua filha a ligar, como sempre fazia. As palavras de Dinah foram ditas em voz baixa, mas tiveram o mesmo efeito se tivessem sido ditas em um megafone.

— Juniper chegou quieta, ela não quis te ligar porque está chateada. – Dinah dissera enquanto Camila ouvia quieta e assustada, do outro lado da linha. — Eu acho que ela chorou, Mila. Ela me disse que as meninas do colégio estavam implicando outra vez, mas não quis me contar o motivo.

Camila não soube o que dizer para Dinah quando ouviu aquelas palavras. Seu peito estava esmagado em raiva e em um instinto de proteger sua filha de tamanho imensurável. Ela até desejou que as meninas fossem mais velhas, tivessem a sua idade, assim ela poderia dar-lhes uns bons tapas para que se colocassem em seu lugar.

— Mila, eu vou dizer que você vai conversar com ela assim que chegar. Ela parece receosa, vou tentar acalmá-la. Por favor, não fique nervosa, vai acabar te atrapalhando por aí. Até mais.

As lágrimas salpicaram os olhos de Camila pelo resto do dia, e ela ainda segurava a vontade de chorar enquanto estava no ônibus. Os dedos se entrelaçam uns aos outros como sempre acontecia quando Camila estava nervosa. O tempo parecia não passar, e que sua casa parecia ser muito mais longe do que realmente era. Camila pensava que tudo aquilo era culpa dela, e só sentia mais vontade de chorar. Seu emprego era ótimo, mas com aquilo ela não conseguia dar a filha as regalias que as outras meninas de sua escola tinham.

Juniper costumava falar distraidamente sobre como as meninas sempre apareciam com materiais escolares coloridos e brilhantes, meio extravagantes. Mãe e filha riam juntas achando bobo que elas usassem tantas pulseiras coloridas nos pulsos e mochilas tão cheias de "fru-frus". Na verdade, ela sempre se sentia impotente e meio envergonhada quando ia buscar Juniper na escola nos seus dias de folga. Juniper ainda estava na fase onde as crianças iam e voltavam da escola com os pais, mas ela ia com o ônibus comunitário. Na hora de voltar, quando a mãe ia buscá-la, a menina voltava com o ônibus normal, o pago, com sua mãe, enquanto as outras meninas voltavam de carro. Aquilo não era nada pra ela, ela gostava de caminhar e andar de ônibus com a mãe, mas Camila se sentia meio pequena perto de todas aquelas mães chiques com seus carros bonitos. Se sentia culpada porque ela não tinha precisado voltar, ou ir de ônibus para a escola, ela tivera um motorista que a levava e buscava sempre. Desejava prorporcionar o mesmo para sua filha, para que as meninas da turma a deixassem em paz.

Até onde ela sabia, a única maneira de conseguir mimar Juniper do modo que as outras mães mimavam suas filhas, seria se ela passasse a ter mais um emprego. Ou aceitar a "mesada" que seus pais viviam oferecendo, mas estava fora de cogitação, era loucura. Do jeito que conhecia seus pais, se um dia eles tentassem ter a guarda de Juniper, poderiam expôr – mesmo que fosse mentira – que Camila só conseguia manter a menina por causa do dinheiro deles. Bom, às vezes ela chegava a aceitar a quantia, mas apenas em casos extremos, quando as coisas ficavam difíceis de verdade, geralmente quando Juniper estava doente. Talvez ela pudesse convencer os pais a darem a mesada diretamente para Juniper, assim seria mais um presente de avós do que uma "ajuda de custo", como eles pareciam ter o prazer de chamar sempre. Camila lembrava de ter se irritado até o topo quando disseram que o dinheiro seria para ajudar a conviver com o acidente que de certa forma eles teriam provocado. Ela não se lembrava de ter gritado tanto com os pais como fizera naquele dia. Quase não se importara de acordar a bebê de dois anos, que dormia no cômodo ao lado. Pelo menos colocara seus pais em seus devidos lugares. Quem eles eram para chamar Juniper de acidente?

Gotta Be You. - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora