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Charlotte terminou o penteado que estava fazendo, resolveu não deixar seu cabelo solto, como havia feito tranças optou por um coque bem feito. Olhou-se no espelho, não podia negar o quanto estava bonita, bonita o suficiente para a fazer se sentir bem em ir à uma festa de Joss Moss. Céus, faria de tudo para não ir, porém tanto Babe quanto Piper conseguiram a convencer a não dar esse gostinho a herdeira.

Por mais que ainda estivesse irritada com Henry, por razões que não queria parar para analisar, sabia que nunca iria ficar com a consciência leve se deixasse seu amigo na mão justo agora. Principalmente porque ele agia como um total idiota quando estava ao lado de Joss, e não podia contar com a sorte para que Henry não falasse de mais. Então era o jeito ir nessa festa estúpida com pessoas fúteis, mas pelo menos não estaria sozinha, e qualquer coisa era só voltar para casa e continuar a maratonar suas séries debaixo de suas cobertas quentinhas.

Soltou um suspiro frustrado e voltou a encarar sua imagem refletida no espelho, se aproximou um pouco e passou mais uma camada de seu batom preferido. Estava pronta, só faltava esperar a carona, e a buzina estridente que escutou em frente à sua casa era o sinal da chegada de seus amigos. Desceu às escadas apressada antes que sua mãe se juntasse ao coro de barulhos e passou pela sala onde a mesma assistia a um filme.

- Tchau, mãe. - falou, se aproximando por trás do sofá para lhe dar um rápido abraço.

- Tchau, bonequinha. Vê se não volta tarde. - pediu, mandando um beijo para ela que já estava saindo pela porta.

- Pode deixar. - a tranquilizou, fechando a porta e caminhando em direção ao carro.

- Olha que mulher maravilhosa! - escutou Piper gritar pela janela do banco de trás, e abaixou a cabeça envergonhada quando percebeu que parte das pessoas que passavam na rua à davam atenção.

- Es-pe-ta-cu-lar! - Babe fez coro, batendo palmas ritmadas a cada sílaba que soletrava. - Henry Hart que prepare o coração!

Ela definitivamente iria voltar com amigos a menos depois dessa festa. Tentou caminhar o mais rápido que conseguia para sair logo dali, principalmente porque escutava a risada alta de sua mãe que com toda a certeza observava a cena da varanda.

- Eu conheço ela! É minha melhor amiga! - Jasper gritou animado para a rua assim que ela abriu a porta do banco do passageiro, obviamente um pouco impaciente.

- Eu juro que um dia ainda mato vocês. - prometeu, lançando um olhar feroz para os três no banco de trás que gargalhavam animados.

- Não pode culpar eles por dizerem a verdade. - Henry se aproximou rapidamente para sussurrar de forma que só ela escutasse.

Charlotte o encarou sem reação, quem aquele projeto de super-herói pensava que era? Henry somente riu e piscou para ela antes de ligar o carro em direção à festa. Sem jeito, virou-se para a janela e teve a certeza de que aquela noite iria ser longa.

¤ ¤ ¤ ¤ ¤

Assim que entraram na rua adornada de casas enormes e visivelmente caras, poderam escutar a música que vinha de uma mais à frente. Não foi preciso procurar muito pela casa de Joss, já que a mesma se encontrava lotada de pessoas e um show de luzes iluminava toda a entrada.

- E eu achando que não tinha como ela ser mais rica. - Piper falou, empurrando Jasper para sair logo do carro.

- Ter educação não mata ninguém. - O Dunlop resmungou irritado quando foi praticamente expulso para fora.

Henry havia parado do outro lado da rua, local que já estava cheio de carros e iria procurar ainda um espaço para estacionar.

- Vamos descer aqui, encontramos vocês lá dentro. - Babe avisou, sem dar chance para Charlotte cogitar descer.

Assim que a Carano bateu a porta, Henry saiu com o carro. Charlotte cruzou os braços e um bico infantil de aborrecimento estampou seu rosto.

- Vai ficar a noite toda sem falar comigo? - o Hart perguntou, querendo quebrar o silêncio incômodo.

- Vou fazer o possível. - respondeu sem entusiamo.

- Char.

- Olha ali, perto daquela casa tem uma vaga, se é que podemos chamar de casa já que tem três andares. - desconversou, apontando para uma vaga mais à frente.

Henry assentiu e dirigiu até onde ela havia informado, estacionou o carro e se virou para falar com ela, mas a garota já saia apressada do veículo. Soltando uma risada descrente, desligou o carro e saiu para fora. Após trancar tudo e ligar o alarme, deu a volta para encontrar Charlotte na calçada, ela passava as mãos pelos braços e tentava não demonstrar sentir frio.

- Vamos ter uma trégua hoje, por favor. - pediu, se aproximando e notando que ela não recuou, levou isso como uma pequena vitória.

- Pode ser, não estou a fim de ficar discutindo a noite toda mesmo. - admitiu a contragosto. - Principalmente porque já tenho que aturar a Joss ao seu redor em cada chance que ela tiver.

Henry realmente tentou não rir da careta que ela fazia, mas foi impossível. A Page voltou-se para ele com um olhar desconfiado, o garoto se aproximou mais e a abraçou de lado quando começaram a caminhar em direção à festa.

- Por que você está rindo?

- Nada. - respondeu simples, mas não a convenceu.

- Acha engraçado ter uma herdeira da máfia colada em você o tempo todo?

- Acho engraçado o seu ciúme. - a provocou, recebendo em troca um beliscão no braço. - Ai! Caramba, mulher. - reclamou, se afastando alguns centímetros dela.

- Você não me testa, Hart. Posso muito bem esquecer nossa trégua. - avisou, tentando não rir quando ele a olhou ofendido.

- Você é muito má. - foi só o que conseguiu dizer, a escutando soltar uma alta gargalhada.

O sorriso que veio ao seu rosto foi automático. Ver Charlotte iluminada pelas luzes coloridas que viam da entrada da casa, rindo de olhos fechados, fez seu coração se aquecer em uma intensidade que o assustou.

- Vamos entrar, Hen. - pediu quando conseguiu controlar a risada.

Estendeu a mão para ele que a aceitou, mas a puxou em sua direção, o que a fez ter que se apoiar nele para não cair. Charlotte estava com uma mão apoiada no peito do Hart e a outra em seu ombro, Henry apertava a cintura dela com a mão livre e seus rostos estavam em uma proximidade desconcertante. Podiam sentir a respiração do outro, e a corrente elétrica que imediatamente percorreu os dois corpos era algo novo, o que os deixou paralisados.

Mas uma falsa tosse desnecessariamente alta os tirou do transe, virando-se rapidamente para a origem do som encontraram a dona da festa os encarando com um enorme sorriso falso.

- Achei que você não viria mais, Hen. - o tom doce e irritado dela os fez se separarem um pouco, mas o Hart ainda manteve a mão presa à cintura de Charlotte.

Era hora de iniciar a noite.

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