textos crueis (Leia-me Se For Capaz)

dentre cinzas e o cinza

Por tantas vezes me vi aqui, no mesmo lugar, com os mesmos pensamentos, me vejo sempre tentando me agarrar fielmente a alguma coisa, uma alegria no meio de toda essa merda que durante anos venho varrendo pra baixo daquele nosso velho tapete amigo.
E quanto mais eu penso nisso, do quanto a gente precisa de uma razão, de um porquê, não faz sentido abrir os olhos ao acordar, e impossivel de feixa-los pra dormir, já nem sei a quanto tempo nao sonho, falando em sonho, também não os tenho na vida que vivo. Meu maior sonho seria acordar aos 6 anos de idade e sim descobrir que tive um sonho loucamente lúcido e trágico de um futuro que era no fundo meu maior pesadelo, carrego comigo também todas as dores, e acreditem não tem Torcilax que alivie a dor de não ter um porquê, uma razão, nada que motive, que te faça voltar a ver as cores, por que daqui, no presente tudo é cinza, tem cheiro de fumaça dos cigarros acumulados no cinzeiro, são 11:30, meu dia nem começou e eu aqui escrevendo o quanto eu queria que ele nem tivesse começado, ou que por um discuido Deus erra-se e puxasse pra cima, mesmo sabendo dos meus pecados, aqueles em nome do amor, principalmente, por que eu nunca soube amar, não sou boa com bons sentimentos, mas qual cachorro que só apanhou não se escolheria com uma mão levantada?
Tenho tantas cicatrizes na alma que nunca tive vergonha as que carrego no braço, na perna, na sola dos pés.
E aqui estou eu, de novo, no sofá, com meu café e cinzas de cigarro, mas ainda me agarro fielmente, mas já nem sem no que me seguro.