CAPÍTULO 4

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SUMMER WESTMORE:

Depois de um longo e exaustivo dia de aula, Fellow e eu pegamos uma carona com o Liam.

Ele era o único de nós três que tinha seu próprio carro, já que o de Fellow estava no conserto, e eu não tinha nenhum.

O carro do Liam cheirava a maconha e ele usava aromatizantes de flor para tentar disfarçar o cheiro, mas só piorava a situação. É, o garoto metido á perfeito sabia muito bem como esconder esse seu lado maconheiro que só eu e Fellow conhecíamos.

O tempo inteiro eu sentia vontade de espirrar, mas a vontade passava ao lembrar que se isso acontecesse, teria que ouvir seu enorme discurso sobre bactérias e germes transmissíveis através de gotículas do espirro.

Durante a viagem, os dois discutiam estupidamente sobre exemplos de Deus ex Machina no cinema, e Liam surtava quando Fellow dizia que Guerra dos Mundos era o pior e mais sem sentido de todos. E eu, dispersa daquela discussão idiota, pude observar as casas ainda enfeitadas com a decoração de natal, de três meses atrás. Todas elas com enorme enfeites das portas e nas árvores, algumas até em suas cercas-vivas.

Aquilo me lembrou um episódio de uns seis anos atrás, quando cheguei em casa e havia uma enorme árvore no meio da sala de estar, cheia de luzinhas natalinas e bolas decorativas.
Meu pai odiava essas coisas, mas minha mãe insistia em preparar a casa para o natal, a justificativa dela de ter comprado aquela aberração necessitada de muito espaço em poucos metros quadrados, foi: "achei linda e atrativa. O mercado sabe mesmo como persuadir o cliente, não é?". Quando perguntei o preço, quase caí para trás, pasma com a fortuna que ela gastou para comprar algo que usaríamos por apenas alguns dias e logo não iríamos precisar mais. Realmente, o capitalismo sabe mesmo como persuadir o cliente.

E depois de minutos na estrada, muitas reflexões e brigas por causa de filme, finalmente chegamos na nossa lanchonete preferida.

Entramos na Montecchio, a lanchonete hippie onde serviam o melhor milk shake da cidade, e sentei em um dos banquinhos giratórios do balcão, enquanto Fellow e Liam esperavam na mesa dezessete, a nossa mesa tradicional.

Martin, um dos funcionários do local, veio me atender, com seu cabelo bagunçado e sua cara de falsa empolgação. Ele era tão desanimado, que na sua testa parecia estar sempre escrito "Eu não queria estar aqui".

---- Sabor dezessete, sem cereja em cima e com menos calda de chocolate que o tradicional.--- disse, imitando meu jeito de falar, só que de uma forma mais tosca.---- Tô certo?

Ele me conhecia tão bem. Talvez pelo fato de ser meu ex-namorado.

Nós nos conhecíamos desde os seis anos de idade, quando participamos de um acampamento de verão.
Há uns quatro anos, quando Martin e eu éramos dois adolescentes idiotas na puberdade e cheios de hormônios, ele me pediu em namoro, e eu aceitei imediatamente. Na época, só estávamos desesperados para vivermos como adolescentes normais, que beijam, namoram e vão a festas.
Ele tocava violão, e cantava para mim as minhas músicas preferidas, era lindo.
Porém, depois de dez meses e cinco dias juntos, terminamos, ou melhor, ele terminou comigo.

Eu gostava dele de verdade. Quando o namoro acabou, Martin seguiu com sua vida normalmente, e eu, fiquei triste e chorando no banho com o coração partido. Foi horrível. Era inevitável encontrá-lo, já que o infeliz trabalhava no lugar que eu mais frequentava depois da escola, mas aos poucos, consegui superar esse término que destruiu metade do meu psicológico.

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