Quando Você Se Foi...

CAPÍTULO 7

SUMMER WESTMORE:
 
O nosso café da manhã daquele dia não foi dos melhores. O clima na mesa estava tenso e constrangedor. A cara da minha mãe denunciava o quanto ela estava furiosa, e quando isso acontecia, nada era capaz de acalmá-la.
 
E quanto á mim, antes de descer para o café, eu já tinha lavado o rosto, escovado os dentes, feito uma maquiagem de leve e mesmo assim, nada conseguia disfarçar minha cara inchada.
 
Minha cabeça latejava, mas isso era de menos. Haviam problemas maiores. Na verdade, haviam problemas que eu não gostava nem de lembrar. Eu estava de ressaca, e não havia coisa pior.
 
Além de uma baita dor de cabeça, e o desejo incontrolável de ir ao banheiro o tempo inteiro, eu ainda tentava buscar na minha mente o que realmente tinha acontecido naquela madrugada, e o porquê de eu ter acordado no quarto de visitas da casa da Gillian.
 
Tirando também o fato de que, provavelmente toda aquela fúria da minha mãe era por minha causa, e certamente, me deixaria de castigo por ter voltado pra casa no outro dia, mesmo depois dela ter deixado bem claro que não era para uma coisa daquele tipo acontecer.
  
Obviamente, sua maior vontade naquele momento era me matar, ou sei lá, me jogar dentro de um poço. E eu não poderia contestar, era até justo. Eu havia saído de casa na noite anterior prometendo que não iria beber e que voltaria antes do amanhecer. O que não aconteceu. Ela poderia sim ficar puta comigo.
Era totalmente justo.
 
Enquanto eu enchia minha xícara de café, senti seus olhos me fuzilarem. Ethan e Ben também perceberam aquilo, mas ficaram calados, pois se abrissem a boca, sobraria para os dois.
 
Engoli em seco, e então ela desatou a falar:
 
---- Inacreditável...--- começou, e eu já sabia o que viria pela frente ---- Eu confiei em você, não vi problema nenhum em te deixar ir por ser a sua primeira festa do colégio, e é assim que se comporta?
 
Suspirei.
  
---- Mãe, eu...
  
---- Não tem justificativa, Summer!--- aumentou o tom de voz, fazendo Ben e Ethan pularem de susto na cadeira. Os dois serviam apenas de platéia para o pequeno escândalo ---- Era pra você ter chegado em casa há seis horas atrás, e você chegou há vinte minutos! 
  
---- Você está fazendo tempestade em copo d'água. Foi só uma festa, e eu estou viva, não estou?--- falei, indiferente.
  
Tentei manter a expressão mais serena possível. Eu tinha que demonstrar total confiança e displicência diante da sua bronca nada acolhedora, só assim ela perceberia que não valia a pena continuar a discussão, já que eu aparentava não dar a mínima.
 
---- Você só está falando isso, porque ainda não é mãe!--- choramingou, iniciando o drama materno ---- Vocês adolescentes são uns ingratos! Por trás de todo baladeiro inconsequente, há uma mãe em casa preocupada! Você devia dar valor á isso, Summer! Nem todo mundo pode ter uma mãe que zela pelo filho.
 
Respirei fundo, e passei as mãos pelo rosto. Ás vezes, minha mãe reclamava tanto dos adolescentes dramáticos, que acabava agindo como um.
  
Do nada, ela começou a chorar e logo foi abraçada pelo Ethan. Eu e Ben assistíamos tudo em silêncio, tentando entender o porquê daquilo.
 
---- Okay. Já deu pra mim.--- decretei, me levantando.
  
---- Fica, e termina de comer o bolo!---ordenou, irada. Voltei a sentar, e revirei os olhos ---- E revira essa droga de novo, que faço você ficar assim pelo resto da vida.
 
Assustada com a ameaça agressiva, decidi comer o maldito bolo de cenoura rapidamente, e me mandar dali o mais depressa possível.
  
---- E você está de castigo. Da escola pra casa por um mês.--- decretou.
  
---- Mas, e a Heather? Eu tenho que ajudar ela, e...
  
---- Do mesmo jeito que você pode ir até lá, ela também pode vir até aqui. E está decidido.
 
Maravilha...

(...)

 
O radinho exposto em cima do aparador encostado na parede, tinha um aspecto meio vintage. E apesar de ser bem velho, o som não saía como um ruído, ou como uma música sombria de trás pra frente. Para falar a verdade, era bem nostálgico ouvir Olivia Newton John naquela buginganga.
    
Naquela tarde de sábado, chovia horrores, e como o tempo lá fora não estava muito bom para fazer exercícios ao ar livre voluntariamente, eu resolvi vestir uma roupinha justa e correr um pouco na esteira da minha casa mesmo.