CAPÍTULO 2

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SUMMER WESTMORE:

---- Que susto, criatura!---minha mãe gritou, ao me ver descendo as escadas ---- Chegou faz tempo?

---- Uns dez minutos.---respondi, passando por ela e indo em direção á mesa lotada de guloseimas do café da manhã.

---- Milagre você estar em casa. Geralmente, você sempre vai pra escola de lá da casa da Fell mesmo.--- comentou, possivelmente desconfiada, enquanto beijava o topo da minha cabeça.

---- Eu esqueci minhas roupas, tive que vir.

Eu era péssima com desculpas e mentiras, mas ela pareceu acreditar. Minha sorte, era que mamãe estava no mercado quando cheguei de fininho em casa com o vestido de festa. Se ela soubesse da minha fuga, seria o meu fim.

Logo depois, meu irmão chegou á cozinha:

---- Bom dia, filhote.--- mamãe o cumprimentou, e ele apenas acenou, se juntando á nós na mesa ---- Alguma novidade?

---- Fui o único a tirar A no teste de matemática.--- Ben se gabou, me fazendo revirar os olhos.---- O senhor Patell ficou impressionado com o meu desempenho acadêmico espetacular.

O Ben era o modelo fiel de garoto nerd. Ele era um pirralho de treze anos, que usava um óculos fundo de garrafa, sentava na carteira da frente em todas as aulas, e considerava uma aberração quem tira notas abaixo de oito. Meu irmão tinha problemas. Coitado, tão novo.

Eu também tinha uma irmã mais velha, a Elizabeth, ou Lizzie. Ela era uma garota descolada, cheia de atitude e de tatuagens. Tinha vinte e um anos, e morava em uma república em Nova Iorque, com mais umas três garotas. Nós nos víamos sempre no natal, no feriado de ação de graças, e quando ela vinha fora de época pedir dinheiro emprestado á mamãe.

---- Eu também tenho uma novidade!--- ouvimos a voz de Ethan, o "assistente" da mamãe.

Dessa vez, Ben revirou os olhos comigo.

Nossos pais se divorciaram há uns quatro anos, e então, mamãe conheceu o Ethan. Ele não era bem o namorado dela, na verdade, eles apenas transavam casualmente. Tecnicamente, ele só servia pra carência da minha mãe, já que não era nada sério, não se assumiam, e podiam ficar com quem quisessem, então...

Além disso, ele e a Lizzie também transavam casualmente quando ela estava na cidade, e só eu sabia disso.

Eu não entendia como minha mãe conseguia se adaptar tão rápido aos hábitos dos seus companheiros, por mais que alguns fossem temporários. Meu pai era um cirurgião ortopédico, cheio de regrinhas de organização, mas que curtia beber enquanto assistia futebol na tevê. Já o Ethan, era um cara todo desligado, que não ligava pra nada e conseguia viver até em um lixão, sem se importar com o ambiente.

Eu tinha um grande problema com o Ethan. Ele era dezessete anos mais novo que a mamãe, e lia o jornal pela manhã apenas para pegar números de pizzarias. Além disso, o cara era um bad boy, desses que vestiam camisas de time de basquete, e andavam em motos barulhentas e descoladas. No caso, descoladas apenas para eles. Ele também tocava numa banda com o pai e um amigo do pai dele, para completar a desgraça. Naquele momento, por exemplo, ele deveria está em alguma garagem com sua banda estúpida de três homens bêbados e desempregados, não na nossa cozinha.

Eu custava acreditar, quando ele dizia que não tinha complexo de édipo.

---- Nossa banda foi chamada para tocar no festival do abacaxi.-- falou, de boca cheia, enquanto mastigava uma maçã.

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