Quando Você Se Foi...

CAPÍTULO 6

THOMAS HOFFMAN:

Como imaginei, consegui convencer a  surtada da Summer a dar pelo menos um gole na bebida.
O que eu não esperava, era que horas depois ela estaria em cima do sofá dançando Macarena. Isso eu realmente não esperava.

Depois de ter vomitado toda a bebida que eu havia ingerido desde que cheguei a festa, o que não foi muita, me senti um pouco melhor, mas a casa ainda parecia girar. Pelo menos um pouco.
Me encostei em um dos pilares da varanda, e cruzei os braços, observando do lado de fora aquela cena cômica da garota dançando. Sinceramente, aquela foi a primeira coisa que me fez rir de verdade, desde os últimos dias.
Mas meu riso desapareceu imediatamente, quando vi Heather.
Ela estava sozinha, sentada no capô do seu carro. Parecia deprimida, e olhava pro chão, enquanto bebia.
 
Aquilo me deixou completamente abalado. Pensei até em me aproximar, mas não era uma boa idéia. Ela já tinha me enxotado da sua vida, e se eu fosse até lá, iria acontecer o mesmo.
 
Pra falar a verdade, eu ainda não entendia qual era o motivo do término. Exceto o fato de que ela estava cada vez mais distante, como se estivesse dando um sinal de que as coisas haviam mudado, e quando eu dizia coisas, estava me referindo aos sentimentos, que não eram mais os mesmo do início do namoro.
 
Então, inesperadamente, num dia totalmente aleatório, ela terminou comigo. E eu não tive tempo nem de questionar e saber o porquê, mesmo tendo direito, depois de tudo que a gente passou ela não teve o mínimo de consideração com os meus sentimentos. Quando vi que nada iria adiantar, resolvi ignorar e deixá-la em paz.
A decisão partiu dela, e foi definitiva.  Heather não queria ser nem minha amiga mais, então não faria sentido ir consolá-la.

Alguns segundos depois, senti uma enorme onda de enjoo se aproximando e corri para o banheiro. Lá, despejei toda a porcaria da bebida nojenta, que nem eu sabia o porquê de ter bebido.
 
O bom de estar em uma casa conhecida, é que mesmo morto de bêbado, eu conhecia cada cômodo daquele lugar como se estivesse sóbrio.
 
Lavei a boca e as mãos, e voltei para a sala. Me senti mais aliviado quando a tontura passou. O pessoal todo estava acompanhado, cada um com seu grupinho ou parceiro. Procurei por Nicholas ou Luke, mas sem sucesso. A única amiga que ainda vi por lá, foi Gillian, mas ela parecia bem impaciente, conversando com o entregador de bebidas. Ele que devia estar impaciente, além de estar trabalhando de madrugada, ainda tinha que aturar chilique de uma adolescente chata. Pensei em ir até lá e amenizar a situação, mas descartei a idéia. A Gillian que se vire com seus problemas.
 
Já passavam das três da manhã, e a festa estava começando a ficar monótona. Decidi ir embora, e ao andar pela multidão, esbarrei em Greg Jockey, que há muito tempo não o via. Ele estudou comigo no primeiro ano, e também fez parte do time de Lacrosse. Era um dos melhores, mas foi embora para Nova Iorque, depois que o pai dele conseguiu um emprego melhor em uma multinacional.

---- Thomas Hoffman!--- me abraçou, eufórico. A euforia era por conta da bebida mesmo, já que ele era mais do tipo quietão e parado.

Mas ao olhar bem, presumi que talvez o motivo de toda a euforia, era a sujeirinha branca em seu nariz.

 ---- Ahn... e aí, cara.--- retribuí o abraço forçado ---- como estão as coisas?

---- Uma belezinha. Fui embora dessa merda de cidade, mas resolvi dá uma passadinha aqui pra curtir a festa da nossa amiga.--- gargalhou, sem motivo algum.

---- Por falar em Gillian, você viu ela por aí?--- perguntei. Eu nem queria encontrar a Gil, só queria arranjar uma desculpa pra cair fora daquele papo sem graça.

---- Vi sim. Ela estava subindo pro segundo andar, com um cara. Ele usava um uniforme, parecia um...

---- Entregador de bebidas?--- deduzi.