O silêncio consegue ser pior que o barulho, algumas pessoas enlouquecem se não ouvem por muito tempo.
O teto constrastava com o escuro da noite que já estava no seu ápice, os barulhos baixos de carro e moto trafegando pela grande avenida do lado de fora. Uma linda canção tocava enquanto eu olhava para aquela tela daquele celular. A luz azul destruía cada vez mais os meus olhos, mas eu não queria parar só queria uma solução.
Jovem aprendiz, experiência em algumas das 3 opções - em todas as vagas que eu tentava, só encontrava isso.
E eu não tinha experiência em quase nada, um grande mal dessas empresas que infelizmente só dão vaga para quem for amigo de alguém de dentro.
Meu avô roncava no quarto ao lado, me lembrava muito um motor de moto.
Desliguei um pouco a tela do celular e abri a janela do quarto, observei um pouco o céu sem estrelas, assim como a minha vida que estava de cabeça para baixo.
Pensei brevemente no que eu poderia fazer para conseguir dinheiro e como fazer.
Fui na sala e peguei a minha mochila que estava sob a estante de madeira.
Uma mochila surrada e rasgada que já não aguentava mais o meu uso.
Tirei de dentro uma lata de batata palha que eu usava para esconder o dinheiro. Dei uma verificada e ainda estava tudo no lugar, olhei para a lâmpada e coloquei minha cabeça na parede.
Só senti uma lágrima caindo de novo em um olho que já estava vermelho de tanto chorar.
Não, hoje não!
Limpei o rosto e guardei novamente os 13 reais que eu tinha deixado guardado, horas atrás eu usei o dinheiro para levar minha mãe na formatura o que me deixou sem nada.
Deixei a mochila na sala e verifiquei o quarto do meu avô e vi que ele estava já com a sua roupa de dormir e um cobertor.
Abri a geladeira da cozinha e só tinha duas garrafas d'água e uma cebola dentro de um saco.
Inferno!
Voltei para o quarto e liguei a tela do celular e tive a ideia de enviar mensagem para a minha tia.
- Oi Guidy - enviei.
Por já ser tarde, ela deveria tá dormindo e não teria como me responder.
Abri a janela e de longe pude vê uma família chegando de carro, o pai carregava a menina enquanto a mãe levava o filho na mão. O casal deu um sorriso e entrou.
Sinto inveja de quem realmente tem uma família de verdade, alguns podem achar loucura da minha cabeça mas eu quero sentir o amor verdadeiro e não a versão de uma mulher louca.
Eu não sou amado aqui.
Eu não tenho onde cair morto, nem o meu pai quis viver comigo e foi me abandonando com um maluca que tinha problemas psicológicos.
No fim, eu estarei só.
Áudio de mãe "Vai morar por aí? Quero que pegue suas coisas logo antes que eu jogue fora"
Merda!
Eu desliguei o celular e preferi não responder.
Não devemos dar palco para loucos, eu não sou assistente social para ficar dando atenção a isso.
Vou dar um jeito de ir embora de lá.
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Diário de um garoto que posta nude na internet
Non-FictionOlá a todos, eu sou o que sobrou do roscariano. Uma versão sexy, maluca e só um pouquinho maléfica. Essa é a história de como tudo deu errado na minha vida. É o fim do Saimon e o nascimento do roscariano como figura, espírito e entidade maligna. Nã...