floresta das almas

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*Silêncio

Minha visão estava embaçada, apenas o silêncio parecia reinar naquele lugar.

Me levantando do chão, vou observando melhor o lugar. Aquele lugar da qual já foi uma segunda casa.

Olho ao redor, e vejo uma enorme e sem fim ( era o que parecia ) floresta. Me viro para trás e o velho poço estava lá, era tão igual ao do mundo real. Estava noite, era o mesmo céu que eu vira no fundo do outro poço.

Esse não era o lugar do qual eu já estive, era totalmente diferente. Escuro, Árvores densas que iam até o limite da visão, totalmente sem vida. Acima está a lua, branca e brilhante.

*Track!

Um barulho assombra meus ouvidos, estremeço, olho para uma certa parte da floresta, e vejo um pequeno caminho, como um bosque, uma garota normal jamais pensaria em ir nele, mas como eu não sou, e esse mundo também não é... Não pensei duas vezes em partir para ele. Já levantada termino de me limpar, minha calça estava suja de terra, e vou em direção ao pequeno bosque.

Quanto mais eu ia adentrando o lugar, mais sombrio parecia ser, névoa por toda a extensão da terra, árvores com suas raízes compridas.

E com um certo medo, comecei a cantar a música que meu pai cantara para mim em algumas noites e que eu gostava muito:

''Oh bruxinha bonitinha, eu gosto tanto de você, eu te dou um mingauzinho, e depois um sorve-tinho....''

*TRACK!

Paro de cantar, e percebo que o barulho/estalado está cada vez mais perto, observo o lugar, olho para trás e parecia que o bosque estava se desfazendo, se perdendo naquelas árvores assustadoras, não poderia me deixar levar pelo medo. Então continuo andando, e penso: "Como esse lugar se tornou isso?"

Mas a frente, um pouco longe de mim, avisto uma pequena casa, ou cabana, não sei, a escuridão que se formava cada vez mais, dificultava a minha visão.

Olho atentamente e vejo que sim, era uma pequena casa, no meio do nada.

*TRACK

Rapidamente olho de novo para trás, uma sombra se formara por trás de uma grande e velha árvore, uma sombra alta e tenebrosa, a luz do luar parecia exatamente iluminar ela. E por frações de segundos ouvi uns rangidos, o que parecia ser dentes.

Meu coração dispara, meu corpo fica gelado, e como qualquer garota de 11 anos, eu corri, muito... em direção a casa.

- Socorro!! - Eu grito, batendo na porta, mas ninguém abre.

*Tok *Tok *Tok

Bato várias repetidas vezes. Então resolvo pegar na maçaneta, com que faz a porta abrir, do nada... Me viro para trás, e a misteriosa sombra parecia estar me observando atrás de uma outra árvores, que estava mais perto da casa.

Entro na casa e fecho a porta com força.

"Isso é um pesadelo" - Pensei, de costas para a porta, volto meus olhos para o interior da casa.

Velha. Suja. Assustadora., Essas são as palavras que descrevem a casa.

Vou andando devagar por ela, só tem uma mesa e uma cadeira, ambas velhas. Um armário de madeira onde parecia ser de guardar louças, mas onde não tinha nenhuma.

Ando mais para a frente, e num pequeno compartimento, vejo uma cama, com uns panos velhos por cima, e uma foto... ou metade dela, me aproximo e vejo que na foto, tem a mesma mulher da foto em que eu achei na sala secreta, mas nessa, ela está sozinha, o que parece ser em um quarto... Costurando pequenas bonecas de pano

Ao mesmo tempo que estou olhando para a foto, meus olhos olham para uma parte da cama, mas precisamente abaixo, e vejo que lá, tem um papel, boto a foto em meu bolso e pego o papel, ele está dobrado... vou desdobrando devagar. A escrita antiga aparece e aos poucos vou lendo:

" Nosso amor, foi nossa destruição, não pude conter, palavras não podem lhe dizer ou explicar, mas, escrever pode ser minha única saída. Todos os dias, o frio, a solidão, tomam conta de minha alma, nosso pequeno pedaço de céu não pode vir, e com ele eu me fui. Você jamais entenderá. Você não está aqui. E jamais estará. Espero que me perdoe ao que lhe fiz. Espero que perdoe minha obsessão.

EM: 21/05/1932"

"O que isso significa? De quem é isso? Para quem é?" - Perguntas vinham a minha mente.

- Esse lugar guarda tantos mistérios - falei á mim mesma, ainda olhando para o que parecia ser uma carta, sem destinatário.

- REALMENTE CORALINE! MUITOS MISTÉRIOS... AH! E BEM VINDA DE VOLTA... BEM VINDA A FLORESTA DAS ALMAS. - Aquela voz... deixei o papel cair no chão... virei meus olhos lentamente, com meu corpo trêmulo fui virando.

O que eu vi?

Apenas uma mulher alta, com cabelos negros, e um olhar vazio...

Sua voz? EXATAMENTE IGUAL AO DA MINHA OUTRA MÃE...




Coraline - O Retorno da bela damaOnde histórias criam vida. Descubra agora