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No dia seguinte, Hyejoo teve um trabalho puxado. Teve de usar todas as suas energias para restaurar uma casa que, na sua opinião, não era tão grande, mas também não era pequena. Havia um estrago enorme em uma das paredes, e o telhado todo estava destroçado. 

Demorou, mas valeu a pena só por ver o sorriso grato dos moradores no final. 

Apesar de tudo isso, o dia até que passou rápido. Tudo o que Hyejoo conseguia pensar enquanto trabalhava era nos passos de dança que havia visto na noite anterior. Gostaria de encontrar aquela garota novamente. 

E era esse seu propósito; encontrar Chaewon. 

Quando conseguiu finalizar sua penalização diária, se dirigiu para as mesmas colinas em que estava caminhando no dia anterior, supondo que a garota provavelmente estaria por lá.

Carregava consigo um sorriso esperançoso e um coração palpitante e ansioso. 

A cada passo que dava, sentia o ar faltar, sua esperança aumentar, e suas mãos suando em nervoso. Tudo isso era o anseio para ver a dançarina novamente. Não soube explicar exatamente o que havia lhe atraído tanto, talvez fosse o modo que a loira fazia para demonstrar seus sentimentos.

Quando chegou, seus olhos tiveram o desprazer de encontrar o nada, como se toda esperança que tinha houvesse lhe dado um tapa na cara. Seu sorriso se desmanchou. Mas mesmo assim, não desistiu de sua busca.

Andou e procurou em todos os cantos, mas não conseguiu encontrar a loira. E quando estava prestes a abandonar sua vontade e desistir de procurar, ouviu um som um tanto quanto curioso; curioso suficiente para fazê-la seguir o barulho suave e quase inaudível.

Um pouco mais afastada, atrás de uma enorme árvore, estava ela novamente. Dançando de olhos fechados, com os cabelos balançando suavemente de acordo com o vento.  Sua aura transmitia enorme paz, algo mais relaxante também.

Hyejoo observou-a em silêncio, tomando o maior cuidado do mundo para não lhe atrapalhar, ou fazer algum barulho que fosse revelar a si mesma.

— Você de novo?— indagou a Park enquanto inalava profundamente o ar, sem sequer abrir os olhos.

— O que?! Como você....

— Sua presença é diferente das outras.— explicou, parando seus passos aos poucos. — Ela me atrai, sinceramente, me faz bem. Você emana uma energia positiva muito boa.

— Uh... Obrigada.— dissera sem graça, desviando o olhar para o chão.

A dançarina se posicionou em sua frente, e, praticamente ao mesmo tempo, suas seis lâminas pararam atrás de si, em uma posição agradável aos olhos humanos, totalmente organizada.

— Você precisa de algo? Ou só está me perseguindo por que quer me roubar?— indagou ironicamente ao que arqueava as sobrancelhas. Junto de tudo isso, suas lâminas começaram a se mexer, se posicionando de forma ameaçadora.

— Não, não!— exclamou, arregalando os olhos ao que recuava alguns passos. — Eu só... Gostei da sua dança, já disse!— sorriu sem graça, acalmando seu coração. Estava com medo de ser atacada por aquelas seis lâminas que, aparentemente, eram bem afiadas.

— Entendi.— dissera, ainda um pouco desconfiada. 

— Eu.. Só vim aqui porque queria te ver dançando de novo. Sério.— admitiu, soltando um suspiro mais relaxado ao ver as lâminas voltando a uma posição menos ameaçadora. — Se importa se eu continuar te observando? Eu gostaria de ver seus passos antes de voltar para casa.

— Tudo bem, acho que você pode ficar.— respondeu. — Andei treinando um pouco da minha dança para mostrar pro povo, acho que pode ser isso, não?

— Claro! Contanto que você faça aquilo, já estou feliz.— deu de ombros.

— Como assim aquilo?— perguntara com certa indignação. — Por favor, não me cobre nada.

— Não sei explicar! Me desculpe, não quis dizer isso com intenção de lhe cobrar.— apressou-se em dizer. — Você só... dançou de uma forma diferente? Não sei como explicar. Você colocou seus sentimentos na dança, e isso deixou ela mais viva, seus passos eram tão certos, como se você estivesse fazendo tudo sem precisar de ensaios, apenas seguindo seu coração.— explicou, sentindo seu coração se acelerar repentinamente em nervoso. — É por isso que eu gosto da sua dança.

Dito isso, Chaewon sentiu suas bochechas corarem. Nunca havia recebido um elogio tão... Complexo. Estava encantada, mas não teria coragem de dançar de forma tão sentimental assim na frente da morena, não conseguiria.

— Eu peço desculpas, não sei se eu teria tanta destreza em meus passos com alguém me olhando.— dissera, fitando os próprios pés. 

Nunca havia dançado de forma tão intensa com alguém lhe observando, era tímida demais para demonstrar emoções para os outros.

— Não se preocupe!— respondera sorridente, sentindo-se um pouco triste por não poder ver as mãozinhas delicadas da loira guiando suas lâminas. — Desculpe se eu invadi seu espaço pessoal ou te deixei desconfortável, não foi minha intenção!— dissera agora um pouco mais preocupada.

— Não há por que se desculpar.— dissera em um tom mais calmo, agora voltando o olhar para o sol que estava a se por. — Você vem aqui todo final de tarde?

— Na verdade não.— a morena falou, sentando-se encostava na árvore ao que lançava o olhar para o pôr do sol também. — Ontem eu apenas vim aqui para descansar e tomar um ar antes de ir para casa. Hoje eu só vim para te ver.— admitiu.

— Entendi.— dissera um tanto surpresa. — Você... Gosta de assistir o pôr do sol?

E aí então, repentinamente, surgira um assunto. 

Hyejoo assentiu em silêncio, observando a mais baixa se sentar ao seu lado; juntas assistiriam ao pôr do sol.

Não pensava que fosse acabar conversando com a dançarina, mas se sentiu feliz por isso. De certa forma, era relaxante e agradável ter uma conversa decente com alguém que não fosse seus pais.

A loira era divertida, sua voz calma e tranquila fazia os músculos da Son se relaxarem instantaneamente. 

Foi divertido conversar com a loira sobre seus aprendizados na terra de Iônia, e o quão puxado e tenso estava sendo reconstruir casa por casa todos os dias. 

Os assuntos brotavam repentinamente, e ao fim deles, outro nasciam novamente. As duas possuíam sorrisos radiantes.

— Já tem tanto tempo que eu não tenho uma conversa assim com alguém.— dissera Chaewon enquanto cessava uma risada e negava com a cabeça, encarando agora a morena ao seu lado. — Com todas essas invasões vindas de Noxus, não temos mais tanto tempo para coisas simples como estas.— suspirou um tanto decepcionada. 

— Entendo.— murmurou, sentindo-se triste pela fala da garota. — Eu não tenho uma conversa dessas já tem um tempo, apenas converso assim com os meus... Pais?— explicou. — São pais adotivos. De forma resumida, eles me acolheram e me tratam como filha, eu moro com eles, praticamente.— sorriu sem mostrar os dentes. — Eu tentei socializar e conversar com as pessoas, mas todos me trataram como se eu fosse um lixo, era horrível. Isso tudo só está passando porque as coisas foram esclarecidas aos poucos.

— Deve ter sido horrível se adaptar com o povo daqui então.— dissera apreensiva ao que arqueou suas sobrancelhas.

— E foi.— deu de ombros, encarando a grama verde em seus pés. — Eu acho que... Preciso ir para casa, já está ficando tarde.— dissera ao que se levantava do chão e batia no próprio corpo afim de se limpar.

— Espera!— exclamou. — Você... Vai vir aqui de novo amanhã?

— Uhum, claro!— esboçara um doce sorriso para a Park. — Apenas não tenho certeza de que venho se meu serviço for muito exaustante... Bom, mais exaustante do que já é.— soltara uma risada nem um pouco humorada.

— Certo.. Então... Boa noite!— falou, deixando seus lábios formarem um sorrisinho esperançoso.

— Boa noite!

The Blade Dancer | Hyewon au!¡Onde histórias criam vida. Descubra agora