010

129 14 7
                                    

Chaewon corria desesperadamente com Hyejoo em seus braços. Estava tarde, quase de madrugada. Acontece que a morena veio a desmaiar após por conta de tamanha dor que estava sentindo, jorrava sangue de seu ombro cortado de forma tão agoniante, até mesmo uma poça de sangue se formou em volta de si.

A loira, desesperada e com lágrimas aos olhos e um desespero entristecedor ao coração, finalizou todas as tropas que continuaram a atacar, com um ódio crescente junto de angústia. "Vou matar todos os noxianos." ameaçava mentalmente.

Quando todos perceberam que lutar apenas lhes dariam mais prejuízo, recuaram sem hesitação, o mais rápido que podiam.

Já Chaewon, assim que pôde, pegou sua amada no colo e começou a correr procurando por ajuda. Os Iônianos não conseguiram fazer muito, quaisquer médicos que existiam alí não souberam como lhe ajudar, foi então que um idoso lhe contou sobre haver um lugar mágico que costumava fornecer cura para pessoas necessitadas. 

Mas ele também comentou sobre ser uma magia extremamente limitada, a cura era mínima e instável, mas a mulher estava disposta a tentar. Faria de tudo para salvar sua Hyejoo. 

Vagou às cegas por uma floresta que só não era amedrontadora por conta da magia que conseguia sentir fluindo em cada espacinho de seu corpo. Carregava a Son em seus braços, rezando para que esta acordasse e murmurando coisas como "você vai ficar bem" sentindo mais e mais lágrimas quentes descendo por suas maçãs ferventes enquanto sua destra tocava cautelosamente a bochecha pálida e gélida de sua amada, implorando para que acordasse.

Acabara por chegar em um lugar pouco iluminado, onde haviam diversidades diferentes de flores mágicas que brilhavam forte em um tom esverdeado mesclado com azul.

Segundo aquele idoso que havia conversado consigo mais cedo, o mesmo alegou que quando uma pessoa ferida se deitasse dentre aquelas flores, uma magia se alastraria em suas feridas e elas seriam curadas.

Nervosa, deixou suavemente o corpo de sua namorada sobre aquelas flores tão preciosas e chamativas, se questionando se não era necessário nenhum tipo de ação para iniciar essa magia.

Ajoelhou-se, segurando a cabeça da mulher com a destra e quase abraçando seu corpo com todo carinho que sentia, torcendo para que aquelas flores tivessem cura suficiente para Hyejoo.

Seus olhos se fecharam fortemente, e seus dentes começaram a ranger em nervoso. Conseguia sentir a magia daquele lugar pairando no ar, como se fosse algo quase palpável.

De repente, o corpo da Son começara a se remexer um pouco, teve alguns espasmos, e, em seguida, uma tosse seca abandonou seus lábios carnudos roxeados.

Naquele momento, foi como se Chaewon conseguisse sentir que todo aquele processo de cura também dependesse de seus sentimentos por Hyejoo, como se dependesse de todo o amor e carinho que sentia.

Sorriu. Sentiu uma sensação confortável crescendo repentinamente, e uma leveza inexplicável se alastrando em seu corpo.

Aproximou seu rosto do da morena em sua frente, grudando suas testas, e deixou com que um suspiro aliviado escapasse de seu rosto ao sentir a respiração fraca da Son batendo contra si.

— Chaewonnie?— murmurou entre as demais tosses secas que abandonaram seus lábios. Estava fraca, se sentia fraca.

Apesar da magia lhe fornecer cura, não era o suficiente para lhe fazer levantar. Seu ombro continuava aberto de forma agonizante, só não parecia doer tanto.

— Hye!— exclamou, deixando com que lágrimas de alívio escorressem por suas bochechas. — Estou tão feliz que você está bem!— dissera entre seus suspiros e murmúrios, selando seus lábios nos da mesma de forma carinhosa e amorosa. — Nunca mais faça aquilo outra vez! Eu mandei você ficar longe!

— Me desculpa... Eu só queria te ajudar.— dissera quase em um sussurro, com a voz falha. 

— Está tudo bem, vai ficar tudo bem. Nós vamos pra casa e eu vou cuidar de você.— murmurou, lhe abraçando fortemente mais uma vez.

Hyejoo sorriu com as poucas forças que lhe restava. Sentia-se feliz, em paz. Descansaria e ficaria ao lado de sua amada por um bom tempo.

Mas algo estava errado. Sua visão parecia ficar turva a cada segundo que passava. Sua fraqueza parecia aumentar também.

— Chae... Eu- 

Tossiu, interrompendo a própria fala. Suas pálpebras pesaram, sua visão turva estava agora escurecendo. 

— Hyejoo, o que aconteceu?!— indagou a Park um tanto preocupada, arregalando os olhos.

— Eu te amo.— murmurou, deixando com que um sorriso deplorável crescesse em seus lábios. — Precisa voltar para casa.

— Você também vai, Hye.— corrigiu a morena, sentindo uma pontada forte e dolorosa em seu coração.

Acontece que o corte da afiada espada que havia acertado o ombro da morena havia feito uma artéria se romper e junto disso uma hemorragia interna. 

A magia daquele lugar não era suficiente para curar tamanha ferida. E o pouco efeito que havia recebido da magia estava se esgotando.

Já estava sentindo aquela dor agonizante voltar novamente. Conseguia sentir o que estava prestes a acontecer, e se sentia triste por isso. Não gostaria de imaginar a dor que a pequena Chaewon teria de encarar caso fosse embora, isso lhe machucava muito mais do que aquele corte que havia feito.

— Eu também te amo.— murmurou a loira, se afundando em um choro deprimente.

Levou sua destra até a bochecha da mais nova, acariciando suavemente ali enquanto tentava criar esperanças de que tudo continuaria bem, mas quando a última fechou os olhos, foi como se tudo houvesse despencado. Estava sem chão.

Saber que sua amada estava perdendo a vida ali em seus braços fazia com que sentisse uma sensação horrível.

Foi como se seu mundo estivesse acabando ali mesmo. 

Então era isso. Já não bastava ter perdido toda sua família, agora estaria perdendo sua única amiga, companheira que de fato fazia-lhe se sentir bem e confortável de verdade, seu primeiro e único amor. 

Chorava desesperadamente, se perguntando porquê de aqueles soldados noxianos não terem lhe levado no lugar dela. Abraçava o corpo inconsciente em seu colo, implorando para que tudo fosse apenas um sonho.

Sentia-se culpada.

A magia não era suficiente para salvar Hyejoo, mas o que lhe entristecia de verdade não era apenas isso, algo que incomodava-a profundamente da forma mais agonizante possível.

Não só a magia era suficiente, seu amor também não era.

Não tinha mais família, não tinha mais companhia, não tinha ninguém. 

Estaria fardada a caminhar sozinha para o resto de sua vida.

Fardada a carregar culpa e mágoa nas costas para sempre.

The Blade Dancer | Hyewon au!¡Onde histórias criam vida. Descubra agora