XXIX

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Tirei do bolso as minhas tentativas de desenho. O principezinho os viu e disse rindo:

- Teus baobás parecem um pouco repolhos... 

- Oh!

Eu estava tão orgulhoso de meus baobás! 

- Tua raposa... as orelhas dela... parecem chifres... são compridas demais! 

Ele riu outra vez.

- Tu és injusto, meu bem, eu só sabia desenhar jiboias abertas e fechadas...  

- Não faz mal.. - disse ele. - as crianças entendem.

Rabisquei, portanto, uma pequena mordaça. Mas sentia, ao entregá-la, um aperto no coração: 

- Tu tens projeto que eu ignoro... 

Ele não me respondeu. Mas disse: 

- Lembras-te da minha queda na Terra? Amanhã será o aniversário...  

Depois, após um silêncio, acrescentou: 

- Caí pertinho daqui... - E ficou vermelho ao dizê-lo.

E de novo, sem compreender porque, eu sentia um estranho pesar. No entanto,ocorreu-me a pergunta:

- Então não foi por acaso que vagavas sozinho, quando te encontrei, há oito dias, amilhas e milhas de qualquer região habitada! Não estarias voltando ao ponto da queda? 

O principezinho ficou vermelho de novo. 

E eu acrescentei, hesitando:

- Terá sido por causa do aniversário?...  

O principezinho ficou mais vermelho. Não respondia nunca às perguntas. Mas quando a gente fica vermelho, não é o mesmo que dizer "sim"

- Ah! - disse-lhe eu. - eu tenho medo... 

 Mas ele respondeu: 

- Tu deves agora trabalhar. Ir em busca do teu aparelho. Espero-te aqui. Volta amanhã de tarde... 

Mas eu não estava tranqüilo. Lembrava-me da raposa. A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar... 



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The Little PrinceOnde histórias criam vida. Descubra agora