Todos os anos a St. Vladimir Ballet apresenta o seu espetáculo de maior prestígio: O quebra-nozes. Com isso Rose Hathaway, uma solista, vê a chance de mostrar o seu talento para futuramente ser a dançarina principal da academia, mas por enquanto ela...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
No dia seguinte cheguei cedo na companhia como prometi para minha mãe e fui logo me aquecendo para executar os passos da minha dança.
Camile Conta por pouco não ficou com o solo.
Camile era uma vadiazinha perfeita da companhia que por vezes insistia em competir comigo. Eu não me sentia intimidada mas confesso que eu não iria ficar muito feliz de perder um solo para ela, e ainda faltava o edital de Dom Quixote sair, onde fiz teste para o mesmo papel que ela. Era comum ter essas rivalidades na companhia e cada um carregava a sua cruz. Lissa e Sydney, por exemplo, ambas eram atormentadas respectivamente por Mia e Laurel. Mas no fim, não seria esse ano que Camile iria conseguir os meus solos.
Conectei o celular na caixa de som e respirei fundo, esperando a hora exata de começar a dançar. Nos primeiros trinta minutos ensaiei os passos nos quais eu sentia dificuldade, mas percebi que nos Soutenu e Piqué tour eu estava lenta demais. Esses passos tinham que ser perfeitos, afinal eles eram os mais esperados da minha coreografia.
-Você tem uma boa técnica – Ouvi uma voz masculina, com um leve sotaque, ressoar por toda a sala.
-Desculpe? – Eu disse olhando para o homem que estava parado na porta.
Há quanto tempo ele estava parado me observando?
-Você tem uma boa técnica, mas não está sendo rápida o suficiente para puxar o coupé.
-É, eu sei disso. Talvez eu ainda não tenha acordado direito. – Eu disse e voltei a repetir o movimento.
Levando em consideração que só havia um russo convidado na companhia, eu conclui que aquele era o tal Dimitri Belikov. Ele era alto, branco e com cabelos pretos parcialmente curtos. Era um homem bonito, mas naquele momento não era nem sete horas da manhã e ele estava me irritando dizendo o que eu fazia de errado.
-Dimitri Belikov, certo? – Eu disse assim que executei o último giro e o russo apenas confirmou – Por que você está aqui se não são nem 6:30 da manhã?
-O mesmo que você – Ele levantou a sobrancelha e eu inclinei levemente a cabeça achando esse gesto interessante – Se eu não praticar, eu acabo por regredir.
Não era grande coisa bailarinos ensaiarem até a exaustão, principalmente os que fazem os papéis principais, então eu não costumava ficar muito impressionada, mas algo na postura dele me deixou.
-Dimka! – Ouvi a voz de Tasha e me perguntei quem diabos era Dimka. Tinha outro russo aqui?
-Dimka? – Perguntei quando vi a mulher agarrada no pescoço de Dimitri como se fosse uma adolescente.
-Rose... – Ela percebeu a minha presença e saiu de perto do russo imediatamente, ficando até um pouco vermelha – Desculpe o atraso – Ela se virou para Dimitri e depois para mim – Mas eu tive um problema com o elevador do meu prédio. Vejo que já conhece a mini Hathaway.
