Aquela Noite...

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Alguma coisa me dizia que a noite iria ser longa. E bem longa. Fui ao supermercado. Comprei tantas coisas que me esqueci que era eu quem ia pagar as coisas. Faltava o alface. Meu maior aliado.

Caminho em passos largos até a prateleira super fria.

Sempre fui desastrado mas naquela noite não estranhei tanto. Digo isso porque me lembro de cada detalhe que de pronto vou dizer.

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Quando conheci Amanda tudo mudou, ela era linda, educada, compreensiva e me apoiava em absolutamente tudo. Era minha psicologa, amiga, companheira, professora, médica e etc. Ela não reclamava de nada, e eu também não. Eramos felizes, viviamos de amor, até eu perceber que ela escondia tudo de mim e quando eu digo tudo é tudo mesmo. O que passou dos limites, ela escondeu de mim que estava doente e isso me deixou bravo, até descobrirmos que era mais grave e pouco tempo depois ela morrer. Não vi o corpo. Nem fiz questão de velório e na verdade nem fui ao enterro. Era pesado demais pra mim, eu a havia visto dois dias antes saudável, andando pelo quarto do hospital e derrepente em uma madrugada fria de inverno uma enfermeira que era muito amiga dela me liga apavorada... Imaginar ela gelada e pálida me machucava muito.

Eu ainda sinto o calor da sua respiração, o seu sorriso aberto, seu riso engraçado e seu olhar de ingenuidade me vendo sair do banho, passando a minha camisa...

   Com todos esse pensamentos deixo o alface cair, e por um instante alguém pega... quando vejo penso ser Amanda, mas é apenas o meu alvo...

-Distraido né... - Ela puxa assunto aparentemente nervosa.

-É a minha cara já.

-Estava pensando, já que é novo, quer dizer, meu novo vizinho que ir jantar hoje lá em casa?

Uma oportunidade dessas que vem voando em minha direção...

-Claro. Combinado.

-Certo, nos vemos mais tarde.

-Tá.. - Ela me comprimenta com a mão agora.

Mais tarde quando chego em casa e conto a Patrick e Josep sobre o tal jantar eles engasgam com a comida e conemoram a nossa vitória.

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Uso uma roupa pouco formal. Minha calça nem Jeans, nem social, minha blusa roxa social com colete cinza combinando com a calça e sapatos sociais pretos....

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Bato a porta.

Ela abre de primeira como se já me estivesse esperando.

Nos comprimentamos com um beijo no rosto e um abraço... eu nem podia imaginar que aquela noite mudaria a minha vida por completo....

Ela me serviu um drink na sala.

Sem fotos, nada de especial e decoração antiga.

-Toma, eu vou ajeitar os pratos e já venho.

-Tudo bem. - digo.

Ela arruma tão rápido que mal termino a bebida do copo.

Uma coisa me chama a atenção. Um retrato virado que observo atentamente para ver se ela compreende meu olhar de curiosidade. Mas nada.

Jantamos e conversamos sobre tudo. Sobre piadas, vizinhos, casas, carros, comida, lugares prediletos, viagens, até sovre novelas mexicanas, tudo mas nada sobre nós.

-E então - Começa ela- Fale sobre a sua história...

-A minha?- Ela acena com a cabeça - Eu... eu.... eu fui casado por um ano mas minha esposa faleceu , meus pais também, moro sozinho a anos, trabalho como assistente de psicanalista e sou bem otimista quanto a vida.

- Nossa. Que história. A minha é diferente. Perdi minha familia cedo, minha irmã mais próxima e mais distante ao mesmo tempo, não nos falavamos, morreu a poucos anos de cancer, o marido dela era policial eu acho e mora sozinho por ai ou se casou... eu sou bem introvertida, nada timida porém otimista também, e um grande fracasso no amor, trabalho com musica.

-Que história!- Digo sorrindo. - E aquele quadro?

-Foto da minha irmã, do casamento dela. Ele está virado assim desde que eu soube da morte dela a alguns anos e...

-Posso ver?

-Claro! Antes de você ir eu te mostro.

Conheci a casa. Assistimos a tv. Ela estava bem perfumada. Ela me levou até seu quarto e sua cama d'agua.

Interesante. Conversamos tanto que quase falo minha verdadeira identidade. Com ela me sinto tão seguro que até chego a me esquecer o porque de eu estar aqui. E bebo muito. Ela também. Quando descemos ela tropeça e eu a seguro. Aperto demais e por um segundo penso estar segunda Amanda e a viro tocando seu rosto mas me lembro que não e a ajudo a descer.

Vamos até a sala.

Ela me guia até o sofá e pega o quadro todo empoeirado, realmente deve fazer muito tempo que ela não o vê porque no momento em que o pega fixa os olhos nele com cara de espanto e olha pra mim...

-Não é possivel...- Diz e repete várias vez -Você?

Ela me mostra e me espanto ao ver...

É uma foto minha com... Amanda. O que? Como?

-Você é irmã da minha esposa?

-Você é policial?

-Eu preciso ir. -Digo arrancando o retrato das maõs dela e saindo rápido da casa.

Decido não dizer nada a meus assistentes.

Subo as escadas e me tranco no quarto. Me preparo pra dormir e encaro aquela cama de casal e a foto no criado mudo de mim e da Amanda.  Ela nunca me disse nada sobre a tal irmã... ela devia odia-la por algum motivo...

Tenho que descobrir qual mas primeiro preciso conhecer mais o meu alvo. Será que é realmente ela a criminosa? Como vou despista-la sobre a minha profissão?

Durmo enquieto.

Sonho com ela. Porque?

Não sei.

o alvoOnde histórias criam vida. Descubra agora