Livro 2 - Série Laços e Lutas
Ele sempre foi a segunda opção da família...
Anos após se alistar na Marinha em busca do próprio destino, o Capitão Daniel Moreland recebe um chamado de volta o obrigando a enfrentar tudo que deixou para trás. É em um e...
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Bath, Abril de 1878.
Isabella não estava alheia aos olhares cismados das outras estudantes, até mesmo a Sra. Black, sempre a mais entusiasta dos clássicos, estava desconfiando da sua disposição por demais animada naquela sempre fatídica aula de música, porém não conseguia evitar, nem mesmo a mais fúnebre sonata seria capaz de fazer desvanecer o sorriso do que parecia colado ao seu rosto.
— Senhorita Weston! Todas nós agradecemos seu vigor ao piano esta manhã — a professora interrompeu o desastre musical arrancando sorrisinhos das demais — Contudo, temo que esta partitura em especial demande um tom mais solene, sim?
— Certamente Sra. Black — Isabella respondeu tentando fingir seriedade, mas falhando miseravelmente.
— Muito bem, então recomeçaremos. Postura meninas! Sintam como a música flui... — a pobre Sra. Black realmente estava convencida de estar na presença de exímias musicistas.
Se fosse qualquer outro dia Isabella provavelmente estaria fazendo caras e bocas junto a Célice e Olivia ou até mesmo olhando através da janela torcendo para que os minutos se acelerassem, mas há dias sentia uma espécie de contentamento que não deixava espaço para lamentações ou dúvidas, por isso mesmo sem intenção, flagrou-se fazendo o que a Sra. Black sugeria, fechou os olhos e resolveu sentir a música, sentiu-a fluir desde as teclas do piano até as pontas dos dedos, arrepiando os pelos do braço e transportando-a para um lugar diferente, para um lugar secreto, onde não havia regras e nada mais importava. Isabella podia vê-lo, podia materializar o homem de seus pensamentos em questão de segundos, podia senti-lo como ele estivesse bem ao seu lado, Daniel a tocava como a porcelana mais fina e juntos eles dançavam uma música só deles, sublime, irretocável, em um momento que nunca queria que acabasse como uma nota suspensa no ar infinitamente.
Isabella se sobressaltou do seu sonho perfeito ao sentir uma mão em seu ombro. A Sra. Black a olhava com olhos marejados e o resto das moças da classe restavam pausadas como estátuas, mãos suspensas de seus instrumentos com olhares um tanto espantados.
