Parte III

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Estava em meio a uma reunião com o melhor amigo de meu tio. Acabou que por essa vez tive que vir em seu lugar, seu hut veio bem na semana dessa reunião, e ele confiou em mim para ser substituto. Vim contra minha vontade, a realidade é que eu queria ficar perto do meu esposo, só ele me trazia paz, e amava isso no meu loiro. Confesso que mal raciocinava as palavras ditas pelo homem à minha frente, só fiquei em silêncio apreciando os sentimentos que eram transmitidos para mim pela marca.

Admito que vez ou outra sorri abobado ao captar alguns pensamentos do meu ômega, o que atraiu atenção para mim, porém só me fiz de desentendido e a reunião se seguiu tranquila. Mesmo sentindo falta do meu loiro, eu devia isso ao meu tio. Sei que estou sendo protetor demais com Naruto, mas não tenho culpa, a vontade de cuidar dele sempre foi instintiva em mim, e não sei qual o motivo de estar pior nos últimos meses.

Não sinto tal coisa desde quando ele estava grávido de Yato, e bem, eu poderia facilmente pedi-lo para fazer o teste de gravidez, mas sei quanto esse assunto machuca ele. Mesmo que tenham-se passado quatro anos, a dor ainda está aqui. Principalmente depois que sabemos que ele não poderia mais gerar uma vida, ele ficou abalado demais, e confesso que eu também. Mas para mim, só de não tê-lo perdido já era um prêmio e tanto, querendo ou não, Yato, mesmo não tendo sobrevivido, uniu nós dois de uma forma sem igual.

Dizem que os casais se afastam depois da perda de um filho, e ele queria se afastar de mim. Eu não deixei, eu não iria aguentar viver sem tê-lo comigo. Eu o amo demais, e espero demonstrar isso o suficiente, devo admitir que a ideia de adotar foi minha, pelo menos íamos ter companhia. Não queremos substituir nosso filho, mas era necessário uma criança em nossas vidas, afinal, já temos vinte e sete anos, e queríamos herdeiros.

Sarada é uma garotinha forte e carinhosa, se parece muito comigo, nem questionam se é adotada, isso é ótimo. Pois ela é a cópia da personalidade de meu esposo, com minha aparência. Mas mesmo assim ele não tinha aquela luz de anos atrás, e isso me abalava muito. Não por não termos um filho biológico, mas sim por não ver o brilho naqueles olhos azuis que eu tanto amava.

De uns meses para cá, ele vem dando uma engordadinha. Confesso que vê-lo com as pernas grossas e barriga redondinha me deixa bem animado, em todos os sentidos. Me faz lembrar da época que nos casamos, e ele engravidou. Então, eu fico feliz, pois ele estava feliz. Sarada vem se grudando cada vez mais nele, chegou a dizer que ele tem cheiro de mãe, e admito que seu cheiro está bem mais doce que o comum. Chegando ao ponto de acalmar até meu pai e meu irmão, como são da família eu não me importo, o que me tira a paciência são os outros.

Não sei o porquê esses desocupados ficam de gracinha com um ômega muito bem casado, sei que pode soar convencido, mas não botaria defeitos em mim. Quer dizer, posso ser um pouco orgulhoso, mas sei ser carinhoso com minha filha e com meu esposo. Não preciso ser com as outras pessoas, certo?!

Em meio aos meus pensamentos que sempre se arredondaram ao meu loiro que estava me esperando para meu aniversário amanhã, sinto um sentimento agonizante pela marca e acabo ficando um pouco zonzo e saio da sala para pegar um ar. Caminhei calmamente ao jardim de inverno do grande prédio em que estava e puxei o ar levando a destra até minha face, sentindo que a mesma estava molhada.

— Sasuke, está bem?

Ouço a voz preocupada de Hashirama e logo apoiou as duas mãos em um corrimão logo a frente, as lágrimas vem de forma avassaladora e balanço a cabeça em negação várias vezes enquanto solto um "sim" como resposta. Sinto o beta me abraçar e me rendo ao sentimento estranho que me invadia. Aquilo tudo vinha da marca, o que acontecia com meu ômega? Ele sofria, sofria tanto e no fundo tinha uma ponta de felicidade. Eu não entendia o que estava acontecendo com ele, eu só sabia que precisava vê-lo, naquele exato momento eu não poderia ficar parado sabendo que ele está mal. Senti algo parecido à anos atrás, mas agora estava pior, muito pior, sentia que poderia morrer a qualquer momento se eu não me mexesse e ficasse com meu loiro.

— Eu preciso ver o Naruto, tio. Se importa?

Digo com a voz embargada e ele acena dando um sorriso gentil. De relance observo uma moça jovem e loira, era esposa dele, se aproximou e me olhou com carinho, dou um sorriso para a mesma que não me olha com pena, e agradeço muito por isso. Sinto meu celular vibrar na minha calça e ao pegá-lo vejo o nome de meu pai. Respiro fundo antes de atender e ouvir suas seguintes palavras.

"Sasuke, venha ao Hospital, Naruto precisa de você, não sei quanto tempo ele vai aguentar."

Por que meu pai tinha que ser tão frio a ponto de me dizer algo com a voz de velório de sempre?! Meu ar faltou no momento, e senti minhas mãos tremendo, as lágrimas vieram com mais força desta vez. Minha presença deveria estar descontrolada, eu não me preocupei com isso, só queria estar com meu esposo, ele precisava de mim, do seu alfa, e eu estava longe.

Meu corpo agiu sozinho e passei a correr pelas escadas, mal me importei com os vinte andares, eu não conseguiria suportar o elevador neste momento. Peguei as chaves de minha moto na recepção e corri para a mesma, que os guardas de trânsito me perdoem, mas semáforos agora pra mim não passam de um mero empecilho que me afasta do homem que amo.

Talvez essa rebeldia me rendesse alguns pontos na carteira, mas minha mente não conseguia raciocinar isso, eu só queria Naruto naquele momento.

Os semáforos me atrapalhavam e eu nunca gostei de empecilhos mesmo...

Um Sorriso Para o Papai - SasuNaru SNS ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora