Brincar entre as flores sempre foi algo comum para mim, eu amo girassóis, camélias, rosas também. Apesar que sempre me machuco quando vou pegá-las, mas não é algo que eu consiga conter, sempre fui fascinado pelas rosas, e das mais variadas cores. Teve uma vez que encontrei uma rosa negra, ao lado de um laguinho em um parque onde nós levamos vez ou outra, me estiquei todo para pegá-la, mas eu não consegui. Tentei denovo, e de novo. E mesmo assim meus bracinhos eram curtos demais, quando me impulsionei um pouco mais para frente consegui agarrar a rosa, porém me desequilibrei e cai.
Senti meu nariz ser tomado pela água do pequeno lago, mas algo me puxou para cima, meus pequenos olhinhos lentamente conseguiram se abrir, e o que eu vi foram quatro pares de esferas negras apontando para mim. Porém a que mais me chamou a atenção foi uma que estava mais próxima, era um garoto, maior do que eu. Seus cabelos eram negros como a rosa que eu peguei... A rosa, olhei para minha mão machucada, e logo a mesma foi segurada pelo garoto que me olhava tristonho.
— Me desculpa, ou era a rosa ou você, mas eu não podia deixar você.
Meus olhos brilharam, e o olhei feliz, ele nem me conhecia, e era o primeiro a se preocupar comigo. Suas roupas estavam molhadas, como as minhas, e então eu o abracei, dando o melhor sorriso que poderia dar no momento.
— Tudo bem, você pode ser a minha rosa.
...
Acabou que fui adotado por aquela familia adoravel, e eles me criaram com amor, sou grato por tudo que fizeram por mim, mas mesmo assim não conseguia olhar aquele menino como irmão. Ele era especial pra mim. E logo meu primeiro cio veio, e eu passei com ele, como ele já havia tido o dele, sabíamos que era um Alfa, e eu tive sorte de ser um Ômega, era inevitável ficarmos juntos. No meu cio ele me marcou, uma marca que sairia até meu próximo cio, e eu não me envergonha nenhum pouco de exibir ela, era linda. Era dele.
Nossos cios nunca eram combinados, mas sempre passávamos eles juntos, mesmo não sendo namorados assumidos, todos apoiaram nossa relação. Ele me protegia de tudo, era o meu herói. E eu sempre sabia como acalmar aquele gênio forte. Não tardou muito para que no fim do ensino médio os Alfas começassem a pegar no meu pé, principalmente quando estava próximo do cio, e foi assim que eu me liguei eternamente com Sasuke.
Depois de uma crise de ciúmes e um sermão que tive que ouvir, veio a cólica. Não era mês ainda, estava adiantado, e quando olhei para ele, ele também estava agonizando. Nesse dia nossos cios vieram ao mesmo tempo, e fizemos amor, não nos rendemos ao sadismo de nossa espécie, apenas acalmamos nossos corpos e nos amamos, e enquanto estava atado a mim, no último dia, ele me marcou, e eu o marquei. Nossa alma virou uma.
...
Logo veio a formatura, e depois dela nos noivamos. Sempre fui apoiado pelos meus sogros, que me criaram e me amaram mais que tudo. Meu cunhado também era cheio de amores por mim, e eu era muito grato a eles, demais.
Aos vinte anos, nós nos casamos. Construímos nossa casa com nosso próprio esforço, por mais que Sasuke negasse a ajuda de seus pais, eles nos ajudaram com alguns móveis. Eu fazia uma faculdade de pedagogia, e meu recém-marido cursava administração. Era maravilhoso morar com ele, e não preciso nem dizer que estreamos cada móvel daquela casa em apenas um ano.
Depois de três anos, resolvemos ter um bebê. Me abdiquei de todos os remédios, e engravidei rapidamente, e foi uma gestação bem tranquila. Isso é, até uma semana antes do dia marcado. Nosso filhote parou de mexer, e ele era a criaturinha mais agitada do mundo. Falei com meu marido, e nós fomos no médico. Foi feita uma ultrassom e então.
Foi a primeira vez que o som do coraçãozinho dele não encheu a sala...
Eu senti que meu coração parou também, e eu vi meu marido chorar. Tive que tomar alguns medicamentos que induzisse o parto, para que pudessem tirar ele de dentro de mim sem uma cirurgia.
Ter que ficar consciente, sentir aquelas dores horríveis, mesmo tendo meu amor ao meu lado. Foi horrível. Eu preferia que me operassem a ter que me submeter a um parto normal, para tirar meu filho morto de dentro de mim.
Ele nasceu, eu o peguei no colo e nunca chorei tanto na minha vida, meu bebê era lindo. Seus cabelinhos loiros, suas mãozinhas de dedos longos, a pele branquinha. Eu não queria entregá-lo, eu queria ver seus olhos. Mas infelizmente eu nunca iria conseguir vê-los. Muito menos vê-lo dar o primeiro passo, ou ouvi-lo me chamar.
Com muito custo eu entreguei ele, e nisso veio minha depressão.
...
Eu não conseguia encarar aquele caixãozinho descendo... Era demais pra mim, então apenas fiquei agarrado ao meu alfa, me derramando em lágrimas enquanto o pior dia da minha vida se sucedia.
...
Hoje
— Naru, se acalma por favor.
Suplicava meu cunhado que acariciava meus cabelos, eu não conseguia parar de chorar, era inevitável. Eu só queria meu alfa comigo, e não tardou para aquele cheiro de morango silvestre adentrar em minhas narinas, minhas pupilas dilataram e eu gritei por ele. Meu alfa estava ali, eu senti seu cheiro.
Meu olhar foi atento até a porta, mordi o lábio com força em expectativa, movendo o olhar do meu cunhado à porta, ele estava sorrindo pra mim. Ele sabia que o irmão estava no prédio, não por conseguir sentir seu cheiro, mas apenas como minha atitude mudava perto do meu marido.
Ouvi sua voz abafada, ele estava brigando com alguém. Eu ri baixo em negação, e logo depois vi seu rosto surgir na porta. Ele estava trajado com uma roupa específica para acompanhar. E eu comecei a rir e chorar ao mesmo tempo que o vi sorrir com ternura para mim.
— Sasuke..
— Naruto...
Ele correu até mim, tenho certeza que nem viu seu irmão, apenas me abraçou com força. Ai como eu amava aquele homem, aquele cheiro, tudo nele. Minha respiração se acalmou aos poucos e logo veio a contração, me fazendo grunhir de dor, e meu alfa distribuir beijos em meu rosto segurando firmemente minha mão.
— Pelo jeito minhas suspeitas estavam certas._ ele sorriu ladino pra mim, colocando a mão em meu ventre.
— Você sempre 'tá certo, amor. E teremos gêmeos._ seu sorriso aumentou, e então notei seus olhos lacrimejando.
— Eu te amo, meu ômega. Muito obrigado._ disse, logo colando sua testa na minha, me fazendo fechar os olhos por alguns segundos._ Por tudo._ sussurrou.
O médico olhou para nós dois, fascinado. Sorri para ele, e o mesmo afastou minhas pernas novamente.
— Dilatação de quatro dedos, só mais um pouco, Sr. Uchiha.
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Um Sorriso Para o Papai - SasuNaru SNS ABO
Fiksi PenggemarDepois de uma perda grande e anos tentando uma nova gravidez, o casal Uchiha desiste. E acabam finalmente adotando uma garotinha. Mas mal imaginavam que a surpresa que teria na véspera de aniversário de Sasuke seria no mínimo surpreendente. - Gravid...