Parte V

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Na verdade eu não sei como consegui fazer um percurso de uma hora e meia, em quinze minutos. Só sei que eu não lembro de ter machucado alguém na frente do hospital ao lançar minha moto e pular da mesma. Me senti foda, mas logo percebi o motivo de estar ali, sentia o cheirinho doce e bom de ameixa, e meu coração pulou uma batida. Me movi rapidamente até a recepção, perguntando onde estava meu marido, revirei os olhos ao vê-la digitar lentamente e sem paciência segui o cheiro dele, não precisava de alguém me informar onde ele estava.

Avancei pelas escadas, e logo me vi na ala maternal, mordi o canto da bochecha sentindo meu estômago revirar, fui tirado de meus devaneios por uma criança de braços cruzados que eu conhecia muito bem.

— Onde 'cê 'tava?_ disse a criaturinha com um bico nos lábios.

— Sarada, onde está seu papa?

— Eu que pergunto as coisas aqui, grandão. O papa passou mal e o bonito não 'tava aqui.

— Filha, deixa o papai procurar seu papa.

A peguei no colo observando sua carinha de sono, ela sempre ficava desse jeito quando acabava de acordar, um tanto quanto Sasuke demais, admito. Andei pelo corredor logo vendo meu pai sentado na espera. Ele percebeu minha presença e me olhou sério, caminhando até mim e tirando Sarada de meus braços.

— Irresponsável, espero que tirem sua habilitação de você.

Revirei os olhos e logo avistei a sala que meu esposo estava. Porém fui impedido de ir pelo meu pai, e acabei reclamando muito por isso. Ele me fez vestir um traje cirúrgico, e emburrado fui até a porta. Observei dentro e vi aquele par de safiras me encarando. Lembro apenas de ter chamado seu nome e avançado em cima dele, sem pensar. Minha vida estava sofrendo, dava para perceber pelos olhinhos inchados e lábios machucados. A notícia que recebi dele naquele momento me fez o homem mais feliz do mundo.

Ele estava prestes a dar a luz a um filho meu... quer dizer, dois.

O enfermeiro, depois de quase trinta minutos, disse que estava pronto. Vi a cama ser inclinada e as pernas do meu loiros abertas até demais. Eu poderia ter um ataque, mas eram profissionais, não poderia ser infantil, não naquele momento, e então me conti.

— Na próxima contração, você empurra, com toda força._ disse o médico e meu omega assentiu.
E a dor veio, apertou forte a minha mão soltando um grunhido alto de dor. Não teve como lembranças de anos atrás me invadirem, então apenas deixei as lágrimas virem. Não deixando de acariciar o rostinho sofrido do meu amado, enquanto dizia palavras de conforto e acariciava sua mão que apertava a minha com o polegar da mesma.

— Está vindo, Sr. Uchiha. Só mais um empurrão.

Suas unhas cravaram em minha mão e encostei a testa em seu ombro ouvindo sua respiração descompassada. Poucos segundos depois um choro esganiçado encheu a sala, ouvi meu ômega chorar junto, e apenas o acompanhei, já que estava chorando a muito tempo. O enfermeiro limpou rapidamente o bebê e se aproximou com ele que ainda berrava, me olhou com carinho e entregou o pequeno embrulho.

— É uma menina, nascida às 23:37h do dia 22/07.

Peguei aquele pacotinho como se fosse um artefato raro e não evitei sorrir em meio às lágrimas, acariciei o rosto redondinho com a ponta do dedo reparando no cabelo negro e um pouco comprido demais para um recém-nascido. Trouxe-a para perto de meu rosto deixando que a ponta de meu nariz tocasse o seu, e a mesma parou de chorar, apenas resmungando baixinho.

— Olha amor, nossa filha._ disse orgulhoso aproximando a pequena de meu esposo que expirar soltando o ar, dando aquele sorriso lindo que só ele sabia dar.

— É sua a cor do cabelo._ comentou choroso, passando o polegar pela bochecha da pequena que abriu os olhos lentamente se acostumando com a claridade do local.

— E os seus olhos._ dei uma risadinha alegre ao ver aqueles olhinhos tão azuis, e logo o enfermeiro se aproximou para levá-la para o berçário, confesso que relutei um pouco para entregar a minha filha. Mas no fim cedi, e o vi levá-la por uma porta ao lado da que entrei.

Percebi então que meu irmão estava no quarto também, olhei para ele e vi que ele estava pior que eu em questão de face vermelha de choro. Ri da cara dele e ele fez o mesmo comigo, nossa brincadeira infantil foi interrompida pelo médico que havia dito para o meu esposo se preparar para o próximo bebê.

Um Sorriso Para o Papai - SasuNaru SNS ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora