Capítulo 23

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- Não os devias ter ameaçado daquela maneira. - diz Rachel enquanto andamos os três pela pátio da sua escola - Eles vão ameaçar-me, para não contar nada a alguém quando fizerem mais alguma coisa.

- Princesa, não ouviste o que disse? Eu venho mesmo cá de vez em quando. A tua vida vai mudar. Vai mesmo. Não vais ter de te preocupar mais com estes parvos todos! Muitas raparigas agora vão querer fazer-se de tuas amigas mas tu não te deixes levar por isso. Sabes, por incrível que pareça, os adolescentes conseguem por vezes ser mais falsos que nós adultos. Mais materialistas. Mas isso também tem um pouco de influência dos pais. O que quero dizer com tudo isto é que nem toda a gente é o que parece. Não podes confiar em todos.

- O Zayn tem razão, Rachel. Os miúdos são muito mais e tu és muito boazinha. Eles são uns parvos. E depois disto, ficaram com medo do Zayn por isso vão fazer-se de teus amigos. É sempre assim. Por isso, não dês confianças a ninguém, lembra-te que eles nunca vão deixar de ser aquelas pessoas que te fizeram mal.

- Mana, Zayn... Obrigada! Eu não sei como vos agradecer! Ainda bem que vieram... A sério! - abraça-nos

Depois de termos saído da escola da Rachel, fomos até casa dos meus pais. Provavelmente só iria lá estar a minha mãe e assim apresentava já o Zayn. Entrámos dentro de casa e a minha mãe desapareceu para a cozinha novamente. Depois de fecharmos a porta, fomos ter com ela à cozinha e ficámos a ver o que esta fazia.

- Ficam para almoçar? - pergunta enquanto mexe nos tachos

- Não queremos incomodar mãe. - digo

- Não digas uma coisa dessa Kimberly! Já me estás a deixar chateada!

Zayn ri um pouco e a minha mãe olha para ele e ri também.

- Mãe, este é o Zayn. O meu namorado.

- Namorado? Eu pensava que era o James, por isso é que não disse nada! Já não vejo o rapaz à imenso tempo! Desculpa lá Zayn, não leves a mal.

Os punhos de Zayn estavam junto ao seu casaco de modo a esconde-los. Percebi logo que ele estava com raiva e provavelmente quando ouviu o nome de James, deixou de ouvir tudo o resto. Dei-lhe a mão para que este se acalmasse e ele lá respondeu à minha mãe.

Enquanto almoçávamos decidi contar à minha mãe o que se passara entre mim e o James. Zayn não ficou confortável com o assunto. Eu também não, mas precisava de contar à minha mãe. Como é óbvio, a minha mãe não ia contar nada ao meu pai. Falámos sobre a Rachel e também lhe contei o que se passava com a pobre pequena. A minha mãe ficou de rastos. Culpou-se e disse que não era uma boa mãe por deixar isto acontecer a uma das filhas. Se para mim custou imenso saber pelo que a minha irmã passava, imagino o quão a minha mãe está a sofrer neste momento. Uma rapariga tão carinhosa e amorosa não merecia passar por algo tão mau. Sinceramente nunca percebi muito bem o porquê de certas raparigas se auto mutilarem, achava um pouco estranho e chego a dizer ridículo. Mas agora arrependo-me por alguma vez ter julgado essas raparigas que o fazem. Agora eu entendo o quanto elas sofrem. Não gostava de estar no lugar delas. Ver a minha irmã a entrar no desespero bastou-me para abrir os olhos e ver que isto não é uma simples brincadeira. Aqueles que fazem com que os outros se sintam mal, deviam presenciar algo assim tão mau para ver se caíam na realidade. Só temos uma vida e quando se chega ao ponto de querer acabar com ela por causa de uma ou duas pessoas, é algo em que realmente se deve pensar. Valerá mesmo a pena acabar com algo tão precioso como a vida? Ou melhor, valerá a pena suscitar o desejo de morte nas outras pessoas? Valerá a pena ver alguém mal por nossa causa? Na minha opinião, a resposta é não. Gostava que me explicassem o prazer de chegar a casa e saber que alguém está a chorar por nossa causa. Porque lhe criámos dor. Mas que gozo é que isso dá?

- Kim estás bem? - Zayn pergunta enquanto me dá a mão por baixo da mesa

Noto que estou a chorar, pois uma lágrima cai-me pelo rosto fora.

- Sim está tudo bem. - limito-me a responder

- Filha, estás-me a deixar preocupada.

- Custa-me saber que a minha irmã quis acabar com a vida. Custa-me saber que escondeu essa vontade de todos durante muito tempo. Custa-me saber que não fui capaz de descobrir logo sem ser ela a contar-me. Custa-me saber que ela finge todos os dias que está bem quando não está. Ainda bem que a ajudámos. Ao menos não foi tarde demais.

- Amor, nunca é tarde de mais...

- É Zayn. Era tarde se ela tivesse morrido por causa destas brincadeiras que agora estão na moda de fazerem mal uns aos outros, e eu não ter ajudado. Aí sim, iria ser tarde demais.

***

- Estás melhor? - Zayn pergunta enquanto se senta ao meu lado no sofá

- Sim estou. Eu sei que preocupei a minha mãe mas eu depois falo com ela.

- Eu também fiquei preocupado Kim. Nunca te tinha visto tão sensível, tão vulnerável. Mesmo quando eu te... - fez uma pausa - Mesmo quando eu...

- Não interessa. - interrompo - Já passou.

- Tudo bem. É verdade, já falaste com a Jill?

- Não... Sinceramente nunca mais me lembrei. Vou ligar-lhe e combinar algo com ela já que de outra vez ela não me atendeu mais o telefone.

Pego no telemóvel, procuro "Jill" na lista telefónica e clico na opção ligar. Ouço quatro sinais de chamada e logo de seguida ouço a sua voz.

"Kimberly, olá."

"Olá Jill, dá para falar?"

"Sim claro, precisas de algo?"

"Preciso de me encontrar contigo, achas que dá?"

"Agora?"

"Sim, agora."

"Onde?"

"Onde tu quiseres. Posso-te ir buscar a casa se quiseres."

"Kimberly, está tudo bem?"

"Não, preciso de falar contigo. Preciso de uma amiga. És a única pessoa que eu tenho mais perto de ser minha amiga."

"Podemos ficar aqui por casa, é mais confortável. Sabes onde fica?"

"Mais ou menos, mas manda-me uma mensagem com a morada, por favor."

"Claro. Até já."

"Até já Jill."

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Muito suspanse....

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Nothing Could Be Worst (Zayn Malik FanFic) *TERMINADA*Onde histórias criam vida. Descubra agora