Capítulo 8

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Isto não pode ser o meu fim. Não vou desistir de sair daqui.

   Mexo-me tanto que consigo que uma das cordas fique larga. Consigo soltar uma mão… Agora tudo será mais fácil… Quando finalmente me consigo soltar por completo, corro para a porta do quarto mas penso que é melhor esperar um pouco para não fazer muito barulho.

   Conforme me dirijo novamente à cama para pensar numa maneira de sair dali, olho para o espelho que estava à frente da cama. Um espelho comprido, colocado na parede. A imagem que ali se refletia não podia ser real. A minha cara encontrava-se deformada, cheia de hematomas, os meus lábios inchados, manchas de sangue por toda a roupa. Aquela pessoa que estava no espelho não era eu… Não podia ser eu.

   Agarro nos perfumes e atiro com tudo contra o vidro… Aquela imagem não era real. Não podia ser real!

- Não sou eu aí! Não sou!

  O espelho ficou todo partido, tudo o que tinha no quarto que desse para atirar, eu atirei contra aquele espelho.

  De alguns pedaços que restavam do espelho, pego num pedaço de vidro, de um tamanho que desse para cobri-lo apenas com a minha mão. É agora, eu tenho de sair daqui. Abro a porta do quarto e ele vem na minha direção. Entra no quarto e fecha a porta atrás de si. Eu começo a tremer, na minha cabeça existia uma tremenda confusão de pensamentos… O que será que ele me vai fazer agora? A mão que continha o vidro cada vez tremia mais… Ele aproxima-se e repara que tenho o vidro na mão. A minha mão fecha-se cada vez mais e sinto uma dor. Ele olha para a minha mão com um ar de preocupação e eu olho para a minha mão também, e esta encontrava-se cheia de sangue. Já não aguento mais… Estou a perder muito sangue desde aquele golpe no braço… Os meus olhos fecham-se lentamente e caio sobre a cama.

   Acordo e parecia que tudo não tinha passado de um sonho, o quarto estava arrumado, não havia sangue, era de madrugada e eu estava deitada na minha cama… Mas, falta o meu espelho… Afinal isto é real… Tenho de me levantar para puder ver o que se passa… AU! O meu braço… Estou cheia de ligaduras… Mas… Mas ele tratou de mim? Como é que… Já não entendo nada. Consigo arranjar algumas forças e lá me levanto da cama. Estou um pouco tonta mas com todo o sangue que perdi acho que é normal. Abro a porta do quarto e vou até à sala. Ele estava ali, sentado no sofá a ver televisão…

- Estás melhor? – pergunta com um tom de voz preocupado.

- Desculpa? Sai daqui! Tu espancaste-me! Sai da minha casa! Se me querias matar, matavas logo! Estúpido! Sai daqui, já disse!

  Ele vem ter comigo novamente. Não posso permitir que ele faça o que quiser comigo como tem feito das outras vezes. Controlo toda a minha raiva e adrenalina e quando ele está próximo o suficiente de mim, não hesito em dar-lhe uma joelhada na barriga. O meu braço podia estar mal mas as minhas pernas estavam bastante bem.

   Corro até à porta de casa mas esta encontrava-se trancada. Mas afinal, o que é que ele quer? Vou à cozinha e pego na primeira coisa que me vem à mão, o saleiro, e parto a janela. Saí por lá e não penso em mais nada senão em correr.

   Estava eu no meio da floresta… Tudo parecia igual, não me conseguia orientar. As minhas pernas já estão a tremer de correr tanto, já me sinto fraca. Preciso de ajuda, preciso de alguém… Mas, eu não sei onde estou. Estou perdida. Mas eu conheço o caminho, faço-o todos os dias. Pois, mas a diferença é que percorro a floresta de carro, não a pé… Será assim tão diferente? Com toda a pressa de me conseguir afastar de casa nem vi por onde ia… Como é que agora vou sair daqui… Nem o telemóvel trouxe! Oh, na floresta também não tinha rede. Aqui não passa ninguém, é quase um deserto em relação a pessoas, daí, a ter escolhido este lugar para viver. Não há confusão.

   Um foco de luz aparece entre as árvores… Serão guardas florestais? Nunca vi nenhum por estes lados. Quer dizer, eu já não sei onde estou… Posso estar perto de casa ou posso estar bastante longe. Espero que toda esta correria não tenha sido em vão.

O foco de luz cada vez fica mais forte, não sei se é ele mas decidi continuar a correr. Enquanto corro olho para trás e o foco de luz continuava. Cada vez mais forte. Cada vez mais perto. Olhei para trás mais uma vez mas o foco de luz desaparecera. Conforme olho novamente para a frente tropeço numa pedra e caio. Acho que torci o pé, pois está a doer bastante. Mas não posso ficar ali no chão à espera que alguém me venha ajudar. Tiro o casaco e amarro-o no pé de modo a mantê-lo direito. Consigo levantar-me, com algum esforço, mas quando começo a andar aparece-me um carro à frente. Se estivesse a correr, era atropelada naquele momento. Já me chega o que se passou, não preciso de mais dramas.

  Alguém sai do carro mas não consigo ver quem era porque os faróis do carro encadeavam-me e não via nada. Apenas ouço passos naquela terra batida. Passos familiares. Vou novamente começar a correr mas agarram-me no braço.

- Onde é que pensas que vais?

- Deixa-me! Vai-te embora! Não percebo o que é que tu queres! Primeiro bates-me mas depois tratas de mim a noite inteira? Isso não é de gente boa da cabeça, tu deves ter algum problema. Vai-te embora e deixa-me estar aqui.

- Tu estás perdida, e ninguém te vai encontrar. Ninguém conhece esta floresta tão bem como eu.

- O quê?

- Deixa-te de conversas e entra no carro.

- Não vou a lado nenhum. Vai-te embora.

  Tento com que ele me largue o braço mas é escusado. A sua mão era forte e bastante firme. Agarrava o meu braço de tal maneira que quase não o conseguia mexer. Se tentasse utilizar o outro braço para fugir, seria uma tentativa falhada. Não tenho força naquele braço cheio de ligaduras que me causava dores enormes.

   Ele agarra em mim pela cintura e põe-me dentro do carro.

-Deixa-me! Larga-me! Tira-me daqui!

   Ele tranca as portas do carro e liga-o.

- Será que não te calas um minuto? Durante estes dois meses que te vejo não falavas tanto!

- Olha lá, mas tu tratas-me mal, fazes marcas no meu corpo, – aponto para o braço com ligaduras – e queres que fique calada como se te adorasse? Espera… Tu andas-me a seguir?

- Sim, eu segui-te durante dois meses. Não sei se te lembras de mim.

- Lembrar-me de ti? Mas já estivemos juntos?

- Não te lembras quando estavas em direto e estavas a entrevistar pessoas e uma delas foi muito antipática? Era eu… Mas agora cala-te, já estou cansado de te ouvir a fazer tantas perguntas. Ah, e desculpa por aquilo que te fiz.

- Agora és um rapazinho sensível e arrependido? Matas outras raparigas e logo eu, EU, tinha de ser diferente, só porque digo para me matares logo. Poupa-me. Vou fazer queixa de ti.

- Deves pensar que és a melhor do mundo.

- E tu deves pensar que me metes medo.

   Silêncio completo. Não disse nada, porque não o queria irritar ainda mais. Não sei o que vai na cabeça dele. Enquanto ele conduzia, reparei no seu rosto de perfil. A linha perfeita. O seu cabelo era escuro, os seus olhos não eram pretos mas sim castanhos-claros que por vezes eram esverdeados. Os seus lábios juntos a fazerem uma única linha… Uma linha também perfeita. Gostava de saber os seus segredos… Será que os tem? Óbvio que tem… Se não tivesse não andava por aí a matar raparigas. Mas porque faz isso? Como será que foi o seu passado para o levar a cometer estas crueldades? Dava-lhe gosto ouvir as raparigas a pedirem para viver?

   O carro parou. Ele desliga-o e tira as chaves. Apenas olha-me nos olhos e destranca as portas.

Nothing Could Be Worst (Zayn Malik FanFic) *TERMINADA*Onde histórias criam vida. Descubra agora