Cada louco com sua mania - Capítulo 16.

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Continuação do Capítulo 1...

(Cerca de vinte dias depois)

- Bom dia senhor James... - uma mulher de branco entra no quarto sem janelas do paciente e o encontra sentado na beirada da cama, olhando para a parede pintada também de branco a sua frente, estático, sem sequer piscar. - Como se sente hoje? Teve uma boa noite de sono? - certificando-se de que ele está calmo, faz um sinal para o vigia que segura um cacetete e uma arma de choque, que havia entrado consigo por uma questão de proteção, para sair do cômodo, e ele fecha a porta sem trancar e se mantém a posto do lado de fora para casos de emergência. Alguns têm que usar até camisa de força para serem controlados, no entanto, James, parece ser o mais pacífico deles, não imaginando o que se passa na mente insana do antigo doutor. Aproxima-se dele e estende a bandeja em cima da maca simples com um colchão não muito confortável. - Hora dos seus medicamentos... - anuncia suspendendo um copinho de plástico cheio de remédios acima de 2.000 miligramas em cada um. É incrível como ele ainda consegue lutar contra os efeitos da alta dosagem. Porém, sente que não irá durar por muito tempo sóbrio.

James continua em silêncio e toma cinco comprimidos de uma única vez sem contestar.

- Vejo que você não acordou de bom humor hoje - sorri insinuativa. - É uma pena que um homem tão bonito e viril tenha vindo parar num lugar como este... - meneia a cabeça indignada e sai andando tranquilamente.

Assim que ele tem certeza que a mulher se foi definitivamente, olha para a câmera presa no teto que monitora todos seus passos. Pisca. Quinze minutos se passam e o carcereiro abre a porta novamente.

- Vamos, hora do seu desjejum... - e o pega pelo braço raivosamente guiando-o até o refeitório onde há inúmeros pacientes com problemas psiquiátricos, porém, uma minoria mais violenta não tem acesso ao convívio social entre os prisioneiros e a equipe de profissionais. Ele suspira fundo. Olha mais uma vez, disfarçadamente, tem câmeras espalhadas para todo lado e em cada canto do mausoléu. É impossível burlar a segurança e a última vez que tentou subornar um vigia e uma enfermeira, ele foi severamente repreendido. Não contava que ali seria mil vezes pior que na prisão. Lá, ele pelo menos tinha liberdade de agir, ir e vir, e não precisava tomar aquela porção de remédios que o deixa praticamente cada vez mais fora da realidade, sem falar nos procedimentos inteiramente ilegais de que é vítima e a obediência obrigatória. Se não fosse para manter as aparências perante a justiça, os médicos já teriam dissecado seu cérebro genial. Eles fazem inúmeros testes e a maioria deles são brutais. Sua cabeça raspada está repleta de hematomas. A gororoba é servida e ele come sem esboçar nenhuma reação. No início ele até torcia os lábios, enjoava, vomitava e fazia careta, mas com o passar dos dias percebeu que quanto mais reagisse, mas eles o maltratavam. Começou a se comportar de maneira passiva para ganhar confiança e silenciosamente, tenta bolar algum plano para fugir dali nem que demore meses para concretizá-lo. Olha de esguelha para o bando de malucos e remexe o nariz, irritado. Não é como eles. Não merece estar ali como uma cobaia humana nas mãos de psiquiatras ainda mais desequilibrados que os próprios pacientes. Revira os olhos cansado da rotina maçante de nada para fazer e os mesmos indivíduos fazendo escândalo e sendo contidos com armas de choque. Os vigias parecem se divertirem com isso. Aproveitam para descontar a ira e as frustrações da vida pessoal neles. Por isso ficavam em celas separadas e nos quartos não havia nada que pudessem usar para se ferirem ou aos funcionários da clínica.

Logo é arrastado para o pátio para o banho de sol da manhã e analisa mais uma vez o local cercado por uma segurança impenetrável. Ali estão hospitalizados os criminosos mais perigosos do Estado que foram diagnosticados com deficiências mentais gravíssimas que os impossibilitam de voltarem a viverem em sociedade porque representam um risco tremendo para as pessoas por causa de um comportamento bárbaro, embora totalmente discreto, por isso é difícil saber de suas existências até que seus crimes comecem a vir à tona.

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