Presa a Ti

Apogeu

(Geórgia)

Nossa prisão preventiva foi decretada devido às controvérsias nos interrogatórios, e quando digo " nossa" me refiro à mim, a Alexia, a Brenda e até mesmo Lilith. Afinal, já sabemos que o caso de James é bem mais complexo. Pelo que fiquei sabendo, assim que o governo soube que ele foi capturado em outro país, não demorou para que interferissem e viessem fazer a segurança dele pessoalmente, visto que ainda continua no hospital porque seu estado de saúde é preocupante, e assim que se recuperar o suficiente para conseguir suportar a turbulência de uma viagem será deportado para cumprir sua pena que se agravou com um envolvimento inexistente com o tráfico de pessoas. Mas é claro que o governo ia usar isso contra ele e a favor deles para se tornarem seus donos por tempo indeterminado. Uma verdadeira prisão perpétua, só que sabemos qual é a intenção real por trás dessa fachada de hipocrisia. Deus, não se pode confiar nem mesmo nas autoridades que representam nossos interesses e necessidades! Estamos encurralados num labirinto e os amigos e as pessoas confiáveis podemos contar nos dedos, no meu caso com exceção do meu braço amputado, é claro. Pelo menos isto tudo me serviu para comprender que com certeza são as circunstâncias que fazem as pessoas.

Sorrio mentalmente de mim mesma. Me admiro imensamente por ainda conseguir manter o bom humor num momento trágico como este.

Lilith foi a primeira de nós a ser liberada, uma vez que sendo detetive possui a síndrome do distintivo e os sintomas agudos são os privilégios e as regalias, e será julgada pela política interna do Departamento Federal de Investigação dos EUA por agir fora do seu domínio de atuação. Mulher guerreira esta que terá minha admiração eterna por arriscar a própria vida e a carreira próspera para vir nos apoiar num terreno desconhecido. Algo me diz que ela tem motivos muito fortes para ter tomado essa decisão inconsequente. O que tem na carta que Duarte deixou para ela? Eu não faço a mínima ideia e sinceramente, apesar de regar uma curiosidade natural do instinto humano, não me diz respeito, caso contrário, Duarte teria me contado. Saberei na hora certa. Porém, está óbvio que se trata de uma questão pessoal que abalou as estruturas da policial. Assim que ela deixa a cela, escoltada por dois policiais russos, passa pela minha que está no caminho e me lança um olhar e um sorriso de reconhecimento, devolvo a mesma expressão e pelas grades a vejo sumir da minha vista.

Passar vários dias trancada numa cela em outra pátria com uma cultura e uma língua diferente não tem me abalado em nada. Levando em consideração que já tive uma experiência assim no astral. Nada é em vão, não é mesmo?! Não estou nervosa nem arrependida, muito menos com medo do futuro que me aguarda. Já não posso dizer o mesmo de Alexia, mas não por ela, ou por mim, e nós, mas por Victória. Se formos condenadas ela terá que crescer longe de nós duas. Pelo menos ela está com Dona Missouri e pode ir morar com um de nossos familiares. Diana é a mais indicada já que é madrinha da nossa filha e lhe concede o mesmo amor, respeito e dedicação que nós.

Respiro fundo pensando na minha luta sangrenta com Bóris. Todos nós fizemos nossas próprias escolhas, e agora temos que lidar com as consequências.

- Ainda não consigo acreditar que você abriu mão da luz que conquistou para vingar a morte do Duarte... - Greg surge na cela meneando a cabeça negativamente encostado na parede pedregosa.

Cruzo os braços e pendo a cabeça na parede fechando os olhos, sentada na cama desconfortável.

- O que você queria que eu fizesse? Deixasse o Bóris escapar?

- Não precisava tê-lo matado com tanta violência... O destino dele era ser preso! A polícia iria capturá-lo logo depois.

- E prisão resolve alguma coisa? Ele seria solto com a ajuda de algum corrupto! Não foi assim com nossa mãe? - bufo revoltada.