A um passo da loucura ou da sanidade total - Capítulo 28.

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( Geórgia)

Alexia me encara com seriedade uma última vez e em seguida se desmancha em intensas gargalhadas. Mas... O quê?! Que porra é essa? Pisco incrédula. Olá, onde está o motivo do riso aqui? Não há nada para rir. Quando finalmente consigo tomar coragem para contar a verdade, ela simplesmente debocha de mim?

- Geórgia... desculpe - pede gaguejando, tentando controlar as risadas, secando os cantos dos olhos. Ela literalmente chorou de tanto que riu. - Sua situação é mais séria do que imaginei.

- Como? - investigo completamente descrente e perdida.

- Pensa que não sei? - arqueio as sobrancelhas curiosa e ela prossegue: - Você parou de tomar seus remédios e enlouqueceu de vez! Está paranoica, louca, esquizofrênica, inventou tudo isso!... Ou melhor... Tudo isso só existe na sua mente, meu bem - Alexia estende a mão na direção do meu rosto para acariciá-lo demonstrando condolência com um estado de saúde mental desequilibrado que sequer existe e minha reação é a de me esquivar e me levantar me sentindo profundamente magoada. Não esperava que ela pensasse que eu fiquei maluca! Ela também se levanta e para na minha frente. - É por isso que liguei para sua médica... - conta querendo me tocar mas não deixo. Pareço um animal arisco e desconfiado. Ela só pode estar zombando de mim.

- O quê? Como assim? Do quê você está falando? - ela olha para a porta e de repente uma equipe composta de dois enfermeiros altos e musculosos entram acompanhados de uma psiquiatra que eu nunca vi na minha vida. Definitivamente, essa não é minha terapeuta! Não conheço essas pessoas... Não estou reconhecendo a minha própria mulher! Olho para o lado e Vicky não está mais no tapete brincando com Turmalino. Nem mesmo nosso gato está mais aqui.

- Por favor, Geórgia! Não reaja. É para seu bem - Alexia implora com um tom paciente.

- Do quê está falando? - os enfermeiros se aproximam e cada um deles pega num lado dos meus braços. - Me soltem seus malditos! O que estão fazendo?! Eu não estou louca! Não estou!

- Eles vão cuidar de você agora. Mas é só por um tempo. Então se acalma. Você precisa de um descanso. Você não está bem, Geórgia - minha esposa insiste e eu me irrito cada vez mais. Me desvencilho dos brutamontes e tento fugir correndo mas um terceiro surge na porta e injeta uma injeção com um líquido desconhecido para mim bem no meu pescoço. Perco as forças imediatamente e antes que caia no chão me vejo deitada numa maca com as mãos e os pés atados.

- Alexia! Alexia! O que está acontecendo? - grito desesperada e sou levada para fora da casa. Avisto Diana ao lado dela, abraçando-a com uma estranha intimidade e Vicky segurando a mão da minha irmã como se formassem uma perfeita família sem mim. Um retrato que eu me recuso a continuar olhando. Elas caminham até a ambulância que está estacionada em frente a nossa garagem e me observa sendo colocada dentro sorrindo como se estivessem se livrando de um peso inútil e pudessem finalmente serem felizes sem mim. Continuo protestando inconformada e vejo Brenda cortando a grama com uma tesoura grande sussurrando palavras horrendas como: "Vou cortar a cabeça da sua filha!". Me debato na maca e berro desesperadamente. - Pelo amor de Deus! Eu tenho que salvar minha filha! Me libertem! Me deixem ir! Alexiaaaaa!!! Por que está fazendo isso comigo? Por quê? Meu Deus! Me ajude! Alguém! Socorrooo! - em seguida um dos enfermeiros põe uma mordaça em mim para impedir que eu continue falando e eu não paro de me remexer, ferindo meus pulsos e meus tornozelos com os cintos fortemente amarrados.

Chego na clínica babando de tanto que urrei e sou abandonada numa cela sem portas e janelas com uma camisa de força e ainda com a mordaça. Olho para os lados com os olhos arregalados e percebo que não há cama, banheiro, nem nada. Só eu, as paredes e meus pensamentos. Meu coração está acelerado. Respiro medo e confusão. Não entendo o que está acontecendo.

Presa a TiOnde histórias criam vida. Descubra agora