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Ele saiu da porta do meu quarto me deixando sozinha, com certeza iria tomar seu banho e sair pra compra qualquer outra droga e com isso eu ganharia 2 horas para arrumar minhas coisas e dar o fora daqui.
Com o tempo aprendi a não deixar dinheiro dentro de casa, pois ele sempre dava um jeito de entrar no meu quarto e pegar, já passei fome por causa dele. E com isso aprendi, não comprava nada de valioso. Aliás eu não podia ter nada, nada que ele dava um jeito de vender.

Eu tinha poucas roupas e nenhumas de marca, pois sabia que o mesmo se descobrisse iria vender pra qualquer um que pudesse comprar.

Mensagem

Enviada: Amiga, eu preciso muito da sua ajuda.
Resposta: O que aconteceu? Oque ele fez?

Uma das coisas boas que me aconteceu de verdade foi eu ter arrumado esse emprego e a Gisele está na minha vida. Já passei muito sufoco que no caso foi ela quem me ajudou.

Enviada: Tem algum canto para mim alugar? Eu preciso sair desse inferno. Não dá mais pra mim viver aqui amiga.

Logo a resposta veio, ela disse que eu poderia ficar na casa dela até encontrar um local para morar.
Chamei um Uber e logo chegou, coloquei todas as minhas malas dentro e verifiquei se não estava faltando nada, procurei alguma coisa no quarto do "amado" do meu pai. Porém não encontrei nada.

2 Semanas  depois

Muita coisa aconteceu desde que cheguei a favela onde a Gi mora, primeiro de mais nada. Soube que o velho estava atrás de mim igual o diabo pois estava cheio de dívidas na boca. Mas é aquilo né, foi o tempo que eu me preocupava com ele e chorava em relação a isso, ainda mais depois de tudo o que ele me disse e me fez passar. Eu que não ia ficar sofrendo e chorando igual uma idiota.

Segundo, meu trabalho estava maravilhoso, graças a Deus as coisas tem dado certo. Meu patrão abriu uma filial aqui perto da onde moramos e eu e a Gisele estamos cuidando de tudo. Sim, meus amores. Estamos trabalhando perto de casa. Anos de esforços valeu foi muito a pena.

 

Não vou dizer que minha vida está uma maravilha, pois tudo o que eu mais amei na vida foi me tirado. Nunca imaginei que não fosse filha daquele homem, a verdade é que eu queria entender o porquê de sempre ter sido tratada mal e ele me deu os motivos dele. Apesar de nunca ter sido uma péssima filha.

— Vamos minha filha, hoje é sexta, vai ter um pagode na praça — Gisele disse e eu revirei os olhos. — Nem adianta fazer essa cara pra mim não querida. Você vai sim, desde que chegou aqui tu não saiu de casa. Vamos, conhecer pessoas novas. Tirar a teia de aranha que tem aí.

— Ih, me erra em. — Dei risada. — Eu vou, mas eu vou por que eu quero em. Não por que tu tá enchendo minha cabeça. — Dei língua para ela e ela dei risada.

Estávamos na loja que era na entrada da favela.  Não é bem um morro, mas tem bastante subidas e particularmente amo morar onde estou, desde que vim morar aqui não vi o verme do meu pai.

— Boa tarde — Disse cumprimentando uma mona que entrou na loja, ela era bonita. Mas tinha uma cara de insuportável, me mediu dos pés a cabeça e me ignorou de verdade.

— Oh Gi — Foi até minha amiga e começou conversar com ela e eu me segurei pra não socar a cara da vagabunda — Então amiga, se pode pegar aquele vestidinho pra mim? — Disse olhando para minha amiga e me ignorando. Voltei pra trás do balcão, já que ela não queria ser atendida por mim, não seria eu que faria questão não é mesmo.

— Claro que pego Fabi — Gisele foi pegar o vestido e eu fiquei conferindo os pedidos que havia para entrega pelo celular.

— Não sei como o dono dessa loja contrata gente assim — Ela falou com a amiga dela e eu respirei fundo para  não perder meu controle e perder total o meu direito né. Já sabia que ela estava fazendo isso para me provocar e eu não ia cair no papo dela.

— Ah Fabi, pelo amor. — A menina que estava com ela disse e eu voltei a minha atenção para o celular. Comecei a assinar alguns papéis.

— Oh florzinha, tem como você pegar um pouco d'água para mim? — Ela falou debochada para mim e eu rir.

— Só um momento flor. — Disse ainda olhando meus papéis.

— Ah vou ser obrigada a falar com o gerente dessa loja, já que estamos sendo mal atendida. — Assim que ela disse, meu chefe chegou e ficou olhando da porta. — Anda flor, vai pegar a água. Eu sou cliente nessa porra. — Ela gesticulou com a mão e eu levantei uma sobrancelha olhando bem para cara dela.

— Boa tarde. — A bicha gelou quando ouviu a voz atrás dela — Está tendo algum problema aqui Nat?

— Que nada André — Sorri. — Ou estamos? — Perguntei para as meninas a minha frente.

Espada de Sangue. Onde histórias criam vida. Descubra agora